Tontura: as doenças do ouvido respondem por pelo menos 50% dos casos

Cerca de 50% dos casos da tontura estão relacionados a doenças de ouvido e outros 40% a doenças neurológicas. Enxaqueca, diabetes, doenças da tireoide, colesterol alto, infecções de ouvido ou do nervo do labirinto, osteoporose, TPM (tensão Pré-menstrual), climatério e AVC (acidente vascular cerebral) são as causas mais frequentes. Segundo estudo epidemiológico populacional com questionários de campo aplicados por meio de entrevistas em domicílio na cidade de São Paulo, estabeleceu-se que a prevalência de tontura é de 42% (Bittar RS, Oiticica J, Bottino MA, Ganança FF, Dimitrov R. Population epidemiological study on the prevalence of dizziness in the city of São Paulo. Braz J Otorhinolaryngol. 2013 Nov-Dec;79(6):688-98. doi: 10.5935/1808-8694.20130127).

A tontura de origem vestibular ocorre em 8,3% da população brasileira. O estudo é do Setor de Otoneurologia do Departamento de Otorrinolaringologia do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP, que conta com a participação da Dra. Jeanne Oiticica como médica assistente.

Sintomas – Mais frequente em idosos, a tontura preocupa os especialistas, principalmente por elevar, significantemente, o risco de quedas, evento mais comum de mortes em pessoas nesta faixa etária.
De acordo com a médica otorrinolaringologista, Dra. Jeanne Oiticica, especialista em Otoneurologia (que trata zumbido, tontura e surdez), a tontura também é mais preocupante a depender dos sintomas associados. A presença de dificuldade na marcha, falta de coordenação e desequilíbrio, dificuldade para falar ou escutar, formigamento, dormência ou paralisia na face (em geral de um lado só), escurecimento da visão ou visão borrada pode indicar comprometimento do sistema nervoso central. No caso de dor de cabeça súbita acompanhada de náuseas, vômitos e vertigem o derrame ou acidente vascular cerebral (AVC) precisa necessariamente ser descartado.

“A tontura deve sempre ser investigada. Pode ser uma coisa simples e de fácil resolução. Entretanto, independentemente do motivo, quando mais cedo se procura ajuda maiores serão as chances de recuperação rápida, e menor será a probabilidade de sequelas, do problema se tornar crônico, persistente e duradouro”, alerta.

A médica explica também que, ao contrário do que muitos pacientes imaginam, a tontura nem sempre está relacionada à labirintite. “A labirintite era bem mais frequente no passado, pela elevada incidência e prevalência de infecção de ouvido, cujas toxinas muitas vezes progrediam e acometiam o labirinto. Hoje em dia, com a evolução em pesquisas científicas e o surgimento dos antibióticos de última geração, este quadro clínico é bem menos visto na prática clínica corriqueira. Portanto, o termo mais correto a ser usado na atual realidade é Labirintopatia”, esclarece.

Prevenção
Alguns hábitos do dia a dia podem contribuir para evitar o aparecimento da tontura, tais como: alimentação saudável, não fumar, evitar álcool, fazer atividade física regularmente, evitar privação do sono ou despertares por meio de uma boa higiene do sono (usar roupas confortáveis, ler, ouvir música, etc…antes de dormir, adotar travesseiro e colchão confortáveis), não usar drogas, ingerir bastante água, evitar vícios posturais, não usar medicamentos sem prescrição médica, não fazer jejum prolongado, evitar alimentos industrializados que contêm excesso de sal, açúcar, gorduras trans e carboidratos de rápida absorção, fazer check-up regularmente.

Perfil Dra. Jeanne Oiticica
Médica otorrinolaringologista concursada do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo. Orientadora do Programa de Pós-Graduação Senso-Stricto da Disciplina de Otorrinolaringologia da Faculdade de Medicina da USP.
Chefe do Grupo de Pesquisa em Zumbido do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP.
Professora Colaboradora da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo.
Chefe do Laboratório de Investigação Médica em Otorrinolaringologia (LIM-32) do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP.
Responsável pelo Ambulatório de Surdez Súbita do hospital das Clínicas – São Paulo.

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