Hábito de roer as unhas aumenta o risco de contágio com Coronavírus

Levar a mão à boca facilita o contágio com microrganismos, principalmente porque a parte de baixo das unhas é uma área de difícil acesso e higienização, fazendo com que se acumulem sujidades e microrganismos transmissores de patologias.

Hábito de roer as unhas aumenta o risco de contágio com CoronavírusÉ definitivamente um péssimo costume tocar o rosto – especialmente sua boca, nariz e olhos – e estamos percebendo agora, com a pandemia do Novo Coronavíris, o quanto isso pode ser perigoso. Mas ainda há um hábito pior: roer as unhas. “Quando isso acontece, você está transferindo todos esses germes presentes naquele local. E você pode ficar doente. Temos que levar em consideração que a parte de baixo das unhas é uma área de difícil acesso e higienizaçãoo que faz com que elas acumulem grande sujidade e se tornem um ambiente propício para a proliferação e sobrevivência de microrganismos transmissores de patologias, como o Coronavírus”, explica a dermatologista Dra. Paola Pomerantzeff, membro da Sociedade Brasileira de Dermatologia. Os germes que entram na boca representam uma das maneiras mais fáceis de contrair qualquer infecção. “Existem muitas infecções nessa época do ano, de bacterianas a virais e gripais. Mas, além disso, como agora temos o Novo Coronavírus, há ainda mais motivos para não roer as unhas”, acrescenta.

De acordo com a dermatologista e tricologista Dra. Kédima Nassif, membro da Sociedade Brasileira de Dermatologia, há uma grande preocupação com relação ao estresse da quarentena. “Segundo os estudos “Feeling stressed? How your skin, hair and nails can show it” (Science daily, 2007) e “Nails as a window of systemic diseases” (Archana Singal and Rahul Arora, Indian Dermatology online Journal, 2015), o estresse é associado aos hábitos de roer e manipular as unhaso que facilita a descamação ungueal, o aparecimento de ranhuras nas unhas e manchas esbranquiçadas. Podem surgir depressões horizontais nas unhas, chamadas de linhas de Beau. E nesse momento, esse hábito facilita o contágio”, diz a Dra. Kédima.

Infelizmente, não há solução mágica para muitas pessoas quando se trata de parar de roer as unhas, mas existem alguns passos que você pode seguir para tentar abandonar o hábito. “A primeira coisa a fazer é tentar descobrir quais são seus gatilhos. Algumas pessoas roem as unhas quando estão entediadas, outras quando estão estressadas”, diz a Dra. Paola. “Se o estresse for o seu caso, exercícios de relaxamento ou atenção plena podem ser ideais para você. Há até aplicativos para isso, como Headspace, Calm e MindTools, que ajudam a controlar o estresse e melhorar a saúde mental”, afirma.

Se o problema for tédio, encontre algo para brincar ou fazer – o que também fará bem para sua saúde mental nesse período de isolamento.

Mas podemos ter cuidados mais diretos com as unhas, para evitar o hábito de levá-las à boca. A recomendação mais adequada é que você corte as suas unhas com frequência, de preferência a cada três dias, para impedir o acúmulo de impurezas, vírus, fungos e bactérias. “O hábito de roer as unhas também abre machucados que servem de porta de entrada para vírus, bactérias e fungos. Por isso, o ideal é manter as unhas sempre aparadas, o que ajuda até mesmo a parar com o vício de roer as unhas”, diz a Dra. Paola.

Caso você opte por manter as unhas longas, é importante redobrar os cuidados com a higienização. “Na hora de lavar as mãos, não se esqueça de passar água e sabão também nas unhas, escovando-as para garantir que as impurezas e microrganismos sejam removidos por completo”, destaca a dermatologista.

Além dos cuidados de higiene, é importante também que você não retire a cutícula da unha. “Essa prática facilita a entrada de microrganismos que causam infecções. Então, caso as cutículas te incomodem, o ideal é utilizar produtos que proporcionem hidratação e emoliência para manter as cutículas bonitas sem precisar retirá-las”, sugere a Dra. Paola. Outro cuidado fundamental nesse período é remover os esmaltes após um curto tempo de uso. “Conforme o esmalte descasca, formam-se elevações propícias para que os microrganismos se alojem e se proliferem, facilitando sua transmissão”, afirma a especialista. Por fim, na hora de fazer as unhas, a Dra. Paola Pomerentzeff ressalta que você deve se lembrar das recomendações do Ministério da Saúde sobre não compartilhar utensílios pessoais e utilizar suas próprias ferramentas para cuidados com as unhas, como esmaltes e alicates.

FONTES:

*DRA. PAOLA POMERANTZEFF: Dermatologista, membro da Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD) e da Sociedade Brasileira de Cirurgia Dermatológica (SBCD), tem mais de 10 anos de atuação em Dermatologia Clínica. Graduada em Medicina pela Faculdade de Medicina Santo Amaro, a médica é especialista em Dermatologia pela Associação Médica Brasileira e pela Sociedade Brasileira de Dermatologia, e participa periodicamente de Congressos, Jornadas e Simpósios nacionais e internacionais. http://www.drapaola.me/

*DRA. KÉDIMA NASSIF: Dermatologista e Tricologista, membro da Sociedade Brasileira de Dermatologia, da Sociedade Brasileira de Cirurgia Dermatológica e da Associação Brasileira de Restauração Capilar. Graduada em Medicina pela Universidade Federal de Minas Gerais, possui Residência Médica em Dermatologia também pela UFMG; realizou complementação em Tricologia no Hospital do Servidor Público Municipal, transplante capilar pela FMABC e em Cosmiatria e Laser pela FMABC. Além disso, atuou como voluntária no ensino de Tricologia no Hospital do Servidor Público Municipal de São Paulo. www.kedimanassif.com.br

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