Buscando dar sentido às suas vidas, através de um propósito mais significativo que vai além das rotinas habituais de trabalho e dos diversos papéis desenvolvidos, muitas pessoas estão passando por um processo de ampliação de suas consciências.
Na área corporativa, não é diferente. Com olhar holístico, algumas empresas passaram a ressignificar suas missões e visões, assumindo um compromisso de ética, responsabilidade e sustentabilidade para com algo muito maior, capaz de envolver seus colaboradores, sociedade e acionistas, transformando e contribuindo para o fomento de um mundo melhor. Essas empresas também visam lucro e tem como objetivo continuar crescendo, no entanto, ao mesmo tempo, entendem seu papel perante à sociedade, o meio ambiente e o seu compromisso com as futuras gerações. As organizações que estão conseguindo fazer essa transformação de significado e propósito são chamadas de espiritualizadas.
Nesse sentido, os profissionais que atuam na área de gestão de pessoas também precisaram entender e se reinventar para acompanhar esse novo momento e a nova forma de olhar.
Nunca como agora, foi tão necessário colocar em prática o conceito de diversidade, em que cada um é único e especial, assim como suas necessidades e particularidades.
Hoje, não há mais espaço para uma área de Recursos Humanos que seja orientada apenas para cumprir a legislação, realizando somente atividades operacionais. O significado de um RH estratégico se faz necessário. Essa transformação vai muito além do que simplesmente criar um nome mais significativo para a área. Continuamos falando de pessoas que possuem um contrato de trabalho e que são remuneradas por suas entregas. O que realmente mudou é que agora esses profissionais têm um poder de escolha muito maior, e podem optar por fazer parte ou não de uma organização, levando em consideração seus valores pessoais e propósitos de vida.
O RH é uma área que conquistou seu espaço e se tornou fundamental para o sucesso de qualquer negócio. No entanto, são as pessoas que entregam a estratégia, e a cultura que define o como essas entregas acontecerão. A cultura empregada deve assegurar que haja respeito e cuidado com todos, isso é o certo a fazer. Apenas desse modo, é possível fazer valer os direitos e deveres de cidadãos responsáveis, éticos e solidários.
A nova área de RH precisa estar preparada para falar abertamente de assuntos que antes eram considerados tabus. Nunca foi tão premente dialogar a respeito de ética e integridade, igualdade na diversidade, respeito pelas pessoas, inclusão e conectividade.
Hoje, os indicadores mudaram, não se mede mais turnover e absenteísmo, homem/hora e outros. O que torna a área diferenciada, é saber qual é o índice de engajamento dos colaboradores, números de homens e mulheres em posições de liderança, por quanto tempo esses profissionais permanecem na empresa, qual é o percentual de empregados por faixa etária, evolução de sucessores prontos para assumir posições de liderança, número de promoções, etc. Esses indicadores que demonstram o quanto a empresa está aberta à diversidade e ao desenvolvimento efetivo de seus colaboradores, para que estejam capazes de inovar, com competência e responsabilidade.
O novo RH deve estar apto para olhar para o presente, sem se descuidar do futuro. Isso significa cuidar das pessoas, entendendo o momento de cada uma, apoiando-as da melhor forma possível e não deixando de lado o seu progresso na empresa, bem como sua saúde física e mental.
*Liandra Pellegrini é diretora de Recursos Humanos da Statkraft no Brasil. Trabalhou em diversas empresas multinacionais de médio e grande porte, nos segmentos de Papel, Energia e Alimentos, como, por exemplo, Seara Alimentos, Brookfield Energia Renovável, Norske Skog Pisa, dentre outras. Tem experiência internacional tendo atuado como membro de time multidisciplinar e multicultural de Gestão de Pessoas para implementação de melhores práticas em diversos países.