Mortes por choques elétricos aumentam no Brasil

Os acidentes de origem elétrica aumentaram em todo o Brasil, segundo o anuário divulgado pela Abracopel – Associação Brasileira de Conscientização para os Perigos da Eletricidade. Foram 1.387 ocorrências registradas em 2017, sendo 702 fatais.

A maioria das mortes aconteceu devido a choques elétricos: foram 627 casos. São 28 mortes a mais que as 599 registradas no ano de 2016. O relatório aponta também 45 casos fatais em 2017 ocasionados por acidentes envolvendo raios e 30 em incêndios originados por curto circuito.

Os índices apresentados são os mais altos já registrados nos últimos cinco anos. Em 2013 foram 1.038 acidentes envolvendo eletricidade, número 33,6% menor que em 2017 com seus 1.387 casos.

O relatório aponta como as principais causas dos incidentes, a falta de qualidade nas instalações elétricas e de conscientização da população sobre os perigos que a eletricidade apresenta.

“O descaso e a falta de conhecimento sobre os riscos que a eletricidade apresenta são os maiores vilões neste contexto. O nosso país é o país do jeitinho, das gambiarras. E estas instalações com pouca qualidade, que não garantem a segurança necessária, levam a estes acidentes”, afirma o Engenheiro Eletricista Fábio Amaral, diretor da Engerey Painéis Elétricos.

O nordeste continua sendo a região com o maior número de acidentes, apesar de não ser a com a maior população, somando estes 287 ou 46% das mortes por choques. A Bahia lidera o ranking regional com 57 casos fatais, seguido do estado de Pernambuco com 51 e Ceará com 42 mortes.

Ainda por regiões, o sudeste segue com 125 mortes (20%), o Sul com 98 (16%), o Centro Oeste com 65 (10%) e o Norte com 52 (8%).

No sudeste, o estado com maior índice é São Paulo com 61 casos fatais decorrentes de choques elétricos. No sul, o Rio Grande do Sul fica em primeiro com o registro de 37 mortes, seguido de Santa Catarina com 31 e Paraná com 30.

Origem dos choques elétricos

A maioria dos choques elétricos acontece em residências, sejam estas casas, sítios, fazendas, ou apartamentos. Foram 218 casos registrados em 2017. Logo em seguida vem os registrados na rede de distribuição com 181.

Cerca de 50% das vítimas estão entre a faixa etária de 21 a 40 anos, com 314 casos. A falta de informação e o desconhecimento dos riscos faz com que estes jovens se arrisquem e acabem sofrendo acidentes, muitas vezes fatais.

O estudo apontou ainda um aumento de choques fatais em crianças de 0 a 5 anos em 2017, em comparação com 2016. Constam 66 mortes no ano passado contra 52 do ano anterior, sendo as maiores causas: tomadas sem proteção, fios desencapados, extensões, fuga de corrente em eletrodomésticos (como geladeira, ventiladores e máquinas de lavar).

“Para se ter uma ideia do descaso com a eletricidade, desde 2012 é obrigatório o uso do DR – Dispositivo Residual em todos os quadros elétricos, sendo este capaz de evitar 100% dos choques. Ele interrompe a corrente elétrica que provoca o choque após reconhecer que por determinada fiação está vazando um percentual de corrente elétrica diferente do habitual, como no caso de uma criança colocando uma chave na tomada. Contudo uma pesquisa mostrou que apenas 21% das residências no país possuem este dispositivo instalado”, afirma Fábio Amaral.

Entre jovens de 16 a 18 anos houve aumento também: de 38 mortes em 2016 para 40 em 2017, estão entre as causas: resgates de pipas, cercas clandestinas, contato com postes e grades e carregadores de celular.

Incêndios por curtos circuitos

Em relação aos incêndios gerados por curtos circuitos, o relatório da Abracopel apontou 451 ocorrências com 30 mortes em 2017.

O Nordeste e Sudeste são as regiões que mais ocorrem incêndios por esta causa, ambos com 114 casos, sendo que o primeiro registrou 5 mortes e o segundo 4. O Sul está atrás com 97 ocorrências, sendo destas 11 mortes; o Centro Oeste com 70, incluindo 5 mortes e o Norte com 56 e também 5 mortes.

O Paraná é o estado brasileiro que mais registra mortes em incêndios originados por curtos circuitos. Foram 6 mortes em 2017 em 51 ocorrências.

A maioria dos incêndios ocorre em casas ou em comércios de pequeno porte no Brasil, sendo 181 e 135 respectivamente.

O Engenheiro Eletricista Fábio Amaral dá 08 dicas práticas para evitar acidentes de origem elétrica em casa:

  1. Para ficar despreocupado e evitar quase 100% dos acidentes elétricos é indicada a instalação do DR no quadro elétrico: um dispositivo simples e bem acessível que interrompe a corrente elétrica que provoca o choque. É importante lembrar que o DR também protege as residências contra incêndios, que são ocasionados na maioria dos casos por curtos circuitos;
  2. Caso a instalação do DR mencionado acima não seja possível, evite tocar em eletrodomésticos após um religamento ocasionado por um “apagão”, por exemplo;
  3. Ao manusear equipamentos eletrônicos, esteja calçado. A sola de borracha não evita choques mais intensos, mas é um cuidado a mais que pode interromper os de pouca intensidade;
  4. Os aparelhos eletrônicos devem ficar afastados da pia, chuveiro ou banheira porque, se caírem na água, podem sofrer uma pane elétrica e dar um choque em quem estiver usando;
  5. Não fale com o celular conectado à tomada;
  6. Não toque no chuveiro quando este estiver ligado;
  7. Faça a manutenção da instalação elétrica de sua casa a cada 10 anos, no máximo;
  8.  Em caso de uma tempestade de raios, fique longe de metais e aparelhos elétricos.

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