De acordo com o médico, o mecanismo preciso do papel da lipoenxertia na modulação da dor neuropática ainda não está claro. “A teoria mais aceita é de que há uma redução dos níveis de dor através dos efeitos anti-inflamatórios e de regeneração tecidual das células-tronco derivadas do tecido adiposo”, diz o médico.
O estudo, que é uma revisão crítica da literatura, diz que, com relação à dor neuropática, a lipoenxertia demonstrou um resultado promissor no tratamento da dor em pacientes acometidos por neuralgia, uma condição que afeta nervos periféricos, aqueles responsáveis por encaminhar informações do corpo ao cérebro. “Após um ano de acompanhamento, foi observado melhora constante em pacientes, principalmente aqueles mais resistentes a medicamentos”, afirma o médico. O estudo sugere que o fator de crescimento das células adiposas e a secreção de mensageiros celulares por células-tronco derivadas do tecido adiposo promovem a angiogênese (formação de novos vasos) e isso melhora a inflamação, além de estimular o reparo de nervos danificados.
O estudo também destaca que o enxerto de gordura também foi benéfico para o tratamento da neuralgia do trigêmeo, uma condição que provoca dor facial intensa devido à disfunção do 5º par de nervos cranianos (nervo trigêmeo). “A região labial e bochecha foram tratadas com enxerto de gordura e o paciente descreveu redução uniforme e gradual de ataques de dor ao longo de 2 meses”, diz o médico.
Segundo a revisão, a lipoenxertia também foi testada como forma de reduzir a gravidade e frequência da enxaqueca e dor de cabeça. Outro estudo, de março de 2019 (Therapeutic Role of Fat Injection in the Treatment of Recalcitrant Migraine Headaches), publicado no Plastic and Reconstructive Surgery Journal, concluiu que os sintomas da enxaqueca foram reduzidos com sucesso na maioria dos casos com injeção de gordura. “Diferentes moléculas secretadas por células-tronco do tecido adiposo expressam um efeito anti-inflamatório, melhorando a regeneração dos nervos, levando ao sucesso do resultado clínico. A dor foi melhorada em 7 de 9 pacientes no seguimento de 3 meses, segundo estudos”, diz o médico.
O cirurgião destaca que a lipoenxertia tem se mostrado minimamente invasiva com poucos riscos, de fácil execução, além de um procedimento seguro, tolerável e eficaz na redução de ou eliminação completa da neuropatia persistente. “Esta técnica demonstrou melhora significativa de sintomas, permitindo uma melhora importante da qualidade de vida com menos efeitos colaterais de drogas”, explica o médico.
PAOLO RUBEZ: Cirurgião plástico, membro titular da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica, da Sociedade Americana de Cirurgia Plástica (ASPS) e da International Society of Aesthetic Plastic Surgery (ISAPS), Dr. Paolo Rubez é Mestre em Cirurgia Plástica pela Escola Paulista de Medicina da UNIFESP. O médico é especialista em Cirurgia de Enxaqueca pela Case Western University, com o Dr Bahman Guyuron (em Cleveland – EUA) e em Rinoplastia Estética e Reparadora, pela mesma Universidade e pela Escola Paulista de Medicina/UNIFESP. http://drpaolorubez.com.br/
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