Grande Reserva Mata Atlântica vai potencializar Antonina e Morretes

Antonina e Morretes são parte fundamental da Grande Reserva Mata Atlântica, iniciativa paranaense que congrega quase uma centena de pessoas em torno de projetos de turismo sustentável entre o Sul de São Paulo e o Norte de Santa Catarina. O objetivo desse coletivo é alçar esse remanescente (menos de 7% da cobertura original) de floresta com cerca de dois milhões de hectares a destino de comunhão com a natureza, como o Pantanal e a Amazônia.

O movimento não tem dono e a meta é a união de esforços de todos os setores (público, privado e terceiro setor) em prol do desenvolvimento sustentável na região, dentro do conceito de “produção de natureza”, ou seja, de geração de trabalho e renda com a mata estática e o compromisso da preservação.

A Secretaria de Desenvolvimento Sustentável e Turismo e a Paraná Turismo abraçam essa ideia. A entidade que promove as belezas naturais do Estado inclusive participará da Expo Turismo Paraná 2020 com um estande sobre a Grande Reserva Mata Atlântica, com intuito de fomentar ainda mais a iniciativa entre os players do mercado.

A Mata Atlântica conta com espécies únicas de árvores, flores e animais. O mico-leão-de-cara-preta, o papagaio-de-cara-roxa, o muriqui (maior primata das Américas) e a toninha-comum, ou golfinho da Baía da Babitonga (SC), só são encontrados nesse bioma. A onça-pintada também é marca registrada desse pequeno espaço de Brasil.

COMO É – Uma das inspirações é o Parque do Iberá, na Argentina, que é um dos maiores destinos turísticos do mundo e usa esse conceito de portais de acesso. A Grande Reserva Mata Atlântica é dividida em cinco macrorregiões: Lagamar Norte (Peruíbe a Cananeia, em São Paulo), Alto Ribeira (Vale da Ribeira, em São Paulo), Alto Montana e Araucárias (entre São Paulo e Curitiba), Serra do Mar Lagamar (Baía de Paranaguá, Pontal do Paraná, Morretes, Antonina e Guaraqueçaba) e Serra do Mar Sul (de Matinhos-PR a São Francisco do Sul-SC).

A Serra do Mar Lagamar, onde o projeto decolou, por sua vez, conta com cinco portais de acesso: Graciosa (Morretes e Antonina), Vale do Gigante (Antonina), Ilhas (toda a costa paranaense), Guaraguaçu (Paranaguá e Pontal do Paraná) e Guaraqueçaba. Antonina e Morretes, com suas trilhas, montanhas, riachos e áreas rurais preservadas, são as bases de dois portais de acesso à Mata Atlântica.

“São 46 municípios participantes nos três Estados, subdivididos em cinco setores. Essa estruturação integrada permite contato facilitado com as principais empresas de turismo e, num próximo passo, projeção internacional. O objetivo é atingir quem está disposto a fazer turismo por mais cidades, em pacotes de 10 a 15 dias, por exemplo”, explica Marcos Cruz Alves, do Instituto A Mudança Que Queremos (Iamuque), um dos idealizadores do projeto.

“Queremos romper definitivamente essa barreira de competição e estimular o desenvolvimento regionalizado, as potencialidades de cada lugar, estabelecer essa sinergia”, afirma.

Segundo Alves, com o advento da Grande Reserva, foi iniciada uma rede corporativa que já conta com 78 membros. “Um grupo de WhatsApp mesmo, com discussões diárias. Buscamos o crescimento orgânico, com qualidade, e a partir de uma carta de princípios conservacionistas”, complementa.

Essa carta-compromisso que acompanha a iniciativa incorpora a conservação da biodiversidade e da cultura regional como parte da proteção do meio ambiente, e indica para os empresários atuação de forma responsável e integrada junto a fornecedores, o reconhecimento e preservação de áreas de proteção ambiental, e transmissão de serviços que têm como intuito minimizar os impactos sobre a floresta. Também há compromisso de estímulo ao consumo de produtos locais.

PRÓXIMOS PASSOS – A iniciativa foi lançada oficialmente em meados de 2018 e o trabalho colaborativo online tem garantido a expansão da ideia. Segundo o diretor do Iamuque, 2019 foi um ano decisivo no planejamento e 2020 será um ano de consolidação e execução.

“Em 14 de junho do ano passado fizemos uma reunião encabeçada pela prefeitura de Antonina com todos os prefeitos do Litoral do Paraná. No dia 5 de julho, a secretária de Turismo de Santa Catarina e um representante do secretário de Turismo de São Paulo estiveram no Estado para conhecer o projeto, além do vice-governador Darci Piana e do secretário de Desenvolvimento Sustentável e Turismo, Márcio Nunes”, pontua Marcos Cruz Alves.

“A ideia é continuar crescendo. Estamos buscando recursos para viabilizar mais o projeto e reter regionalmente os turistas. O perfil do turista do Litoral do Paraná ainda é ‘de sexta a domingo’. A ideia é que ele permaneça por mais tempo, e volte sempre que puder”, complementa.

Tiago Choinski, gerente do escritório da Serra Verde Express em Morretes e diretor de projetos da Agência de Desenvolvimento do Turismo Sustentável do Litoral do Paraná (Adetur), explica que uma das ideias é se posicionar melhor no mercado para atrair novos interessados de outros Estados e países. Ele participa do grupo de trabalho da Grande Reserva Mata Atlântica na cadeira da empresa.

“Buscamos quebrar a questão geográfica de Morretes, fazer com que ela se some a Antonina. Estamos estruturando as células regionais para tentar se colocar no mercado de uma forma diferente, muito mais dinâmica. Vender as duas juntas”, destaca. “Queremos que as pessoas digam: quero viajar para a Mata Atlântica como dizem que querem conhecer a Amazônia, que se estende por alguns países, e o Pantanal, a maior planície alagada do mundo”.

Em março haverá um lançamento oficial. A Serra Verde Express organiza uma comitiva de jornalistas e influenciadores para descer de trem de Curitiba até Morretes e conhecer os principais atrativos da Serra do Mar Lagamar. Para setembro já está planejado um festival da Grande Reserva Mata Atlântica, com intuito de favorecer ainda mais a ligação com São Paulo e Santa Catarina.

ANTONINA E MORRETES – Antonina e Morretes são cidades históricas do Paraná, berços dos primeiros ciclos econômicos, e abrigam o Pico Paraná e o Pico Marumbi, respectivamente. Elas contam com cultura gastronômica, trilhas, rafting, parques, rios para banho e turismo rural, além de calendários festivos de jazz, blues e samba (Carnaval). As baías que as beiram são testemunhas dos ciclos do ouro, da erva-mate e da extração de madeira no Paraná.

Além da Grande Reserva Mata Atlântica, são tentativas de resgate de uma cultura regionalizada a Maria Fumaça, o turismo do Vale do Gigante, os produtos típicos locais e iniciativas próprias de empresários locais.

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