Teste genético evita quimioterapia desnecessária

Pesquisadores membros da Sociedade Brasileira de Mastologia comprovaram através de um estudo com 111 mulheres atendidas pelo Sistema Único de Saúde (SUS) no Hospital Pérola Byington, em São Paulo, que em muitos casos as pacientes são tratadas com quimioterapia sem necessidade. A constatação foi comprovada após realização do teste genético Oncotype DX, que mostrou que 69,7% mulheres com câncer de mama em estágio inicial (diagnosticadas com tumores de até 1 cm) não precisariam da indicação de quimioterapia e puderam recorrer a outros tratamentos.

De acordo com o mastologista André Mattar, coordenador da pesquisa, os resultados mostraram que a recomendação médica inicial de prescrever quimioterapia para todas as mulheres diagnosticadas com tumores iniciais poderá ser repensada. “A indicação é feita hoje para todas por conta da dificuldade de prever se o câncer irá evoluir ou não de forma agressiva. A estratégia agora é indicar tratamento mais individualizado, dependendo de cada caso, e não generalizado”, explica.

O médico conta que antes do teste genético, 109 mulheres tinham critérios clínicos para a quimioterapia. Após o exame, apenas 33 foram recomendadas e as demais receberam indicação de hormonioterapia, um tratamento menos agressivo, e radioterapia, quando necessário. “Ao detalhar o risco de agressividade do tumor de mama, o teste genético possibilitou uma previsão sobre a resposta do câncer aos tratamentos disponíveis e uma decisão terapêutica mais adequada para cada caso. E quanto mais precoce, mais chance de ser curável”, afirma ele.

Além de gerar uma economia para o governo, evitar que as pacientes façam quimioterapia significa poupá-las de efeitos colaterais devastadores como fadiga, náuseas e perda de cabelo. “Há outros custos indiretos como tempo de deslocamento até o hospital, internações, falta ao trabalho e possíveis sequelas do tratamento”, completa.

Outro entrave é o custo elevado do teste genético, que é de R$ 13 mil cada um, não está disponível no SUS e apenas algumas operadoras de saúde cobrem. “É preciso que estudos econômicos sejam feitos para mostrar a relação de custo e efetividade para que o governo avalie e possa pagar pelo teste”, diz Mattar. O estudo contou também com a parceria do grupo Fleury. <carol@contextualcomunicacao.com.br>