Setores de Pet Shops, Agronegócio e Autopeças conseguem reduzir ritmo de perdas na pandemia

O estudo, elaborado pelo Sebrae em parceria com a FGV, ouviu mais de 10 mil donos de pequenos negócios de todos os estados e do Distrito Federal

As medidas de isolamento social, necessárias para frear a disseminação da pandemia do coronavírus,e o receio de contágio, por parte do consumidor, vêm impactando fortemente os pequenos negócios brasileiros. Uma série de pesquisas realizadas pelo Sebrae que avaliou a perda média de faturamento semanal dos microempreendedores individuais, micro e pequenas empresas, mostra, entretanto, que alguns segmentos se diferenciam por conseguirem reduzir o volume das perdas, quando comparadas ao universo das empresas. Enquanto, no geral, a perda média semanal (aferida entre os dias 30 de abril e 5 de maio) foi de 60%, setores como Pet Shops e Serviços Veterinários (-35%), Agronegócio (-43%) e Oficinas e Peças Automotivas (-48%) conseguiram frear o ritmo de perdas ao longo das semanas de isolamento.

Por trás desse desempenho, estão alguns fatores, como a flexibilidade para a operação concedida a esses segmentos na maior parte dos estados,as características próprias desses segmentos, que não costumam provocar grandes aglomerações de clientes e as adaptações feitas pelos empresários para tentar aumentar as receitas. É o caso de Júlio César Lopes, dono de um petshop em Itapetininga (SP). Segundo ele, a alternativa para driblar a crise foi implantar o sistema de delivery. Ele afirma que desde que passou a oferecer esse tipo de serviço, a busca aumentou aproximadamente 70% durante a pandemia. “Como as pessoas estão dentro de casa, a preocupação com os pets aumenta. Mas além dos cuidados básicos como banho e tosa, muitos donos de animais têm buscado comprar produtos para entretê-los dentro de casa. Aumentou bem a procura”, contou.

O setor do agronegócio também tem conseguido reduzir o tamanho do impacto econômico usando de soluções inovadoras como a adoção do sistema de delivery, onde os pequenos produtores fazem a entrega diretamente aos clientes e feiras virtuais, por exemplo.  É o caso da produtora Ariante Santos que, diante da perda do mercado de restaurantes, que diminuíram a demanda por seus produtos, decidiu partir para o sistema de entrega em domicílio para o consumidor final. “A conta não chega a fechar 100%, mas tem ajudado muito, principalmente para escoar as coisas, porque a produção continua igual, para garantir que continue tendo os produtos”, explica.

A comerciante Débora Rofato revende orgânicos há 3 anos e meio. No começo, era tudo pela internet, depois montou uma loja em Piracicaba, onde comercializa frutas, verduras, legumes, carnes e produtos processados. “A gente viu que teve um aumento muito grande do delivery, das pessoas querendo receber em casa”, conta Débora. Ela, então, diminuiu o horário de funcionamento da loja física e aumentou em 50% o número de vendas online. Semanalmente são entregues pelo menos 45 cestas.

Redução das perdas

Segundo a última pesquisa do Sebrae, que ouviu 10.384 pessoas, até os setores mais prejudicados pela crise mostraram uma leve recuperação em relação às edições anteriores, ocorridas entre 19 e 23 de março e entre 4 e 7 de abril. O Turismo, por exemplo, chegou a apresentar uma queda de quase 90% em março, um mês após o registro do primeiro caso da doença no Brasil, já em maio verificou uma queda de 75%. De acordo com o analista do Sebrae, Rafael Moreira, esse movimento ocorre principalmente porque os pequenos negócios começaram a se reinventar e buscar novas formas de gerar receitas. “Muitos empresários e consumidores estão aprendendo a navegar nesse novo normal. No setor de Turismo, por exemplo, a gente vê hotéis que estão alugando seus quartos para as prefeituras que precisam isolar profissionais da saúde e grupos de risco.Outro movimento que vem crescendo é o de consumidores que começaram a organizar viagens para o próximo semestre ou para o próximo ano, principalmente para destinos mais próximos de sua casa”, explica.

Outros setores bastante afetados pela crise são a Economia Criativa (eventos, produções etc.), que chegou a registrar uma diminuição de 86% (março) do seu faturamento semanal e, em maio, conseguiu reduzir um pouco essa perda (77%). E as academias, que tiveram um impacto maior em abril, com uma queda de 87% e em maio passaram por uma leve recuperação, chegando a registrar 72% de perda. “São setores que têm como característica em comum as aglomerações. Então, o nível de risco é alto e, no geral, as pessoas ainda não têm confiança para voltar a ir a shows e a frequentar academias”, comenta. “Então, esses são os setores que mais precisam se reinventar. A gente tem visto por aí muitos artistas fazendo lives e também academias e personaltrainers oferecendo seus serviços de modo online, o que ajudou bastante nessa recuperação”, complementa Rafael.

Dicas para enfrentar a crise

 

*Segurança sanitária- Mostre ao consumidor quais medidas de segurança e protocolos de higienização está adotando em seu estabelecimento. Quanto mais segurança você passar para o seu público, mais ele consumirá os seus produtos sem preocupações.

*Online – Invista nas plataformas de vendas online para dar uma maior capilaridade ao seu negócio. Mas, antes, pesquise e avalie as plataformas que melhor se encaixam no perfil do seu negócio.

*Mídias sociais – Invista na divulgação em várias plataformas, como Instagram, Youtube e WhatsApp profissional.

*Delivery – A entrega em domicílio é uma das maiores tendências nesse momento, principalmente para negócios na área de alimentação e bebidas. Mas, antes de aderir, entenda quais são os tipos de delivery oferecido pelas empresas e as taxas cobradas por cada um.

*Pesquise e reinvente – Analise o seu público e procure entender quais as necessidades dele no momento. Ofereça soluções focadas nas necessidades atuais.

Perdas no faturamento por segmento

 Pet Shops e Serviços Veterinários

  • Março (-55%)
  • Abril (-51%)
  • Maio (-35%)

Agronegócio

  • Março (-44%)
  • Abril (-50%)
  • Maio (-43%)

Oficinas e Peças Automotivas

  • Março (-55%)
  • Abril (-69%)
  • Maio (-48%)

Turismo

  • Março (-88%)
  • Abril (-87%)
  • Maio (-75%)

Economia Criativa

  • Março (-86%)
  • Abril (-80%)
  • Maio (-77%)

Academias

  • Março (-68%)
  • Abril (-87%)
  • Maio (-72%)