[OPINIÃO] Rota 2030: Um novo caminho para a inovação

Karin Soldatelli Borsato*

O Programa de Incentivo à Inovação Tecnológica e Adensamento da Cadeia Produtiva de Veículos Automotores (INOVAR AUTO) foi criado em 2012, com o objetivo principal da criação de condições para aumento da competitividade no setor automotivo, estimulando a concorrência no desenvolvimento de veículos mais econômicos e seguros. Porém, esse programa teve uma abordagem vinculada principalmente ao mercado interno, deixando pontos importantes do mercado global e, por isso, sendo finalizado em 2017, dando início a novas políticas para o setor automotivo, com a criação de dois projetos, denominados Ciclo de Política Automotiva e Rota 2030.

A Rota 2030 busca fortalecer e modernizar a indústria automotiva nacional por meio de um plano de desenvolvimento de longo prazo. Os pontos fundamentais são Mobilidade e Logística, integrando as cadeias globais de valor, de forma competitiva. Os desafios a serem enfrentados e que deverão ser estudados por esse projeto são a pesquisa e desenvolvimento em novos projetos de engenharia que envolvam conectividade, manufatura avançada (Indústria 4.0), eficiência energética, maior utilização de biocombustíveis, redução de emissões, ampliação da segurança veicular, novas tecnologias de propulsão, nanotecnologia e inteligência artificial, além de melhoria da cadeia produtiva e reestruturação da cadeia de autopeças.

A novidade é incluir requisitos de desempenho estrutural e etiquetagem do Inmetro nos veículos e, até 2027, incorporar novos itens de série. Em 2020, além dos airbags e ABS, outras tecnologias assistivas à direção, como os controles de tração e estabilidade, serão incorporadas, na busca constante de redução de acidentes, em todos os lançamentos feitos ou, até 2022, em todos os veículos vendidos no país.

Em eficiência energética, o projeto busca melhoria em 11% até 2022, por meio da redução do consumo de combustível e ampliação da frota de veículos elétricos e híbridos (com a redução da alíquota na ordem de 7 a 20% do IPI às fabricantes e montadoras). Em contrapartida, essas mesmas empresas terão que fazer investimentos mínimos da ordem de R$ 5 bilhões em P&D por ano. Convém lembrar que o Brasil assumiu compromisso, na Conferência das Nações Unidas, em 2015, de reduzir em 43%, até 2030, a emissão de poluentes – e a indústria automotiva é a que tem maior poder para alcançar este patamar.

Esse projeto será bem-sucedido se o país, por meio de empresas da área automotiva, conseguir promover a diferenciação tecnológica, ampliando a competitividade, inovando em produtos e processos produtivos, conferindo vantagens para o meio ambiente, e produzindo veículos econômicos e não poluentes, além de mais seguros, (como a obrigatoriedade do ISOFIX- sistema de fixação de assentos infantis, encosto central e cinto de segurança de 3 pontos para o banco do meio). Ainda poderão ser criados laboratórios independentes, como o Inmetro, para a realização dos “crash tests”, que ainda não estão disponíveis no país.

Com base em todas essas melhorias nos veículos previstas no programa, se alcançadas, teremos além de mais segurança, um meio ambiente mais adequado para a população.

 

*Karin Soldatelli Borsato é doutora em Engenharia Mecânica e coordenadora dos cursos de Engenharia Mecânica e Engenharia de Produção da Universidade Positivo (UP).