Os profissionais invisíveis da saúde

Roberley Polycarpo é conselheiro da Associação Brasileira de Importadores e Distribuidores de Produtos para Saúde – ABRAIDI

A espécie humana está sempre em aperfeiçoamento e evolução e um dos grandes desafios da humanidade é enfrentar cataclismos que representam aqui tudo o que altera a organização social: tragédia e calamidade. Ao olharmos para a história do Homo sapiens que evoluiu de maneira significativa, graças a sua capacidade de se sobrepor aos outros animais criando símbolos, escrita e dominando o planeta. Estando hoje no topo da cadeia alimentar.

Citarei aqui “apenas” três eventos significativos que representam mudança total no modo de vida das pessoas: a peste de Atenas, entre 430 e 427 a. C que dizimou 35% da população de Atenas; a peste Negra, de 1347 a 1353 que vitimou 1/3 da população da Europa; e a gripe Espanhola em 1918/19 que matou 50 milhões de pessoas.

Em todos estes eventos o ser humano precisou se reinventar e seguir em frente. Hoje vivemos o quase completamente desconhecido Coronavírus (COVID-19), o inimigo invisível, letal e que precisa ser enfrentado, com ainda pouco conhecimento, pelos pesquisadores e profissionais de saúde, que lutam incansavelmente esta batalha.

Acompanhamos os desdobramentos em relação à malha aérea reduzida de maneira drástica, suspensão de cirurgias eletivas, suspensão de consultas médicas, turismo, comércio, academias e todos os setores minguando e reduzindo sua capacidade de manutenção de suas equipes.

Na saúde, a manutenção de funcionamento do setor é um tema recorrente e fundamental para conseguirmos manter minimamente o equilíbrio em tempos de pandemias; neste diapasão como conseguir continuar abastecendo a cadeia da saúde sem os distribuidores e principalmente sem suas equipes?

Os colaboradores estão desde o início desta pandemia atuando para minimizar a dor dos que dependem de materiais, equipamentos, manutenção de equipamentos, redes de gases, importação, entre outros. Porém, parecemos invisíveis. Técnicos especializados, assessores científicos, executivos de vendas, motoristas, ajudante de cargas, farmacêuticos bioquímicos, engenheiros clínicos, eletrônicos, enfermeiros; toda cadeia de suporte continua trabalhando diuturnamente para que os outros profissionais de saúde consigam ter condições de atender às demandas, mais crescentes a cada dia, e sem sabermos até aonde irá. Enfrentando debates políticos infrutíferos de quanto pior melhor, obviamente não para a coletividade.

Precisamos estar atentos quanto à banalização da vida, bem como aos oportunistas de plantão que sequer atuam no segmento de saúde e querem se aproveitar da atual situação de cataclisma para auferir vantagens ilegais e abusivas.

Em muitas empresas do setor, a valorização do ser humano e sua capacidade de adaptabilidade, aliado a seu interesse em realizar e entregar exatamente o que está combinado entre as partes tem sido a motivação, pois a crise é extremamente complexa e não temos respostas para todas as perguntas. O objetivo é manter equipes, motivá-las, agradecê-las incessantemente e coordená-las. Sabemos que teremos êxito, porque tudo isto irá passar, e todos os anos de aprendizado conjunto farão diferença após este período.

O tempo de isolamento tem florescido ainda mais o sentimento de solidariedade, saudade de um contato humano, de dividir um espaço durante o café da empresa, olhar nos olhos, perguntar como estão… enfim contato humano!

Almejo que consigamos atravessar esta etapa com o menor dano possível e retornar às atividades “normais” sem restrições e reafirmo que toda empresa possui tecnologia, preço e agilidade na entrega, porém o diferencial é o Recurso Humano, que faz a diferença e que deve ser valorizado e privilegiado em qualquer tempo, principalmente neste de pandemia, aliado à formação destes profissionais voltados para as linhas de distribuição específicas o que os tornam verdadeiros super heróis que cuidam de maneira efetiva da cadeia de saúde, sem sequer serem visíveis os olhos de outros segmentos de saúde.