Especialista alerta para risco de diabetes gestacional, doença metabólica mais comum na gravidez

Mulheres que nunca desenvolveram diabetes podem apresentar a doença durante a gravidez. E não se trata de uma condição rara, é o problema metabólico mais comum na gestação. De acordo com a Organização Pan-Americana de Saúde (OPAS), estima-se que um em cada seis nascimentos ocorra em mulheres com alguma forma de hiperglicemia durante a gestação, sendo que 84% desses casos seriam decorrentes da Diabetes mellitus gestacional (DMG), doença causada por intolerância aos carboidratos que é diagnosticada, pela primeira vez, durante a gestação.

Segundo a entidade, baseada em dados de 2017 – http://bit.ly/2trA7Om – o Brasil é o quarto país com maiores taxas de Diabetes mellitus na população adulta, com um total de 14,3 milhões de pessoas de 20 a 79 anos com diagnóstico da doença. De acordo com a OPAS, a prevalência de DMG no Sistema Único de Saúde (SUS) está em torno de 18% das gestantes.

Na maioria dos casos, alerta a endocrinopediatra Myrna Campagnoli, diretora médica do Laboratório Frischmann Aisengart, de Curitiba, estas mulheres desenvolvem diabetes mellitus tipo 2. A especialista explica que, logo na primeira consulta de pré-natal, é recomendável que seja solicitada a DOSAGEM dA glicemia de jejum.

De acordo com os níveis de glicemia que a futura mamãe apresente, poderá ser um indicativo de diabetes pré-gestacional ou gestacional. “É fundamental que ela receba o suporte clínico adequado e adote medidas preventivas, como alimentação equilibrada e exercícios físicos. Com isso, reduz o risco de a doença se agravar durante a gestação e também da persistência após o parto. O diabetes gestacional é uma condição, prejudicaa saúde da mãe e do bebê.

De acordo com a Organização Mundial da Saúde, a diabetes na gravidez pode dar origem a severos efeitos adversos, dentre eles malformações congênitas, aumento do peso ao nascer e um risco elevado de mortalidade no período perinatal (entre a 22ª semana de gestação e primeira semana de vida do bebê). A hiperglicemia durante a gestação também pode afetar os filhos, aumentando o risco de desenvolvimento, ao longo da vida, de obesidade, síndrome metabólica e diabetes.

O diagnóstico de diabetes gestacional pode ser feito pela dosagem da glicemia de jejum (açúcar no sangue), todavia, é recomendável que seja realizada a curva glicêmica para a confirmação do diagnóstico. A curva glicêmica é um exame simples, em que a gestante ingere uma certa quantidade de glicose e tem sua glicemia dosada antes da ingesta, 60 e 120 minutos após beber a solução de glicose. Caso a mãe receba o diagnóstico de DMG, acrescenta Myrna Campagnoli, indica-se a realização de testes de açúcar no sangue com regularidade. A boa notícia é que, caso a mãe faça o correto controle metabólico, ela pode reduzir os riscos para os mesmos níveis das mães gestantes não diabéticas. Além disso, a diabetes mellitus gestacional, na maioria dos casos, não persiste após a gravidez. Em razão disso, recomenda-se que, aproximadamente seis semanas após o parto, e sem estar em uso de medicamentos antidiabéticos, a mãe realize um novo teste oral de tolerância à glicose.

Diminuir a prevalência desses distúrbios metabólicos, segundo a OPAS, deve ser considerada uma prioridade mundial de saúde. Nas duas últimas décadas, destaca a entidade, houve um aumento progressivo do número de mulheres com diagnóstico de diabetes em idade fértil e durante o ciclo gravídico-puerperal, como reflexo do crescimento populacional, do aumento da idade materna, da falta de atividade física e, principalmente, do aumento da prevalência de obesidade.

Quais mulheres estão no grupo de alto risco?

A medição de glicemia em jejum na primeira consulta do pré-natal é recomendada para todas as gestantes. Por sua vez, observa Myrna Campagnoli, do Frischmann Aisengart, o perfil das gestantes que, de acordo com a Sociedade Brasileira de Diabetes, estão em um grupo de maior risco de desenvolvimento de DMG, traz os seguintes critérios:

– Idade materna mais avançada
– Ganho de peso excessivo durante a gestação
– Sobrepeso ou obesidade
– Síndrome dos ovários policísticos
– História prévia de bebês com mais de 4 quilos ou de diabetes gestacional
– História familiar de diabetes em parentes de 1º grau (pais e irmãos)
– História de diabetes gestacional na mãe da gestante
– Hipertensão arterial na gestação
– Gestação múltipla (gravidez de gêmeos)

Para mais informações acesse: http://www.labfa.com.br.

barbara.conti@bowler.com.br