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Economia de tokens: a revolução no financiamento coletivo das startups

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Maycon Franco, SAP Solution Architect da Resource IT

 

Em 2017, as criptomoedas se tornaram o investimento mais comentado no mundo devido à expressiva valorização, que chegou a atingir mais de 1.300%. Acompanhando esse cenário, empresas de diversos segmentos, principalmente as startups de tecnologia, estão aproveitando o engajamento de investidores para aumentar os fundos necessários para o financiamento de projetos.

Pesquisas apontam que a capitalização de todas as criptomoedas em janeiro de 2016 era equivalente a US$ 7 bilhões. Já no final de 2017 o número saltou para US$ 830 bilhões. Se excluirmos o Bitcoin, principal criptomoeda, com valor próximo a US$ 180 bilhões, o total desse mercado seria de US$ 542 bilhões, número que ultrapassa o Produto Interno Bruto (PIB) de países como Suíça, Bélgica e Noruega.

 As cifras milionárias do mercado de criptomoedas têm despertado a atenção de muitas empresas e investidores, aumentando assim a visibilidade da “economia Tokens”. O termo se refere a empreendedores e startups que financiam suas operações distribuindo unidades de criptografia, ou seja, Tokens ao invés de ações para investidores.

Os Tokens podem ser compreendidos como cupom digital que é vendido por moeda comum (USD, BRL) ou criptomoeda de valor líquido, como o Bitcoin. Eles podem ter várias funções, possibilitando diversos tipos de vantagens ao investidor, como oferecer acesso aos serviços das startups sem conceder direitos de propriedade. Assim, as empresas se financiam, mas permanecem autônomas.

Ao contrário da criptomoeda que possui seu próprio blockchain – mecanismo de segurança que usa criptografia para descentralizar dados pela rede -, o Token utiliza a tecnologia de outras criptomoedas. A plataforma Ethereum, por exemplo, é a que abriga a maior parte dos Tokens disponíveis no mercado.

Criptomoedas e Altcoins são moedas digitais que servem como alternativa às moedas fiduciárias – não lastreadas em metal e sem valor intrínseco. A arquitetura técnica da geração de criptomoedas é realizada com base em funções hash – operações matemáticas e executadas em dados digitais. Como já mencionado, a principal criptomoeda é o Bitcoin. Por outro lado, as Altcoins buscam ser melhores do que os Bitcoins, resolvendo questão de custo e velocidade de transações.

Um dos principais motivos para o uso de Tokens é o lucro que se pode obter com a venda deles. Outra vantagem é a de que os investidores têm acesso aos serviços e funções dos projetos após o lançamento. Além disso, por meio dos Tokens é possível apoiar iniciativas empresariais com potencial de consolidação e expansão no mercado.

O Initial Coin Offering (Oferta inicial da moeda, em tradução livre para o português), mais conhecido pela sigla ICO, é a venda de Tokens recém-criados destinado ao público em geral. Esse modelo de venda público é usado para levantar fundos para o desenvolvimento de iniciativas ou startups. Porém, esse cenário surgiu apenas com o objetivo de revenda dos Tokens, exatamente como o mercado de ações.

O ICO começou a ganhar relevância a partir de 2008, quando Satoshi Nakamoto (sua identidade nunca se tornou pública) propôs um sistema de pagamento eletrônico baseado em prova matemática e criou a principal criptomoeda do mercado, conhecida mundialmente como Bitcoin.

 

Quando uma startup cria Tokens, eles são trocados por moeda fiduciária (USD, EUR) ou criptomoeda de valor líquido (Bitcoin). Se o dinheiro arrecadado cobrir os fundos mínimos estipulados, os Tokens são distribuídos entre os compradores e se tornam líquidos no mercado de criptomoeda, que atualmente está estipulado em US$ 314 bilhões. Caso o financiamento não seja concluído, o investidor recebe o dinheiro de volta.

 O número de projetos que buscam financiamento coletivo por meio de uma ICO cresceu exponencialmente nos últimos dois anos. Um dos principais motivos que tem consolidado o novo setor de investimento é a rapidez em arrecadar grandes quantias financeiras ao anunciar um novo projeto de negócio. Por ser um processo ainda não regulado, qualquer pessoa, independente do país, pode se tornar, em poucos segundos, um investidor ou um captador de fundos. No entanto, ainda existem poucos requisitos legais que assegurem as empresas e ofereça proteções aos compradores. As maiores cifras de ICOs no mundo variam de US$ 35 milhões a US$ 200 milhões.

 

– A ICO do novo navegador web Brave gerou cerca de US$ 35 milhões em menos de 30 segundos.

– A Tezos arrecadou mais de US$ 200 milhões antes mesmo de ser lançada ao mercado.

– A ICO da plataforma de aplicações decentralizada EOS conquistou US$ 180 milhões para financiar seu projeto.

– A startup Bancor recebeu, em apenas três horas, US$ 150 milhões de aporte.

 

No ano de 2012, foi lançado o blockchain 2.0, mecanismo que passou a ser utilizado para todos os tipos de criptomoedas. Três anos depois, em 2015, surge a plataforma Ethereum. Baseada em blockchain, a inovação por meio de contratos inteligentes permite validar negócios, pagamentos e contratos com segurança e transparência, sem a utilização de meios legais tradicionais.

Mas foi somente em 2017 que o mercado de criptomoeda se tornou pauta de destaque para grandes entidades, incluindo governos de vários países e até mesmo o Fórum Econômico Mundial em Davos. A aposta em criptomoedas por empresários e startups como alternativa às técnicas convencionais em busca de fundos é fundamental para uma nova abordagem descentralizada. Além disso, incentiva a adoção de Altcoins e do blockchain em indústrias de diversos segmentos, não apenas nos setores de tecnologia.

 

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