Bancos de sangue animal sofrem com poucas doações por desconhecimento

A doação de sangue, assim como para os humanos, também é um assunto delicado para os animais. Pets vítimas de atropelamento e doenças parasitarias têm na transfusão de sangue uma esperança para sobreviver, mas a iniciativa ainda desconhecida causa carência nos bancos dos hospitais veterinários.

Um estudo realizado pela Associação Veterinária Britânica (http://veterinaryrecord.bmj.com/content/185/16/509.full) investigou a conscientização dos donos de animais em relação à doação de sangue. A pesquisa indica que 70% dos proprietários não sabiam que cães e gatos podiam doar sangue. No entanto, 89% dos tutores declararam que estariam dispostos a deixar seu animal fazer parte da iniciativa se o processo fosse adequado.

No Brasil, a situação não é diferente e mesmo sem pesquisa, é possível observar a falta de sangue nos hemocentros veterinários. “A demanda é grande, aqui na USP contamos bastante com a ajuda dos animais de órgãos públicos, como dos cães vinculados à Polícia. Mas a doação de pets domésticos ainda é pequena”, diz Denise Fantoni, médica-veterinária e idealizadora do banco de sangue do Hospital Veterinário (HOVET), da Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia da Universidade de São Paulo (FMVZ-USP).

Para Marcio Barboza, médico-veterinário e gerente técnico pet da MSD Saúde Animal, o desconhecimento vai desde a iniciativa até o funcionamento do processo. “As pessoas nem sabem da possibilidade de poder ajudar um animal doente ou ferido e também sentem receio de causar sofrimento ao pet doador. Porém, quando realizado em um local apropriado, o procedimento é rápido, indolor e não causa mal ao pet”, explica.

De acordo com o especialista, a transfusão é realizada em casos de emergência para corrigir perdas sanguíneas ou anemias graves. Além dos acidentes e casos cirúrgicos, doenças parasitárias também podem ser motivo para o procedimento. A doença do carrapato, por exemplo, é uma das maiores causas da transfusão.

Alguns requisitos são necessários para que o pet se torne um doador de sangue. Cães e gatos devem ter idade entre 1 e 8 anos, nunca terem recebido transfusão, serem dóceis, saudáveis, vacinados e com vermifugação em dia. O único critério diferente é que os cachorros precisam pesar, no mínimo, 25 kg, enquanto os felinos, no mínimo 4,5 kg.
Iniciativa traz benefícios

Além de praticar um gesto de amor e empatia, a iniciativa traz benefícios. Antes da doação, os animais passam por um check up clínico, disponibilizado gratuitamente ao tutor, para verificar se o bicho está apto a doar. São exames para verificar anemia, infecções e doenças como leishmaniose, verme do coração e aquelas transmitidas por carrapato. Para os gatos o check-up inclui, entre outras coisas, testes para a Imunodeficiência Viral Felina (FIV) e Leucemina Viral Felina (FELV).

Apesar de ser uma forma de acompanhar a saúde do animal, a doação não pode ser realizada sempre. “Os animais devem esperar no mínimo dois meses para contribuir com o banco novamente. É o tempo que o organismo do pet leva para recuperar o sangue ”, ressalta Denise.

Para alguns casos, há prevenção
Com a situação de bancos de sangue animal delicada, não podemos bobear com a saúde dos nossos pets. “Algumas situações são possíveis evitar, como as doenças transmitidas por pulgas e carrapatos. Para isso, é necessário manter cachorros e gatos sempre com o controle de ectoparasitas atualizados, além da vacinação e vermifugação em dia”, alerta Marcio Barboza. Consultar seu médico veterinário é sempre importante. nathalia.encina@ketchum.com.br