Estresse e ansiedade podem ser uma das causas da DTM

Dores frequentes ao mastigar, dificuldades para abrir a boca e dores constantes na nuca: esses são alguns dos sintomas da disfunção temporomandibular, a conhecida DTM. Considerada um conjunto de problemas que envolvem o músculo e o esqueleto do aparelho mastigatório, a DTM é considerada multifatorial, pois ocorre pela ação conjunta de estruturas anatômicas (músculos, dentes, articulações), funcionais (neuromuscular) e psicológicas (estresse e ansiedade).

Segundo a especialista em bucomaxilo do Hospital Otorrinos Curitiba, Cybelle Prado, “é importante uma avaliação odontológica caso o paciente apresente, por exemplo, dores frequentes ao mastigar semelhantes a dores no ouvido, estalos ao movimentar a mandíbula seguidos de dor, dores de cabeça constantes, entre outros”.

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Bruxismo e DTM são a mesma coisa?
ranger-dentes-bruxismo-dtm-otorrinos-curitibaMuitas vezes confundida pelos pacientes, vale esclarecer que bruxismo e DTM não são o mesmo problema. “Como já comentamos anteriormente, a DTM pode ser considerada um conjunto de problemas que envolve músculo e esqueleto do aparelho mastigatório. Já o bruxismo definimos como o ato de ranger ou apertar os dentes de forma subconsciente. O ranger costuma acontecer durante o sono e geralmente leva ao desgaste dentário”, explica Cybelle.

O apertamento dentário ocorre com maior frequência durante o dia e pode causar sintomas como dor, cansaço e hipertrofia dos músculos da mastigação, além de prejudicar os dentes. Normalmente acontece quando a pessoa está concentrada em alguma tarefa ou desempenhando algum trabalho que exija muito esforço físico ou mental.

No entanto, vale lembrar que os dois problemas podem ou não estar associados no mesmo indivíduo.

“O bruxismo pode ser uma das causas para a DTM. No bruxismo, a musculatura da mastigação e os movimentos da mandíbula ocorrem de forma não funcional e, com isso, o paciente pode apresentar dor e sobrecarga das estruturas envolvidas, dentre elas as ATMs, sendo então considerado um fator importante nos quadros de DTM. Estudos apontam que metade dos pacientes corretamente diagnosticados com DTM apresenta bruxismo associado, independentemente do tipo de dor”, acrescenta a especialista.

Estresse e ansiedade
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A ansiedade e o estresse, tão comuns nos dias de hoje, também devem ser levados em conta como fatores responsáveis pelo aparecimento da dor e da disfunção da DTM.

“Estudos mostram que a dor na musculatura mastigatória de pacientes com DTM parece estar mais relacionada a estresse emocional do que o próprio bruxismo, porém acredita-se que o estresse é determinante no aparecimento dos apertos e rangeres de dentes, estando ambos, portanto, de forma associada, contribuindo para o surgimento dessa disfunção”, avalia Cybelle.

Plaquinhas para bruxismo
As plaquinhas, também chamadas de placas miorrelaxantes, são um dos recursos utilizados para controle de dor do paciente com dores musculares, pois oferece mio-relaxamento e conforto. No entanto, segundo Cybelle, sua indicação depende de diagnóstico correto e não traz cura aos pacientes.

“Diversos fatores devem ser avaliados antes da utilização da placa miorrelaxante. Também é preciso ficar atento à banalização dessa placa, pois apesar de parecer um recurso simples, deve ser muito bem indicada, confeccionada e monitorada, com ajustes frequentes. A falta de todos esses cuidados pode causar piora nas dores. Outro alerta é que placas de silicone são totalmente contraindicadas para esses casos”, considera a especialista.

Principais tratamentos
Como há vários fatores para o aparecimento do bruxismo e da DTM, o tratamento geralmente é feito por equipes multidisciplinares, com tratamentos personalizados a cada paciente. Cybelle lembra, no entanto, que independente do diagnóstico, é importante o paciente ter disciplina no tratamento.

“O paciente precisa compreender que o mais importante para alcançar o máximo benefício desses tratamentos é a disciplina: seguir as orientações, fazer retornos, consultar as especialidades indicadas e ser colaborativo. A melhora depende do trabalho em equipe, sendo o paciente protagonista”, finaliza a especialista.

Diretor Técnico: Dr. Ian Selonke CRM-PR 19141 | Otorrinolaringologia