A endocrinologista e presidente da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia – regional Paraná (SBEM-PR) Silmara A. Oliveira Leite listou alguns fatores de risco para a doença e explicou o quanto a genética pode influenciar nesse quadro.
“Os principais fatores de riscos para desenvolver o diabetes são: sedentarismo, pressão alta, colesterol alto, obesidade ou sobrepeso com aumento da circunferência abdominal, diabetes gestacional e histórico familiar da doença (pais e irmãos). Vale destacar, no entanto, que a genética é o principal fator de risco. Porém, se a pessoa com essa predisposição atuar nos fatores de risco modificáveis, como por exemplo, fazer atividade física regularmente, ajuda a prevenir o diabetes”, completou a especialista.
Dados da Secretaria de Estado de Saúde do Paraná mostram que o número de óbitos por diabetes no Paraná aumentou de 2.730, em 2008, para 3.314, em 2011.
Sintomas do diabetes
Os sintomas característicos do diabetes são: urinar muito e tomar muita água, além da perda de peso também aparecer no diagnóstico do diabetes tipo 1. A maioria dos portadores de diabetes tipo 2 são assintomáticos. “Por isso”, lembra Silmara, “que 50% dos diabéticos permanecem sem diagnóstico”.
Obesidade x diabetes
A obesidade é um dos principais fatores de risco para o diabetes tipo 2, e existe uma forte relação entre o ganho de peso, mesmo que pouco, e o aumento do risco. De acordo com a endócrino, a obesidade visceral – aquela que se encontra concentrada em abdômen – é um indicador de resistência na ação da insulina.
“O indivíduo precisa produzir muita insulina para fazer efeito de reduzir a glicose no sangue e ao longo do tempo a reserva de insulina se torna insuficiente e a pessoa se torna diabética”, explicou Silmara.
Medidas de circunferência abdominal igual ou superior a 94 cm em homens e 80 cm em mulheres já indicam maior risco, especialmente, para doenças ligadas ao coração.
Tipos de diabetes
Existem 5 tipos de diabetes: Tipo 1, Tipo 2, diabetes gestacional, secundária à medicação (corticoide é o mais frequente, seguido de alguns antipsicóticos e alcoolismo) e secundária a doenças pancreáticas.
O tipo 1 e o tipo 2 geralmente são os mais conhecidos. O diabetes tipo 1 é uma doença autoimune (destruição autoimune das células produtoras de insulina) e geralmente aparece na infância e adolescência, afetando, em média, entre 5 e 10% do total de pessoas com a doença – pode ser diagnosticada em adultos também. É tratado com reposição de insulina, medicamentos, mudanças nos hábitos alimentos e estímulo à prática de atividade física.
Já o diabetes tipo 2 é quando o pâncreas produz insulina, mas há a resistência da ação da insulina para captação de glicose no músculo e nas células gordurosas. É mais comum em pessoas com mais de 40 anos, sedentárias, sem hábitos saudáveis de alimentação, acima do peso, mas também pode afetar os jovens.
Prevenção do diabetes
Hábitos saudáveis e atividade física regular são fundamentais para ficar longe da doença. A forma mais efetiva de prevenção do diabetes é a mudança de estilo de vida. Porém, quando não se obtém o resultado, o uso de medicação como a metforminas pode ser ajudar de forma segura e eficiente.
Em relação à alimentação, os diabéticos devem comer de forma saudável, restringir os carboidratos processados e preferir os alimentos com fibras que reduzem o índice glicêmico.
Pé diabético
Quem tem diabetes pode ter a sensibilidade dos pés alterada e não sentir dores quando apresentar algum problema. Com isso, perde-se a proteção da dor e lesões podem progredir sem sentir incômodo. E aí, ao perceber o problema, pode ser tarde – e em alguns casos, é necessária a amputação.
Segundo a especialista, o primeiro cuidado é a inspeção dos pés para verificar se não há nenhuma micose ou ‘frieira’, que é uma porta de entrada para bactérias. “Ao cortar as unhas, cuidado para não causar ferimentos. Nunca coloque bolsa de água quente nos pés devido ao risco de queimadura sem sentir. A dica é procurar o médico no caso de dor ou mudança de temperatura, ou cor dos pés”, ressalta.
A doutora também esclareceu que nem todo paciente diabético terá complicações nos pés. “O pé diabético acontece quando o indivíduo apresenta alterações da circulação com insuficiência arterial periférica associada com a neuropatia periférica”.
Os principais sintomas do pé diabético são: dor (em forma de ardência ou pontada), queimação, dormência ou formigamento, fraqueza nas pernas, cãibras, entre outros.
Convivendo com o diabetes
O diabetes não tem cura, mas tem controle. De acordo com SIlmara, pessoas com diabetes e que têm a doença controlada podem ter uma vida normal. “Em primeiro lugar é preciso aceitar o fato de que a pessoa com diabetes precisa gerenciar os valores de glicose como outras funções que temos no dia a dia, e decidir por uma alimentação saudável. Deve ser um hábito diário”, reforçou.
Segundo a International Diabetes Federation, os 7 pilares para o bom manejo do diabetes são:
– Comer de forma saudável;
– Fazer atividade física;
– Vigiar os valores de glicemia;
– Tomar os medicamentos;
– Encontrar soluções;
– Reduzir riscos;
– Adaptar-se saudavelmente.
Sobre o Dia Mundial do Diabetes
Em 14 de novembro é comemorado o Dia Mundial do Diabetes, em memória ao aniversário de Frederick Banting, que juntamente com Charles Best descobriram a insulina em 1923. Atualmente, esse dia é comemorado em mais de 160 países.
Sobre o Novembro Diabetes Azul
O Novembro Diabetes Azul voltou a integrar o Calendário de Eventos do Ministério da Saúde neste ano. O tema da Federação Internacional de Diabetes (IDF) para 2018-2019 é a família, que tem um papel importante no cuidar e apoiar a pessoa com diabetes.
“A família deve colaborar com a dieta adequada do paciente diabético, para que todos vivam com saúde, além de dar suporte para ajudar os portadores da doença que já possuem complicações. Também é fundamental o apoio psicológico e o incentivo à realização da atividade física”, completou Silmara.
Para mais informações, acesse: http://novembrodiabetesazul.com.br/ .
Sobre Silmara A. Oliveira Leite
Silmara A. Oliveira Leite é médica especialista em Endocrinologia e Metabologia pela Universidade Federal do Paraná (UFPR), International Fellowship em Diabetes, IDC, Park Nicollet Health Institute – MN (EUA), doutora em Ciências Médicas e Biológicas (UNIFESP – SP) e presidente da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia – regional Paraná (SBEM-PR). Atua como revisora da revista Archives of Endocrinology and Metabolism, é membro do corpo editorial da revista Diabetology&Metabolic Syndrome e Diretora Clínica do Centro de Ensino e Pesquisa – Cline Research Center (Curitiba – PR)
Sobre a SBEM-PR
A Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia – Regional Paraná (SBEM-PR) foi fundada em 1957 e tem como objetivo promover a expansão da endocrinologia no estado, valorizar a especialidade médica e esclarecer a população sobre diversas doenças endócrinas e metabólicas. Com unidades em Curitiba, Cascavel, Maringá e Londrina, a instituição conta hoje com cerca de 200 sócios.
Serviço:
Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia – Regional Paraná
Endereço: Av. República Argentina, 369, cj. 1101, 11º andar / Água Verde
Fone: (41) 3343-5338
E-mail: sbempr@endocrino.org.br
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