Má higienização do rosto pode facilitar a proliferação do “ácaro dos cílios”

O demodex folicullorum, conhecido como “ácaro dos cílios”, além do cravo cutâneo, pode causar complicações como blefarite e problemas oculares.

Certamente você já ouviu falar de ácaros. Esse aracnídeo, que gosta de se instalar em travesseiros, cobertores e roupas de cama no geral, além de responsáveis pelo cravo cutâneo, também podem se instalar nos folículos capilares, como nos cabelos e nos cílios. “O demodex folliculorum é uma espécie de ácaro parasita que vive nos folículos capilares e glândulas sebáceas dos seres humanos. Eles são comumente encontrados na face humana e estão em maior quantidade em adultos, já que estes produzem maior quantidade de sebo do que crianças. Esse sebo acaba servindo de alimento para o parasita. Além da face, o demodex tem grande prevalência nos cabelos, nas sobrancelhas e nos cílios”, explica o Dr. Jardis Volpe, dermatologista e membro da Sociedade Brasileira de Dermatologia.

A grande maioria desses seres não é visível a olho nu, portanto, na maior parte das vezes, sua presença não é sequer notada. No entanto, embora as pessoas consigam conviver com estes organismos no corpo, a espécie pode, sim, causar problemas. Para evitar que os ácaros se proliferem, o Dr. Jardis afirma que é importante higienizar de forma adequada o rosto, os cílios e as sobrancelhas antes de dormir – já que os ácaros são mais ativos no período noturno. “É importante controlar a produção do sebo e retirar o excesso de oleosidade do rosto e dos folículos capilares. É essencial retirar toda a maquiagem antes de dormir, além de evitar cosméticos, xampus e sabonetes que possuam produtos químicos que possam desequilibrar o pH da pele e do cabelo, o que pode levar a um quadro de excesso de oleosidade e, consequentemente, a proliferação desenfreada dos ácaros”, destaca.

Um dos problemas que podem ser causados pelo excesso do aracnídeo é a blefarite. Trata-se de uma inflamação não contagiosa das pálpebras, que pode estar relacionada à repetição de terçóis, conjuntivites, calázio e síndrome do olho seco. “A blefarite tem como sintomas coceiras ao redor das pálpebras, sensação de areia nos olhos e incomodo à luz. Algumas pessoas ainda relatam que é possível ter, à noite, a sensação de algo se movimentando na região do rosto. Nos casos mais graves, pode causar alterações palpebrais, pequenas cicatrizes e alterações nos cílios”, alerta. Segundo o dermatologista, para saber se possui blefarite, a pessoa deve procurar um especialista e realizar um exame detalhado das pálpebras. “O tratamento mais comum é uma limpeza cuidadosa das pálpebras, ou até mesmo utilizar produtos bem específicos como óleo de melaleuca local ou via oral, por vários dias. É necessária uma disciplina por parte do paciente, já que ele vai ter que realizar compressas mornas, limpezas que contemplem água e xampu neutro infantil e, em alguns casos, também utilizar pomadas e medicações orais”, complementa.

Por fim, o médico enfatiza que quem usa lentes de contato deve ter maior atenção à higiene e armazenamento das lentes, pois possuem maior risco de contaminação. Segundo ele, o ideal é consultar-se regularmente com o dermatologista, pois o profissional indicará produtos que não tornem a pele e os cabelos suscetíveis à proliferação do demodex. Além disso, no caso de qualquer intercorrência, os cuidados necessários serão tomados prontamente e de maneira mais efetiva.

FONTE: DR. JARDIS VOLPE

Dermatologista; Diretor Clínico da Clínica Volpe (São Paulo). Formado pela Universidade de São Paulo (USP); Especialista em Dermatologia pela Sociedade Brasileira de Dermatologia; Membro da Sociedade Americana de Laser, da SBD e da Academia Americana de Dermatologia; Pós-graduação em Dermatocosmiatria pela FMABC; Atualização em Laser pela Harvard Medical School. maria.claudia@holdingcomunicacoes.com.br