A culpa não é da Uber

O perfil do usuário da modalidade “Uber Juntos” aponta para jovens entre 20 e 35 anos. Boa parte possui ou cursa o ensino superior, trabalha no setor de serviços ou é composta por profissionais liberais.

Os resultados vêm de um estudo da Quest Inteligência, companhia de inteligência de mercado, em parceria com o GAESI, grupo de tecnologias de automação e gestão de processos da Escola Politécnica da USP.

A análise indica que 62% dos usuários usavam transporte coletivo, a maioria ônibus, trem e metrô, sem assinalar outros tipos alternativos de locomoção, com bens próprios ou outros serviços de transporte. 

O valor das corridas é pouco maior que uma passagem e meia de ônibus e não são trajetos muito longos. Isso mostra que os usuários deixam de utilizar o ônibus em seu dia a dia, sinalizando que a qualidade do serviço oferecido pelo ônibus é ruim.

Em vez de associações como a NTU (Associação Nacional das Empresas de Transportes Urbanos) clamarem para que as prefeituras criem dificuldades e impeçam a Uber, por considerar a empresa como um elemento de concorrência desleal, deveriam se atentar aos resultados das pesquisas sobre os ônibus. Se as pessoas trocam de serviço, significa que o serviço está ruim.

Por um preço supercompetitivo, a Uber consegue, na modalidade conjunta, oferecer um transporte com mais segurança e regularidade do que o transporte coletivo. A ideia, olhando tudo isso e os resultados das pesquisas, é identificar o que está errado com os transportes coletivos – regularidade, frequência, segurança, modelos de licitação.

Esse modelo de licitações, em especial, é defasado e não incorpora novas tecnologias e nem melhorias necessárias à atualização do serviço. Não podemos culpar as pessoas e nem a Uber, dizendo, por exemplo, que “mais carros pioram o trânsito”.

Isso é argumentar contra o objeto errado. As prefeituras devem olhar e se preocupar com o cidadão, não com as empresas de transporte.

Outro aspecto é a vantagem vista no preço. Entre os trajetos da Uber pesquisados pelo estudo, quase metade custou menos do que duas viagens de transporte coletivo em São Paulo – nos valores atuais, R$ 8,60, com valor unitário de R$ 4,30 para metrô, CPTM e ônibus.
 

Vladimir Fernandes Maciel é professor e economia da Universidade Presbiteriana Mackenzie, especialista em mobilidade e coordenador do Centro Mackenzie de Liberdade Econômica.  <imprensa@mackenzie.br>