Guerra das Maquininhas de cartão vai muito além da disputa por tarifas

Por Rodrigo Ladeira, Diretor de Marketing da Ingenico para a América Latina

Você já parou para pensar que a tecnologia está sendo pouco discutida quando falamos sobre a “Guerra das Maquininhas”? É verdade que taxas e condições de pagamento acabam no centro das atenções, mas a análise sobre esse assunto deveria ir muito além disso.

Em um cenário tão dinâmico e competitivo, é fundamental garantir a satisfação dos consumidores fornecendo produtos e serviços inovadores, de boa qualidade, seguros e acessíveis. De acordo com dados da Associação Brasileira das Empresas de Cartões de Crédito (ABECS), o mercado brasileiro possui mais de 20 credenciadoras (além de dezenas de sub-credenciadoras), e não é difícil imaginar que uma das tendências resultantes da Guerra das Maquininhas seja um processo de consolidação, provavelmente liderado pelos participantes com maior disponibilidade de investimento, mas principalmente por aqueles com maior capacidade de inovação.

Se há alguns anos a maioria das compras era realizada em dinheiro ou cheque, hoje o cartão já é o meio mais utilizado. Mais de 80% da população brasileira adulta possui cartões de crédito e débito (sendo que 95% desse total utilizam os plásticos todos os meses). Mudamos muito nos últimos anos e esse movimento está longe de parar por aqui.

Se a “universalização” dos meios de pagamento para micro e pequeno empreendedores é garantida em larga escala pela oferta de terminais mPOS de baixo custo, também já é possível notar uma grande quantidade de aplicações inovadoras que estão revolucionado o varejo a partir de um melhor aproveitamento da plataforma Android e do aumento da penetração dos terminais “smart”.

Novos meios de aceitação começam a fazer parte de nossa realidade, como pagamentos “por aproximação” (contactless), tão conveniente no setor de transporte público e praças de pedágio, além dos QR codes e “carteiras eletrônicas”, com clientes usando seus celulares, cartões ou dispositivos inteligentes para realizarem pagamentos de forma mais prática e rápida.

Outra tendência é a aplicação da Internet das Coisas, da Inteligência Artificial e das redes sociais nos meios de pagamento. Em pouco tempo, deveremos notar o aumento das ofertas de pagamento via assistentes virtuais e de transações baseadas na interação entre máquinas.

Todo esse avanço tecnológico passa necessariamente pela segurança e privacidade de dados, que embora sejam requisitos básicos e fundamentais, nem sempre são observados pelas empresas no momento de selecionar o melhor meio de captura. Afinal, os consumidores estão cada vez mais conscientes e vigilantes sobre a forma de utilização e armazenamento de seus dados pessoais.

Atender a expectativa dos clientes exigirá muito mais dos envolvidos em todo o setor de pagamento. Isso demandará, entre outras coisas, que credenciadoras, fabricantes e desenvolvedores trabalhem em conjunto para fornecer soluções preparadas para essa nova e mutante realidade.

Com aproximadamente 10 milhões de PDVs (Pontos de Venda) entre POS e Pinpads instalados, o Brasil possui, de acordo com a ABECS, a segunda maior cobertura física do mundo (com 44,6 POS/Pinpad para cada 1.000 habitantes), atrás apenas de Cingapura. O próximo passo é garantir que essa cobertura e a transformação digital dos meios de pagamento sejam verdadeiramente funcionais, seguras e inclusivas.

Quanto à Guerra das Maquininhas, só o tempo dirá quem vai vencer. Qual a sua aposta?