Não existe bebê preguiçoso, existe bebê hipotônico

Enquanto algumas pessoas têm uma postura mais ereta, outras são mais flexíveis e isso se dá graças à tonicidade muscular, que varia de pessoa para pessoa. Com os bebês não é diferente.

Enquanto alguns apresentam uma musculatura um pouco mais rígida, outros têm um pouco mais de dificuldade de se manterem durinhos. Isso não significa, necessariamente, que a criança tem algum problema físico ou que sofreu algum trauma. Também não significa que o bebê é preguiçoso, mas sim que ele é hipotônico.

A tonicidade é o estado de repouso dos músculos e ajuda a manter a postura corporal e a guiar os movimentos. Justamente por isso, uma tonicidade mais rígida é importante para o desenvolvimento motor das crianças. Segundo afisioterapeuta Walkíria Brunetti, Mestre pela Santa Casa (SP) em Desenvolvimento Motor de Prematuros, os bebês hipotônicos precisam ser estimulados para que não tenham atrasos no desenvolvimento.

“O estímulo nessa fase é importante para que a criança consiga avançar sem problemas em todas as etapas do desenvolvimento motor. Sem uma intervenção, a criança também pode ter problemas de postura mais à frente”, observa Walkíria. A fisioterapeuta conta que, sem o acompanhamento correto, as crianças podem desenvolver lordose, problemas de postura ou de equilíbrio.

Sinais de alerta
Alguns distúrbios e síndromes causam a hipotonia, mas nessas crianças a condição é facilmente identificada, já que faz parte do quadro clínico. Entretanto, quando o bebê não tem nenhuma patologia que explique a hipotonia, pode ser mais difícil para os pais perceberem que a suposta “preguiça” está associada à hipotonia.

“A hipotonia pode ser percebida em bebês que não conseguem se manter firmes, têm dificuldade para engatinhar, ficar de pé ou caminhar. Isso se torna mais perceptível a partir do sexto mês, quando os bebês normalmente ficam mais durinhos e começam a demonstrar uma capacidade motora mais bem desenvolvida”, explica Walkiria.

Até os seis meses de idade os bebês devem ser capazes de levantar a cabeça, ficar de bruços e rolar o corpo. Aos nove meses os bebês já devem conseguir se sentar, engatinhar e se levantar. Para crianças nessa idade é possível estimular que elas se movimentem, rolem o corpo de um lado para outro ou se levantem sem auxílio. Até completar um ano, a criança já desenvolve autonomia muscular para começar a desenvolver a marcha, que em geral já está bem estabelecida por volta dos 18 meses.

Tratamento
Quando a hipotonia não está associada a outra condição de saúde, o bebê irá apresentar um desenvolvimento cognitivo normal, mas precisa do acompanhamento com um fisioterapeuta para identificar o grau de hipotonia e para realizar exercícios que possam estimular a tonicidade muscular e fortalecer os movimentos.

“Com o tratamento adequado, o prognóstico é positivo. A maioria das crianças melhoram por volta dos 3 anos de idade”, finaliza Walkiria.

leda@agenciahealth.com.br