Idosos correspondem a 77% das vítimas fatais de infarto e 82% dos óbitos por AVC, no Brasil

Idosos a partir dos 75 anos têm o risco de um ataque cardíaco ou uma doença arterial (DAC) fatal aumentado em 57% nos homens brancos, 66% em homens negros, 125% nas mulheres brancas e 62% nas mulheres negras, na comparação com aqueles entre 65 e 74 anos, segundo a American Heart Association. No Brasil, os dados mais atuais do Ministério da Saúde revelam que 115.321 pessoas morreram de infarto, em 2018. Idosos com mais de 80 anos representam 28% deste total, 25% tinham entre 70 e 79 anos e 24% entre 60 e 69 anos. Ou seja, somados os idosos representam 77% do total de óbitos. As mortes por AVC são ainda mais cruéis com a terceira idade: 37% das vítimas de AVC, em 2018, no Brasil, tinham acima de 80 anos, 26% entre 70 e 79 anos e 18% entre 60 e 69 anos. Juntas, as três faixas etárias correspondem a 82% do total de óbitos por derrame.

 

Infarto

20 a 29 anos 30 a 39 anos 40 a 49 anos 50 a 59

anos

60 a 69

anos

70 a 79

anos

80 anos e mais Total
575 2.051 6.774 16.593 27.245 29.584 32.303 115.321

 

AVC

20 a 29 anos 30 a 39 anos 40 a 49 anos 50 a 59

anos

60 a 69

anos

70 a 79

anos

80 anos e mais Total
507 1.706 4.620 10.313 18.662 26.374 37.353 99.904

 

Fonte: Ministério da Saúde (dados de 2018)

 

Os índices preocupam os cardiologistas, que vão debater o tema no Congresso Virtual da Sociedade de Cardiologia do Estado de São Paulo (SOCESP), entre os dias 29 de junho e 02 de julho. O evento anualmente é um dos maiores da especialidade do hemisfério sul. “O aumento da expectativa de vida dos brasileiros nos impõe um desafio cada vez maior. Hoje o Brasil tem 28 milhões de idosos, que serão mais de 40 milhões em 2031. A prevenção e o tratamento das doenças coronárias na terceira idade, orientada por diretrizes, pode prover substancial benefício para idosos com DAC, independentemente se tratados conservadoramente ou por revascularização. Por outro lado, é fundamental levar em consideração alterações relacionadas à idade na função renal, perfusão hepática, gordura corpórea, composição da massa muscular e reservas de água do corpo que podem resultar em modificações da absorção e resposta ao tratamento”, afirma o palestrante do Congresso Virtual da SOCESP, Marcelo Bertolami.

O cardiologista, que é professor e orientador do Programa de Pós-Graduação do Instituto Dante Pazzanese de Cardiologia/Universidade de São Paulo, ressalta ainda que pacientes com idade avançada têm mais probabilidade de terem pouca formação, demência e falta de suporte social, o que resulta em maior potencial de erros na aderência e administração da medicação. “A frequente necessidade de numerosas medicações aumenta o risco de interações adversas doença-remédio e remédio-remédio, bem como não aderência”, alerta.

De acordo com a Diretriz Brasileira de Dislipidemias e Prevenção da Aterosclerose mais recente, o tratamento da dislipidemia no idoso até os 75 anos de idade deve seguir as mesmas orientações do não idoso. Após os 75 anos, as doses de fármacos para o tratamento das dislipidemias (controle dos níveis de colesterol) devem ser individualizadas de acordo com a presença de comorbidades, a expectativa de vida e o uso de polifarmácia.

Bertolami reforça a importância da prevenção primária, que envolve a mudança do estilo de vida, também entre os mais idosos. “É importante abandonar o tabagismo, praticar atividade física, ter uma dieta saudável, evitar o sobrepeso, controlar os índices de colesterol, diabetes e pressão arterial”. E finaliza: “A tomada de decisão compartilhada sobre o tratamento ideal é essencial para garantir que as medidas de rastreamento e prevenção estejam bem alinhadas com as metas e preferências de cada paciente”.

 

Serviço:

Congresso Virtual de Cardiologia SOCESP

Tema: Prevenção e tratamento da doença coronária no muito idoso

Palestrante: Marcelo Bertolami

Data: 30 de junho

Horário: 21h10 às 21h20

Informações e Inscrições: www.socesp.org.br/congressovirtual