Gripe, resfriado ou coronavírus: como diferenciar cada um?

Pessoas acima de 60 anos com histórico de doenças cardiovasculares e pulmonares estão no grupo de risco; saiba formas de prevenção e quando é hora de ir ao médico

Com a disseminação do COVID-19, o novo coronavírus, é comum que surjam dúvidas sobre seus sintomas e tratamentos, já que, em muitos casos, podem se assemelhar às gripes, resfriados e até mesmo alergias.

De acordo com Gabriel Zorron, otorrinolaringologista do Hospital IPO, é importante estar atento às características que podem identificar qual é o problema. Espirros, coriza, tosse, obstrução nasal, dor de garganta, cabeça ou até mesmo febre são sintomas comuns, mas que podem ser diferentes em cada doença.

“Essas são doenças que circulam entre nós há muito tempo”, afirma Zorron. “O que acontece é que o vírus tem uma capacidade de mutação muito grande, variando como ele é transmitido de um corpo para o outro e, a partir daí, começou a ser propagado e se tornou uma pandemia, com o grande aspecto de fácil disseminação”.

Entender as formas de manifestação

Ainda que sejam semelhantes, estar atento à forma que o vírus se manifesta é a principal forma de diferenciação. No caso de resfriados, os sintomas basicamente se concentram nas vias aéreas superiores: fossas nasais, faringe e laringe, com grande produção de muco. “Dificilmente um resfriado vai tirar a pessoa de suas atividades diárias”, avalia Zorron.

Já os quadros de influenza (gripe) se tratam de uma infecção sistêmica, em que todo o corpo sente sintomas. Por isso, é comum que a pessoa doente sinta dor intensa no corpo, na cabeça, na garganta, tosse, mal estar e febre.

São quadros que, aponta o especialista, geralmente persistem por até uma semana e podem evoluir rapidamente para o sistema respiratório inferior, sendo as doenças pulmonares algumas de suas complicações graves mais frequentes.

Por outro lado, o coronavírus por caminhar entre os dois quadros, e é aí que o problema se encontra. “Pode parecer um resfriado comum, mais leve, como pode ser um quadro grave de insuficiência respiratória rapidamente evolutiva”, considera Zorron.

Por isso é preciso tomar cuidado em ambos os casos, já que uma pessoa com poucos sintomas, mas que circula com frequência pode ser um agente transmissor. “Além disso, para quadros mais graves, é comum que o paciente apresente febre intensa, dor no peito, fadiga, dor de garganta, dificuldade para respirar e diarreia”.

No caso das alergias, como rinite alérgica, sua principal diferença está na intensidade, já que são, em geral, mais brandas. Entre os sintomas, estão coriza, congestão nasal, coceira nos olhos, nariz e garganta, além de espirros. “Rinite não causa dor de cabeça, dor no corpo e muito menos falta de ar ou febre,” diz.

Transmissão

Para os casos de vírus, a forma de transmissão é a mesma: gotículas de saliva, espirros, tosses de alguém contaminado são transmitidas para as vias aéreas de outra pessoa. Além disso, objetos contaminados também podem ser meios de transmissão.

Já as rinites são predispostas geneticamente e, com o inverno ou temperaturas mais baixas, as vias respiratórias ficam com sobrecarga e têm mais dificuldade para realizar suas atividades, o que pode ampliar alguns sintomas.

Automedicação com cautela

Para o tratamento da gripe, sobretudo pessoas acima dos 60 anos, crianças, grávidas e portadores de doenças cardíacas, a vacinação anual é o caminho. Além disso, outros casos de influenza e resfriados podem ser tratados com base nos sintomas, com o uso de analgésicos, antitérmicos e antivirais, por exemplo, que aceleram a recuperação.

Ainda assim, Zorron ressalta que, para qualquer doença, deve-se fazer o uso apenas de medicações que tenham indicação de um médico. “Se o paciente está com sintomas leves, dor no corpo, não está sentindo falta de ar, não tem febre ou se tem é baixa, deve tomar, apenas, paracetamol e dipirona. Por enquanto, é seguro evitar o uso de ibuprofeno e outras antinflamatórios, já que há indícios de uma piora progressão da doença”, afirma Zorron.

O especialista ainda destaca que os pacientes devem procurar um hospital apenas em último caso. “O tempo que estamos vivendo é diferente. Normalmente a recomendação é buscar um hospital ou médico. Mas por conta desse novo cenário, quanto menor circular, melhor. Se não está melhorando, entrar em contato com um convênio, posto, médico, para indicar onde o melhor atendimento e buscar informação. Em último caso buscar uma UPA. A circulação deve ser bem restrita”.

Entre os tratamentos preventivos para alergias e doenças virais, destacam-se a hidratação e limpeza do nariz. Ingerir água em grandes quantidades e realizar uma lavagem nasal diária com soro fisiológico remove as impurezas, assim como os possíveis vírus e bactérias, além ajudar o sistema imunológico.

Gravidade em pessoas com histórico de doenças

Pessoas acima de 60 anos e as que possuem histórico de doenças cardiovasculares e pulmonares, pacientes com asma, hipertensão, diabetes estão no grupo de risco. “Ainda assim, existem relatos de pacientes fora do grupo que se tornaram graves. Por isso, é importante que todos tomem cuidado,” ressalta Zorron.