Gilles Lipovetsky lança A sociedade da sedução – democracia e narcisismo na hipermodernidade liberal

Gilles Lipovetsky lança A sociedade da sedução – democracia e narcisismo na hipermodernidade liberalO livro aborda a prática da sedução em todas as esferas da sociedade atual, mostrando que agradar e impressionar são hoje os verbos mandatários. A obra reflete sobre a arte da sedução em tempos de hipermodernidade, não apenas na esfera sexual e de relacionamentos, mas também na maneira como consumimos, na política, na educação e nas redes sociais, entre outras frentes.

O reconhecido filósofo francês Gilles Lipovetsky traz novas reflexões antropológicas em A sociedade da sedução – democracia e narcisismo na hipermodernidade liberal, da Editora Manole, que também foi responsável pela publicação no Brasil de outras obras de sua autoria, como A sociedade da decepção, A globalização ocidental – controvérsia sobre a cultura planetária e Da leveza – rumo a uma sociedade sem peso.

Segundo ele, hoje, agradar e impressionar tornaram-se verbos mandatários, deixando para trás outras formas de se inter-relacionar. Coagir, ordenar, disciplinar, reprimir não são prioridades. “(…) Querer agradar, chamar a atenção, valorizar-se e embelezar-se: o que existe de mais constante na conduta dos homens e das mulheres? O desejo de agradar e os comportamentos de sedução (…) parecem, sob certos aspectos, ser atemporais (…). A hipermodernidade marca uma ruptura, uma importante descontinuidade na história milenar da sedução, decorrente da destradicionalização, dessimbolização e individualização de suas práticas (…)”

O termo hipermodernidade, adotado por Lipovetsky, é uma tentativa de definir nosso cotidiano – com as influências da globalização, da rápida troca de informações e da queda de ideais, entre outras –, sem caracterizar uma contestação da modernidade, mas como maneira de enfatizar o progresso técnico científico, a valorização da razão humana e do individualismo da sociedade. E é esse individualismo que o autor constata, longe de condená-lo: “(…) A sedução do mundo provocou a emergência de uma individualização hipertrofiada da relação com o outro – maneira extrema de agir sobre o comportamento dos homens e de governá-los, representação extrema do poder nas sociedades democráticas liberais.”

Redes sociais e a beleza feminina

Entre os diversos assuntos abordados por Lipovetsky em A sociedade da sedução estão as redes sociais como plataformas emocionais. “(…) Centenas de milhões de pessoas no mundo dedicam-se cotidianamente a colocar-se em cena, encantar seus amigos, projetar uma imagem favorável de si mesmas, atrair a atenção sobre si (…) Se, nas plataformas relacionais, as operações de exposição de si explodem, não é de forma alguma para “fazer” novos amigos, mas para aumentar a autoestima (…).”

O autor também promove um ensaio comparativo sobre o papel da beleza – especificamente a feminina – no decorrer da história. “(…) Desde a Antiguidade, a beleza feminina é objeto de desconfiança, denunciada como armadilha (…).” Porém, na hipermodernidade, a beleza da mulher é celebrada. “(…) Estamos nos tempos de uma cultura em que os encantos físicos do feminino aparecem como uma qualidade sem sombra e sem perversidade, um “capital” de sedução emancipado de todo o vínculo com o vício, a astúcia, a morte.”

A sociedade da sedução é o convite para uma reflexão madura sobre a sociedade em que vivemos. Um livro que desvia do lugar comum de apenas apontar o dedo em riste, demonizando as novas maneiras de interagir e enaltecendo o passado. A obra, ao contrário, mostra os caminhos que nos trouxeram até aqui, evidenciando as mudanças de uma maneira evolutiva.

 

Sobre o autor:

Gilles Lipovetsky nasceu em 1944 e é filósofo e sociólogo. Autor, entre outras obras, de A sociedade da decepção, A globalização ocidental – controvérsia sobre a cultura planetária e Da leveza – rumo a uma civilização sem peso, todas publicadas pela Editora Manole.