Medicamentos biológicos são nova aposta no tratamento da dermatite atópica

Novas pesquisas na área de medicamentos biológicos, agentes produzidos a partir de células vivas modificadas com o uso da tecnologia, criaram uma benéfica estratégia para o tratamento da dermatite atópica – um dos tipos mais comuns de dermatite e que está entre os principais motivos pelos quais os pacientes visitam um dermatologista. “A dermatite atópica é uma doença crônica e sem cura que causa inflamação na pele, resultando em lesões avermelhadas que apresentam crostas, coçam e descamam”, explica a dermatologista Dra. Valéria Marcondes, membro da Sociedade Brasileira de Dermatologia e da American Academy of Dermatology (AAD). A novidade foi apresentada no Congresso Americano de Dermatologia, realizado em fevereiro nos Estados Unidos e é um grande avanço na medida em que esse tipo de medicamento é muito mais preciso que as drogas convencionais. “Uma injeção subcutânea do princípio ativo Dupilumabe já foi aprovada pela FDA e pela Anvisa para o tratamento da dermatite atópica. O remédio inibe o principal mecanismo inflamatório da doença, impedindo que o paciente desenvolva lesões e coceira na pele, além de ter um tempo de resposta mais rápido”, destaca a especialista. “Este novo medicamento marca a entrada da doença na era biológica, com mais agentes já em desenvolvimento.”

De acordo com a médica, outros medicamentos capazes de inibir enzimas que apresentam grande atividade nas células atópicas também já estão a caminho. É o caso do Crisaborole, o primeiro inibidor da PDE-4 para dermatite atópica. O medicamento demonstrou melhora dramática na qualidade de vida de pacientes adultos e pediátricos e agora está sendo estudado em crianças menores de 2 anos. “De 2001 a 2016 não houve novos remédios para a dermatite atópica. Agora há uma explosão de novas terapias e agentes, o que indica um futuro promissor para o tratamento da doença”, afirma.

Entenda a dermatite atópica – Acometendo cerca de 20% das crianças e até 3% dos adultos, a incidência da doença vem aumentando gradativamente, principalmente em regiões urbanas, chegando a atingir 20% da população. Porém, a causa exata da condição ainda é desconhecida. “Especialistas acreditam que a causa da dermatite atópica esteja ligada a fatores como hereditariedade e doenças da mesma família genética, como asma e rinite alérgica. Além disso, outros fatores como disfunções do sistema imunológico e o ressecamento da pele também podem estar relacionados ao aparecimento da doença”, completa a dermatologista.

Segundo a Dra. Valéria, as lesões causadas pela dermatite atópica aparecem em regiões como rosto, pescoço, cotovelos, mãos, joelhos e pés e, geralmente, estão acompanhadas de inchaço, vermelhidão e coceira. Além disso, devido a aparência, a doença pode abalar psicologicamente o indivíduo. “Podem ocorrer intervalos de meses ou anos entre as crises. Por isso, seu tratamento consiste no controle da coceira, redução da inflamação da pele e prevenção de novas crises através do uso de hidratantes, cremes com corticoides e anti-histamínicos orais”, explica. É importante também fortalecer a barreira da pele, evitando o contato com substâncias alergênicas como pólen, poeira, areia e produtos de limpeza, além de realizar consultas regulares com um dermatologista.

Fonte: Dra. Valéria Marcondes – Dermatologista da Clínica de Dermatologia Valéria Marcondes, membro da Sociedade Brasileira de Dermatologia com título de especialista e da Academia Americana de Dermatologia. Foi fundadora e é membro da Sociedade de Laser. www.valeriamarcondes.com.br

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