O mundo do vinho chega ao Paraná

Foto: Rodrigo Monteiro

Elaborar vinho de qualidade não é para qualquer um. Precisa de conhecimento e uma boa matéria-prima. Para isso a Embrapa tem levado profissionais da área para dar cursos para elaboração de vinhos em outras regiões, como Colombo no Paraná.

A região Metropolitana de Curitiba e o estado do Paraná como um todo representam um importante polo vitivinícola nacional, onde diversas famílias reúnem-se nessa época para colher e processar o fruto das parreiras, distribuídas em diversas regiões, originando os principais derivados da uva: vinhos e sucos. Além da produção familiar, também crescem os investimentos empresariais, de grandes vinícolas que processam uvas de diferentes castas. Mas ainda há um terceiro perfil de produtor, representado pelo público urbano ou neorural, que busca elaborar produtos para o próprio consumo, em ambientes diferenciados. Todas essas realidades colocam o Paraná no roteiro enoturístico brasileiro e, por isso mesmo, representam um importante público da Embrapa, a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária.

Considerando essa realidade, nos dias 14 e 15 de janeiro de 2020 novamente foi oferecido o Curso Básico de Elaboração de Vinhos em Colombo, PR, na sede da Embrapa Florestas, com a coordenação técnica da Embrapa Uva e Vinho (Bento Gonçalves, RS). A parceria entre as duas unidades de pesquisa, que já tem quase dez anos, fica mais evidente por ocasião da realização do curso na Planta Piloto, onde é realizado o processamento da uva, resultando na elaboração de vinho e suco. Esse ano o público, limitado a 22 participantes, teve dois dias de intensas atividades teórico-práticas nas quais conheceram as principais etapas dos processos de vinificação e elaboração de suco integral de uva.

O interesse por processos fermentativos em geral foi o que levou o administrador de empresas Daniel Tozzini, de Curitiba, PR, a se inscrever no curso; segundo ele, “apesar de curta, a programação apresenta importantes informações e conhecimentos para aqueles que têm interesse na vinificação”; para ele, participar presencialmente de um treinamento é muito mais vantajoso que acompanhar vídeos e fazer leituras, pois a troca de experiências se dá em tempo real às práticas de processamento. A necessidade de aprimorar as técnicas de elaboração também foi o que levou o advogado Andrei D’Angelis, de Pinhais, PR, a participar pela segunda vez do curso. Esse ano, com mais experiência no cultivo de uvas e elaboração de vinhos, ele viu o curso com olhar mais crítico e detalhado, “aparando arestas e dúvidas que ainda tinha, para conseguir oferecer a amigos e familiares produtos de melhor qualidade, compartilhando mais conhecimentos e trazendo mais pessoas para o mundo do vinho”.

A diversidade dos participantes do curso em Colombo fica completa com o público feminino. A publicitária Ellen Andrade cultiva uvas viníferas em parceria com a família em Tapiraí-SP, onde irão colher a primeira safra e, com os conhecimentos adquiridos no curso, irão elaborar o vinho de algumas variedades como Marselan, e planejar a diversificação da propriedade, com base na paixão pela vitivinicultura. Para a jornalista Etiene Gomes, especialista em vinhos, “colocar a mão na massa” foi a principal motivação para participar do curso, que além de conhecimento, também a incentivou a elaborar em pequena escala o produto de que tanto gosta; segundo ela, a diferença do treinamento da Embrapa é unir teoria e prática de uma forma consistente, mas não exaustiva, apresentando conceitos essenciais da enologia.

Segundo o analista da Embrapa Uva e Vinho, João Carlos Taffarel, que ministrou o curso, é uma satisfação desmistificar o mundo do vinho para um público tão diferenciado. Segundo o enólogo, a vitivinicultura brasileira tem se expandido e vem ganhando destaque dentro e fora do país, conquistando mais interessados para esse fascinante mundo. Segundo ele, durante os dois dias de curso há muita informação a ser compartilhada com os participantes, sendo importante conhecer cada etapa do processo de elaboração, desde a qualidade da matéria prima, o que envolve diversos conhecimentos teóricos. “Evidentemente que estudar a teoria e elaborar na prática o vinho e o suco não é suficiente para completar a programação: foi necessário degustar uma série de produtos para conhecer e distinguir as principais características de bons – e não tão bons – produtos na taça: a análise sensorial, que faz parte do curso, é o momento em que os participantes aprendem um outro lado da enologia tão importante quanto as técnicas agroindustriais”, resume Taffarel.

Para a realização do curso em Colombo, PR, foi preciso um trabalho conjunto com a Embrapa Florestas, sob a coordenação da pesquisadora Rossana Catie Bueno de Godoy, da área de tecnologia de alimentos. Catie, que é responsável pela Planta Piloto onde são desenvolvidas pesquisas com o processamento da erva-mate e outros produtos alimentícios florestais, ressalta a importância dessa parceria para a realização do curso no Paraná, um ponto de apoio chave para atender mais facilmente o público das regiões Centro-Oeste e Sudeste, que não precisam se deslocar até Bento Gonçalves, RS, onde o curso também é oferecido na Sede da Embrapa Uva e Vinho.

O CURSO

O Curso Básico de Elaboração de Vinhos, coordenado pela Embrapa Uva e Vinho, em parceria com a Embrapa Florestas em Colombo, PR, abordou os aspectos teóricos e práticos da elaboração de vinhos e suco integral de uva, além da análise sensorial de vinhos, espumantes e sucos de qualidade e outros com defeitos, com o foco de capacitar produtores, profissionais e público em geral sobre o processamento da uva. É tradicionalmente realizado na época da safra na região Sul (janeiro e fevereiro).

Em 2020 mais duas turmas farão o curso em Bento Gonçalves, entre os dias 28 e 31 de janeiro, na Embrapa Uva e Vinho.

Rodrigo Monteiro
Embrapa Uva e Vinho

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