HCor alerta para prevenção de câncer de cabeça e pescoço

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Falar em prevenção do câncer é perfeitamente viável diante dos dados alarmantes projetados pelo Instituto Nacional do Câncer, o INCA. Estima-se que cerca de 600 mil novos casos de cânceres sejam diagnosticados neste ano na população brasileira. A boa notícia é que cerca de um terço deles é evitável. Adotar hábitos de vida saudáveis, evitar vícios, ter uma alimentação balanceada, manter a higiene bucal em dia e acompanhamento médico periodicamente são medidas preventivas de extrema importância.

O câncer de Cabeça e Pescoço tem uma incidência mundial ao redor de 700 mil casos por ano, com uma taxa de mortalidade também alta, de aproximadamente 350 mil casos por ano. De acordo com o relatório Globocan de 2012, o câncer de cabeça e pescoço ocupa a nona posição mais prevalente no ser humano. Dos cânceres da região de Cabeça e Pescoço, o mais frequente é o de boca. Mas não podemos esquecer o de faringe, laringe, glândulas salivares, seios paranasais e o da glândula tireoide – mais frequente nas mulheres.

Entre os homens, o câncer da cavidade oral ocupa o quinto lugar no ranking dos cânceres mais prevalentes. A falta de informação é um entrave para o diagnóstico precoce. No Brasil, 70% dos pacientes apresentam estágio avançado da doença. “Um nódulo persistente no pescoço, dificuldades para engolir, lesão na boca que não cicatriza e rouquidão prolongada são alguns dos sinais e sintomas para o câncer de cabeça e pescoço”, elenca Dr. Fábio Roberto Pinto, cirurgião de Cabeça e Pescoço do HCor (Hospital do Coração), em São Paulo.

Estimativas: segundo o INCA, o número de novos casos de câncer da cavidade oral estimado para o Brasil, somente neste ano, é de 15.490, sendo 11.140 casos em homens e 4.350 em mulheres. Já para os tumores de laringe, espera-se 7.350 casos, destes 6.360 em homens e 990 em mulheres. Enquanto que para os casos de câncer de tireoide projeta-se 6.960 novos casos, sendo 1.090 em homens e 5.870 em mulheres. Projeções a longo prazo da Organização Mundial da Saúde (OMS) apontam que haverá 27 milhões de novos casos de câncer em 2030.

Os números refletem o dia a dia do Serviço de Cirurgia de Cabeça e Pescoço do HCor. “De janeiro a junho deste ano foram realizados 86 procedimentos cirúrgicos para a retirada de tumores e outras doenças na região da cabeça e do pescoço pela nossa equipe. Destes, a retirada total da glândula tireoide e dos gânglios linfáticos do pescoço por câncer são as cirurgias mais frequentes, com um total de 40 cirurgias, sendo 17 cirurgias em homens (o que representa 42%) e 23 cirurgias em mulheres (o que representa 58%). O tratamento de tumores das glândulas salivares, paratireoides, cavidade oral, faringe e laringe fazem parte da nossa prática rotineira no HCor”, conta Dr. Fábio.

Fator de risco: além dos já conhecidos riscos provocados pelo consumo de bebidas alcoólicas e do cigarro, novos estudos publicados pelo Johns Hopkins Oncology Center, nos Estados Unidos, mostram que o papiloma vírus, o HPV, é um dos fatores que predispõem ao desenvolvimento de cânceres.

Embora existam mais de 100 tipos, são principalmente os subtipos 16 e 18 que chamam a atenção. “Eles estão associados principalmente aos tumores da orofaringe (amigdala) em pacientes mais jovens, ao redor dos 40 anos. Muitos deles nunca fumaram e não são etilistas pesados”, aponta o cirurgião do HCor. “Porém, é importante destacar que o HPV, em menor proporção, também protagoniza tumores na laringe e na cavidade bucal, como língua e gengiva”, acrescenta Dr. Marco Aurélio Kulcsar, cirurgião de Cabeça e Pescoço do HCor (Hospital do Coração), em São Paulo.

Uma característica que diferencia o câncer causado pelo HPV: ele, em geral, é menos agressivo localmente. Porém, pode cursar com comprometimento dos linfonodos do pescoço, as chamadas metástases cervicais, de maneira mais rápida que os tumores induzidos pelo cigarro e pelo álcool. No entanto, estes tumores são mais sensíveis às terapias, sejam elas cirúrgicas ou não (radioterapia ou quimioterapia). “O prognóstico de cura é mais otimista. Os pacientes respondem melhor aos tratamentos. Quando diagnosticado em estágio inicial, a possibilidade de cura pode chegar a 90%”, explica Dr. Kulcsar.

Tumores da tireoide: o único fator de risco bem conhecido é a exposição à radiação. “Nas regiões que historicamente foram expostas à radiação, como Hiroshima e Nagasaki no Japão, e a área vizinha ao acidente nuclear de Chernobyl, observou-se um aumento significativo da incidência do carcinoma de tireoide anos depois do episódio nuclear ambiental”, comenta Dr. Fábio Pinto. No entanto, existem outros fatores associados como herança familiar e a alta incidência de processos inflamatórios crônicos na tireoide – as chamadas tireoidite autoimunes na população.

Nos últimos anos observamos um aumento da incidência de câncer de tireoide na população mundial, explicada em parte pelo aumento dos casos de tireoidite autoimune que, por sua vez, pode estar associada com uma ingestão exagerada de iodo adicionado ao sal de cozinha. Outro fator importante para o aumento da incidência do câncer de tireoide é o aumento do diagnóstico em virtude do maior número de ultrassonografias de tireoide atualmente realizadas na prática clínica.

“Estamos tratando tumores cada vez mais precoces – muitos deles menores que 1cm, o que não ocorria há 15 ou 20 anos atrás. No HCor observamos, também, em virtude do grande número de pacientes do sexo masculino, por serem estes os mais afetados por doenças cardiovasculares, a realização de ultrassonografia de tireoide de rotina, que tem diagnosticado um número significativo de casos de câncer de tireoide em homens”, explica o cirurgião do HCor.

A incidência de câncer de tireoide em homens é maior do que estimávamos no passado. “Dos casos operados pela nossa equipe no HCor neste ano, 42% foram em pacientes do sexo masculino, proporção que excede significativamente os números do INCA, por exemplo. A boa notícia é que a maioria desses tumores tem expectativa de cura superior a 95% com tratamento cirúrgico adequado, principalmente os casos diagnosticados em estágio inicial”, diz Dr. Fábio Pinto.

Tumores de pele: relacionados à exposição solar, principalmente em pacientes de pele e olhos claros, também se observa um alto índice de cura. “O grande desafio são os casos avançados, no qual lidamos com a questão oncológica, além da reconstrução das estruturas ressecadas na cirurgia. Por isso o diagnóstico precoce é fundamental para se obter os melhores resultados”, finaliza Dr. Fábio Pinto.

Previna-se!

Mantenha a higiene bucal em dia. Para os pacientes expostos aos fatores de risco, buscar o acompanhamento regular com um cirurgião de Cabeça e Pescoço é fundamental para detectar precocemente alguma lesão suspeita

Abandone o cigarro. Esta é a melhor maneira de evitar a maioria dos cânceres de boca, faringe e laringe

Evite o consumo excessivo de bebidas alcoólicas

Procure manter uma alimentação saudável

Nunca se esqueça do protetor solar

Comente com seu médico de confiança, seja ele o cardiologista, ginecologista ou o clínico geral, a necessidade de incluir no seu check-up o ultrassom de tireoide, caso isso ainda não esteja sendo feito de rotina.

(rita@targetsp.com.br)