Início Vida e Saúde Adoção de animais domésticos cresce em meio ao isolamento social

Adoção de animais domésticos cresce em meio ao isolamento social

Especialistas alertam para risco de abandono após pandemia

Adoção de animais domésticos cresce em meio ao isolamento social
Crédito: Pixabay

A solidão do isolamento social tem levado muita gente a adotar um animal de estimação, para ter companhia e distração nesta fase difícil. De acordo com a psicóloga, mestre em Análise do Comportamento e professora do curso de Psicologia da Universidade Positivo, Kátia Biscouto, é comprovado cientificamente que o contato com os bichinhos ajuda a liberar os chamados “hormônios do bem”, aumentando a produção de endorfina (considerada um analgésico natural) e serotonina (que atua no cérebro regulando humor, sono e apetite) e reduzindo as taxas de cortisol (relacionado ao estresse).

Ainda não há estatísticas oficiais dando conta deste aumento, mas, desde o início de abril, a grande maioria das ONGs relatou mais adoções do que o normal. Na ONG Força Animal, de Curitiba (PR), o número triplicou. E este movimento tem ocorrido ao redor de todo o mundo. Na Austrália, por exemplo, as adoções de pets na organização de bem-estar animal RSPCA NSW, no fim de março, chegaram a um aumento de 48%. Os números podem ter sido bem maiores em abril.

Nesse sentido, o isolamento social pode ser uma esperança para os cerca de 3,9 milhões de pets em situação de vulnerabilidade no Brasil – ou ainda para os 172 mil animais tutelados por Organizações Não Governamentais (ONGs), bem cuidados, porém, à espera de um dono. Por outro lado, a coordenadora do curso de Medicina Veterinária da Universidade Positivo, Thaís Casagrande, mostra preocupação com as adoções por impulso. “O medo é que, ao fim da pandemia, quando as pessoas voltarem às atividades normais, estes bichinhos sejam novamente abandonados na rua. Ou então, mesmo que continuem em casa com os novos tutores, voltem a sentir solidão, já que, neste momento, estão tendo atenção 24 horas por dia”.

Segundo Thaís, antes de comprar ou adotar um companheiro animal, é importante se atentar para alguns detalhes: “é preciso pensar, conscientemente, se haverá espaço adequado e seguro para o pet; se poderá arcar, a longo prazo, com os custos de ração, vacinas, tratamentos veterinários, banho e tosa; e se terá tempo e disposição não apenas para dar atenção e carinho, mas também para a higiene diária do ambiente, passeios e cuidados específicos de cada espécie”, enumera. Ainda segundo a veterinária, a compra ou adoção de cães e gatos precisa ser igual um namoro. “A questão do vínculo é essencial. É importante ver se o perfil de personalidade do dono combina com a do animal. Se o temperamento de ambos não se alinhar, o dono pode ficar desgostoso com o bichinho e há o risco de abandono. É claro que, no momento de solidão, o animal preenche esse espaço. Mas é uma relação que tem que ser ganha-ganha para os dois lados, para o animal e para o humano”, ressalta.

Transmissão do novo coronavírus

Thaís explica que o novo coronavírus não afeta animais, somente humanos. Mas não significa que o cão ou gato não possa levar o vírus a um humano. Durante um passeio com o cão, por exemplo, o animal pode pisar ou encostar em algum local que foi contaminado por uma pessoa infectada. Ao chegar em casa, tanto o dono pode encostar diretamente no pelo do cão, durante uma brincadeira ou ao pegar no colo, quanto o animal pode derrubar o vírus do pelo ao subir em camas ou sofás onde tem acesso. O cão não ficará doente. Mas seu dono sim. Portanto, o dono do cão não precisa se desfazer ou abandonar o animal, com medo de pegar o novo coronavírus. Um banho ou higienização das patas do animal são suficientes para evitar o contágio. Para os casos nos quais os tutores estejam com coronavírus, a recomendação é não manter os pets no mesmo ambiente. “É importante deixar tutores e animais separados para que os pets não levem o vírus para frente”, alerta.  centralpress

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