Tecnologia muda rotina de 517 mil profissionais da área de contabilidade

Fim da contabilidade como a conhecemos é certo, afirmam especialistas

Há pelo menos 7 meses, a fintech curitibana ROIT Bank já vem automatizando processos contábeis por meio da Inteligência Artificial. Robô substitui em média trabalho manual de 30 pessoas.

Tecnologia muda rotina de 517 mil profissionais da área de contabilidade

Não é a tecnologia que tirará os profissionais do mercado e sim a resistência às mudanças e às inovações, diz o vice presidente do CRCPR.

Com os avanços tecnológicos no setor de automação, que surgem cada vez mais rápido, muitas atividades e profissões deixarão de existir, como já aconteceu no passado. Hoje, a contabilidade é uma das atividades que mais correm esse risco. Por ser extremamente operacional, é possível de ser realizada por robôs.

“Os robôs já conseguem realizar quase todos os trabalhos repetitivos que outrora eram realizados por humanos, que passavam longas horas realizando tarefas simples e que não agregavam valor ao currículo profissional”, explica Laudelino Jochem, vice-presidente de Administração e Finanças do CRCPR (Conselho Regional de Contabilidade do Paraná).

Algumas pessoas, no entanto, são contra essa mudança e temem o “fim da contabilidade”. Defendem que critérios, normas e princípios contábeis não podem ser automatizados. Além disso, dizem que há muito fatores a serem interpretados de forma particular, algo que não poderia ser realizado de forma automática.

Laudelino Jochem concorda que, pelo menos por enquanto, a tecnologia ainda não consegue realizar trabalhos complexos e estratégicos, que ainda ficariam a cargo dos seres humanos. Mas, acredita que ela é um caminho sem volta e que não devemos tentar barrar isso, ao contrário, precisamos ser amigos dela.

“Eu sempre costumo dizer em minhas palestras que não é a tecnologia que tirará os profissionais do mercado. Ela vem para facilitar o trabalho que é realizado pelos profissionais da contabilidade. As pessoas têm resistência às mudanças e às inovações, e, isso sim pode impedir um profissional de obter sucesso. Quem está disposto a mudar, pode usar a tecnologia para seu próprio crescimento e facilitar o trabalho que realiza”, afirma Laudelino.

A fintech curitibana ROIT Bank é um exemplo da revolução que já está acontecendo nesse setor. Lançada no início do ano pela ROIT Consultoria e Contabilidade, a fintech faz uso da inteligência artificial para automatizar todas as etapas e processos operacionais da contabilidade.

“Nós acreditamos que haverá, sim, o fim da contabilidade como é feita hoje. Na verdade, ela não vai deixar de existir, mas vai mudar, vai evoluir e estará intrinsecamente ligada aos processos financeiros”, explica Lucas Ribeiro, sócio-diretor da ROIT.

A contabilidade está cada vez mais ligada aos processos financeiros das empresas, diz Lucas Ribeiro, sócio-diretor da ROIT.

Assim como Laudelino Jochem, Lucas Ribeiro também acredita que, nesse novo contexto, os contadores passarão a ficar responsáveis pelas atividades mais estratégicas e analíticas e menos operacionais.

O vice-presidente do CRCPR afirma que tem uma parcela de profissionais da contabilidade que ainda não se atentou que é preciso estar disposto à mudança e, para esses, a tecnologia acaba parecendo um problema. Mas, dá um conselho para a classe contábil:

“É preciso tomar consciência que a mudança faz parte da vida profissional, pois quem não a aceita sofre e não consegue realizar grandes voos. Nós, profissionais da contabilidade, como tantos outros, precisamos travar uma batalha para reprogramar nossa mente. Enquanto não mudarmos nossas crenças, não estaremos preparados para enfrentar o novo cenário profissional no contexto da inteligência artificial”, diz Laudelino Jochem.

Uma pesquisa sobre contabilidade, realizada pelo SEBRAE, aponta que 61% dos clientes pagaria algo a mais se o contador passasse a prestar um serviço de consultoria. “Isso representa inclusive uma oportunidade para os profissionais de contabilidade redirecionarem suas carreiras e lucrarem muito mais. As tarefas do dia a dia devem ser feitas pela Inteligência Artificial, e aos contadores as análises e estratégias que agregam valor aos clientes”, afirma Ribeiro.  Na ROIT, o robô contador faz o trabalho de mais de 30 contadores, mas isso não significou desemprego. “Inclusive contratamos mais 100 profissionais desde o início do desenvolvimento do ROIT Bank, com salários acima da média nacional”, ressalta. 

Atualmente, o Brasil conta com mais de 517 mil profissionais da área de contabilidade em plena atuação, segundo levantamento realizado pelo Conselho Federal de Contabilidade (CFC), em abril deste ano.