Quarentena: não é hora de fazer dietas restritivas, que podem prejudicar a saúde e o sistema imune

Apesar da quarentena ser um momento propício para adquirir hábitos saudáveis, agora não é a hora de fazer dietas radicais em sua alimentação.

Com a quarentena pela qual estamos passando devido à pandemia do Coronavírus, muitas pessoas estão aproveitando para adquirir novos hábitos e realizar tarefas que antes não tinham tempo. Por exemplo, é comum que alguns utilizem desse momento para finalmente começar aquela dieta que vinha sendo adiada por meses, o que, segundo a Dra. Marcella Garcez, médica nutróloga e docente da Associação Brasileira de Nutrologia, não é recomendado. “A alimentação possui um papel fundamental na manutenção e fortalecimento do organismo, pois é responsável por fornecer nutrientes essenciais para as funções orgânicas. Por isso, qualquer mudança drástica nos hábitos alimentares sem acompanhamento médico, como restrição de grupos alimentares e diminuição de calorias e refeições, pode oferecer riscos à saúde, afetando, inclusive, o bom funcionamento do sistema imunológico, principalmente em pessoas que já apresentam algum tipo de carência nutricional prévia. Então, como o atendimento médico está comprometido pelo isolamento social, este não é o momento para iniciar qualquer dieta restritiva”, alerta.

É claro que aqueles que já eram adeptos à alguma dieta ou praticavam jejum intermitente podem continuar, mas sempre com acompanhamento médico periódico, mesmo que por telemedicina, para avaliar eventuais necessidades e intercorrências e assim evitar possíveis riscos à saúde. “A telemedicina é uma boa maneira de dar assistência aos pacientes nesse período. Ela não substitui a consulta presencial, mas serve como uma forma importante de orientação”, explica o Dr. Paolo Rubez, cirurgião plástico e membro titular da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica.

A recomendação para evitar dietas restritivas e mudanças radicais nos hábitos alimentares não quer dizer, porém, que você deve sair comendo tudo o que vê pela frente. “Assim como a restrição alimentar, o consumo excessivo de calorias também pode desestabilizar a saúde e o sistema imune, além de favorecer o acúmulo de gordura, o envelhecimento precoce e o aparecimento de acne e problemas de circulação”, afirma a Dra. Marcella.

O ideal então é encontrar um meio termo, apostando na adoção de uma alimentação saudável, equilibrada, variada e natural e investindo em alimentos ricos em nutrientes como Vitamina A (cenoura e abóbora), Vitamina C (kiwi e laranja), Vitamina B6 (aveia e banana), Vitamina E (carnes e ovos), Selênio (arroz integral e castanha do pará) e Zinco (frango e grãos integrais). “Esse é um bom momento para iniciarmos bons hábitos de vida e introduzi-los na nossa rotina. Isso ajudará muito, pois quando voltarmos à vida normal, estaremos mais dispostos a seguir com a vida saudável, o que pode trazer muitos ganhos e prevenir uma série de doenças”, afirma a cirurgiã plástica Dra. Beatriz Lassance, membro do Colégio Brasileiro de Medicina do Estilo de Vida. “Você pode usar esse tempo de sobra que estamos tendo durante a quarentena para aprender a cozinhar e preparar refeições caseiras. Assim, além de comer mais saudavelmente, você ficará menos ansioso e mais relaxado, pois o hábito de cozinhar ajuda na redução do estresse.”

Além disso, é interessante também diminuir o consumo de alimentos prejudiciais. De acordo com a Dra. Marcella, o açúcar, por exemplo, não deve compor mais de 10% de todas as calorias ingeridas ao dia. “Além de virar reserva de gordura, o açúcar excedente pode se ligar e degradar proteínas de sustentação da pele em um processo conhecido como glicação, o que acelera o surgimento de rugas e flacidez”, destaca a dermatologista Dra. Claudia Marçal, membro da Sociedade Brasileira de Dermatologia. E o mesmo vale para os carboidratos, principalmente aqueles de menor valor glicêmico, como massas de farinha branca e frituras. “Em geral, qualquer alimento que cause inflamação e liberação de radicais livres é danoso para o nosso corpo”, diz o cirurgião plástico Dr. Mário Farinazzo, membro Titular da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica e médico voluntário no atendimento a casos suspeitos de Covid-19 no Hospital São Paulo.

Assim como o açúcar, o consumo de sal também deve ser reduzido, pois o excesso de sódio pode piorar a circulação e favorecer o surgimento de problemas cardiovasculares. “Tome cuidado redobrado com o sal escondido nos alimentos, principalmente nos industrializados. Poucos sabem, mas até mesmo o suco de caixinha possui sódio”, afirma a Aline Lamaita, cirurgiã vascular e angiologista, membro do Colégio Americano de Medicina do Estilo de Vida. Com relação aos alimentos industrializados, evite também aqueles que são ultraprocessados, como bolachas, guloseimas, sorvetes, bolos e produtos congelados e prontos para o consumo. “Quanto mais processado é o alimento, menor é o seu valor nutricional, pois perde vitaminas durante o processamento, além de conterem grande quantidade de aditivos e conservantes, favorecendo assim a inflamação e a ocorrência de deficiências nutricionais, doenças do coração, diabetes, colesterol e obesidade”, completa a médica.

Por fim, lembre-se de ingerir água diariamente para se manter hidratado. “A água exerce diversas atividades essenciais que garantem o funcionamento adequado do corpo humano. Por ser o principal componente do plasma sanguíneo, a água é uma das responsáveis pelo transporte de nutrientes e dos produtos do metabolismo, além de auxiliar na eliminação de toxinas do organismo e atuar em processos fisiológicos como digestão, absorção e excreção de nutrientes”, finaliza a Dra. Marcella Garcez.

*DRA. MARCELLA GARCEZ: Médica Nutróloga, Mestre em Ciências da Saúde pela Escola de Medicina da PUCPR, Diretora da Associação Brasileira de Nutrologia e Docente do Curso Nacional de Nutrologia da ABRAN. A médica é Membro da Câmara Técnica de Nutrologia do CRMPR, Coordenadora da Liga Acadêmica de Nutrologia do Paraná e Pesquisadora em Suplementos Alimentares no Serviço de Nutrologia do Hospital do Servidor Público de São Paulo. CRM-PR 12559 e RQE 16019.

*DR. MÁRIO FARINAZZO: Cirurgião plástico, membro Titular da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica (SBCP) e Chefe do Setor de Rinologia da Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP). Formado em Medicina pela Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP), o médico é especialista em Cirurgia Geral e Cirurgia Plástica pela Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP), Professor de Trauma da Face e Rinoplastia da UNIFESP e Cirurgião Instrutor do Dallas Rinoplasthy™ e Dallas Cosmetic Surgery and Medicine™ Annual Meetings. Opera nos Hospitais Sírio, Einstein, São Luiz, Oswaldo Cruz, entre outros. www.mariofarinazzo.com.br

*DRA. BEATRIZ LASSANCE: Cirurgiã Plástica formada na Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo e residência em cirurgia plástica na Faculdade de Medicina do ABC. Trabalhou no Onze Lieve Vrouwe Gusthuis – Amsterdam -NL e é Membro titular da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica, da ISAPS (International Society of Aesthetic Plastic Surgery) e da American Society of Plastic Surgery. Além disso, é membro do American College of LifeStyle Medicine e do Colégio Brasileiro de Medicina do Estilo de Vida.

*DRA. CLAUDIA MARÇAL: É médica dermatologista, membro da Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD), da American Academy Of Dermatology (AAD) e da Sociedade Brasileira de Cirurgia Dermatológica (SBCD). É speaker Internacional da Lumenis, maior fabricante de equipamentos médicos a laser do mundo; e palestrante da Dermatologic Aesthetic Surgery International League (DASIL). Possui especialização pela AMB e Continuing Medical Education na Harvard Medical School. É proprietária do Espaço Cariz, em Campinas – SP.

*DRA. ALINE LAMAITA: Cirurgiã vascular e angiologista, Dra. Aline Lamaita é membro da Sociedade Brasileira de Angiologia e Cirurgia Vascular, da Sociedade Brasileira de Laser em Medicina e Cirurgia, do American College of Phlebology, e do American College of Lifestyle Medicine. Formada pela Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo, a médica participa, na Universidade de Harvard, de cursos de pós-graduação que ensinam ferramentas para estimular mudanças no estilo de vida nos pacientes em prol da melhora da longevidade e qualidade de vida. A médica possui título de especialista em Cirurgia Vascular pela Associação Médica Brasileira / Conselho Federal de Medicina. http://www.alinelamaita.com.br/

*DR. PAOLO RUBEZ: Cirurgião plástico, membro titular da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica, da Sociedade Americana de Cirurgia Plástica (ASPS) e da International Society of Aesthetic Plastic Surgery (ISAPS), Dr. Paolo Rubez é Mestre em Cirurgia Plástica pela Escola Paulista de Medicina da UNIFESP. O médico é especialista em Cirurgia de Enxaqueca pela Case Western University, com o Dr Bahman Guyuron (em Cleveland – EUA) e em Rinoplastia Estética e Reparadora, pela mesma Universidade, e pela Escola Paulista de Medicina/UNIFESP. http://drpaolorubez.com.br/

maria.claudia@holdingcomunicacoes.com.br