Quem tem ovário policístico pode engravidar?

Certamente você conhece alguma amiga ou conhecida com Síndrome dos Ovários Policísticos (SOP), distúrbio que afeta o processo normal de ovulação e leva à formação de cistos nos ovários, provocando alterações no ciclo menstrual. E quando se fala em ovário policístico, muitos o associam à infertilidade, já que o problema acomete cerca de 7 a 20% das mulheres em idade fértil.

Mas o que é mito e verdade sobre o assunto? A endocrinologista da Neoclinical e membro da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (SBEM), Camila Luhm, esclareceu as principais dúvidas sobre o tema, e ressaltou que com o tratamento adequado é possível, sim, engravidar. Confira:

1 – Ovário policístico é a mesma coisa que cisto no ovário.
MITO: O ovário policístico é a síndrome que se caracteriza por aumento ovariano, com vários pequenos cistos bilaterais, resultando disfunções hormonais e alteração no ciclo menstrual. Já o cisto ovariano é uma bolsa cheia de líquido que se forma dentro ou ao redor do ovário. Geralmente são benignos e relacionados ao ciclo menstrual, desaparecendo após alguns meses sem necessitar de tratamento. Caso apresente sintomas, como dor pélvica, pode necessitar de tratamento específico.

2 – Menstruação irregular pode ser um dos sintomas do ovário policístico.
Ciclo menstrual irregular é um sintoma da síndrome do ovário policísticoVERDADE: Alteração do ciclo menstrual é um sintoma frequente de SOP, sendo um dos critérios diagnósticos da síndrome. Para se definir o diagnóstico de SOP é preciso que a paciente atenda pelo menos dois de três critérios: alteração menstrual (ciclos irregulares ou ausentes); excesso de androgênios (hormônios masculinos) determinado por alterações clínicas e/ou laboratoriais; alteração ecográfica compatível (presença de microcistos e/ou aumento ovariano).

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3 – Só com o exame laboratorial já é possível identificar a SOP.
MITO: Para o diagnóstico é preciso associar dados da história clínica e sintomas apresentados pela paciente, em combinação com exames de laboratório e de imagem (ecografia).

4 – A SOP contribui para o aumento de cólicas.
Quem tem ovário policístico pode ter mais cólicas
EM PARTES. A cólica não é um sintoma comum da SOP, porém em alguns casos, devido ao aumento de volume ovariano, as cólicas menstruais podem ser mais intensas que o habitual.

5 – Uma das principais causas da SOP é genética, logo, não tem como prevenir.
MITO: A causa exata da síndrome dos ovários policísticos ainda não é totalmente conhecida. Uma das hipóteses é que tenha uma origem genética, pois quando há casos de SOP em parentes próximas como mães e irmãs a chance de desenvolver a doença aumenta. Estudos indicam que a SOP está associada com a resistência à ação da insulina no organismo e o aumento desse hormônio na corrente sanguínea é que provocaria o desequilíbrio hormonal que gera a doença.

Alimentação balanceada ajuda a prevenir a síndrome do ovário policísticoPara prevenir a síndrome dos ovários policísticos é recomendada uma dieta leve e equilibrada, acompanhada de exercícios físicos. Mulheres que estão acima do peso, que têm glicemia, pressão arterial e taxa de colesterol elevadas fazem parte do grupo de risco da doença, por isso precisam se prevenir seguindo uma dieta saudável, praticando exercícios físicos e realizando acompanhamento médico periódico.

6 – Mulher com ovário policístico não pode engravidar.
MITO. Esse é um dos maiores mitos que envolvem essa síndrome. Com tratamento adequado, mulheres com SOP podem, sim, engravidar. Muitas vezes apenas com mudanças no estilo de vida, como dieta saudável e prática regular de exercícios, já podem ser suficientes para melhorar a fertilidade. O uso de anticoncepcionais hormonais, em um primeiro momento do tratamento, poderá ser necessário para regularizar a menstruação. A suspensão do anticoncepcional depois da regularização dos ciclos menstruais aumenta a chance de ovulação e gravidez. O uso da metformina, um medicamento que atua na resistência à insulina, também auxilia e aumenta a possibilidade de ovulação espontânea. Mas, em alguns casos, serão necessários tratamentos específicos como a indução de ovulação ou a fertilização in vitro.

7 – O tratamento hormonal, entre eles os contraceptivos hormonais orais, pode ajudar as mulheres a viverem melhor com a SOP.
Tratamento com anticoncepcionais para a síndrome do ovário policísticoVERDADE. O tratamento hormonal (com anticoncepcionais) ajuda as mulheres a viverem melhor com a SOP, regula os ciclos menstruais e reduz o risco de câncer do endométrio. A pílula melhora os sintomas de aumento de pelos e aparecimento de espinhas. Por isso é importante uma consulta com um endocrinologista, que saberá avaliar e indicar o melhor tratamento do caso.

8 – A SOP costuma engordar.
MITO. O excesso de peso é mais causa que consequência. A síndrome dos ovários policísticos pode ocorrer tanto em mulheres magras quanto em obesas ou com sobrepeso, mas a grande maioria das pacientes com SOP está acima do peso. Além disso, a SOP se associa a um tipo especial de obesidade, aquela que se acumula no abdômen, dita obesidade visceral ou abdominal.

9 – A SOP não tem cura, mas é possível conviver com ela.
VERDADE: Mesmo com todos os tratamentos disponíveis, a síndrome do ovário policístico não pode ser considerada uma doença curável. Isso porque mesmo uma paciente controlada pode voltar a apresentar sintomas assim que interrompe o tratamento ou retorna para grupos de risco, como a obesidade. Dessa forma, é importante diagnosticar a SOP precocemente e prosseguir com o tratamento e acompanhamento da doença durante toda a vida, a fim de evitar complicações decorrentes da doença mal controlada.

Sobre Camila Luhm
Camila Luhm é graduada em Medicina pela Faculdade Evangélica do Paraná (FEPAR), com residência em Clínica Médica pelo Hospital de Clínicas – Universidade Federal do Paraná (UFPR) e residência em Endocrinologia pelo Hospital de Clínicas – Universidade Federal do Paraná (UFPR). Tem mestrado em Medicina Interna pela Universidade Federal do Paraná (UFPR) e possui título de especialista em Endocrinologia e Metabologia pela Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (SBEM). Também é membro da Sociedade Latino-Americana de Tireoide (LATS).

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