Início Vida e Saúde Por causa do celular, sairemos da quarentena com mais rugas no pescoço?

Por causa do celular, sairemos da quarentena com mais rugas no pescoço?

Durante o isolamento, passamos quase 2/3 do dia com a cabeça inclinada para baixo olhando o celular. Você sabia que isso acelera sinais de envelhecimento no pescoço? Estudo da Universidade de Chung-Ang, da Coreia do Sul, mostrou que mulheres a partir dos 29 anos já apresentam rugas na região

Por causa do celular, sairemos da quarentena com mais rugas no pescoço?

Estamos cada vez mais conectados a dispositivos móveis e, com o isolamento, até nossos momentos de lazer estão no celular – seja falando com amigos, vendo uma receita nova na internet ou buscando outra distração. Muitas pessoas passam quase 2/3 do dia olhando o celular. Mas é bom que você saiba que o uso de dispositivos móveis está acelerando o processo de envelhecimento em uma região difícil de tratar com cremes: o pescoço. De acordo com o estudo da Universidade de Chung-Ang, na Coreia do Sul, sobre nova técnica para combater rugas no pescoço, mulheres a partir dos 29 anos já apresentam vincos nessa região, enquanto o natural seria depois dos 40. “Recentemente, o número de pacientes com rugas do pescoço vem aumentando. Além disso, um número crescente de pacientes jovens apresentou essa condição, possivelmente devido ao efeito da postura que eles adotam ao olhar para baixo quando usam smartphone ou outros dispositivos”, afirma o estudo. Sairemos da quarentena com mais rugas nessa região?

Nos Estados Unidos, a imprensa especializada até apelidou o problema como ruga “Tech Neck”. A dermatologista Dra. Claudia Marçal, membro da Sociedade Brasileira de Dermatologia e da Academia Americana de Dermatologia, ressalta que os movimentos repetitivos formam sulcos, como se fossem “colares cervicais”. “A pele do pescoço é muito fina, praticamente sem glândulas sebáceas, com espessura próxima a dois milímetros, pouco hidratada e onde há grande movimentação natural pela própria dinâmica da região. A inclinação frequente da cabeça para baixo a fim de olhar o celular, tablet ou outro dispositivo, provoca sinais de envelhecimento mais rápidos”, explica a médica.

De acordo com a dermatologista, os movimentos musculares do pescoço realizados a todo o instante sejam voluntários como a laterização, extensão, inclinação para baixo ou mesmo na mastigação e fala produzem inicialmente pequenas linhas, que com o passar do tempo vão se acentuando. “Elas adquirem o status de rugas e sulcos bastante marcados como verdadeiros colares cervicais horizontais”, afirma.

O termo já vinha se tornando uma das preocupações mundiais em skincare, pois o constante dobramento da pele em movimentos repetitivos, característico da era das selfies, aumentou a procura por tratamentos preventivos e corretivos das rugas e linhas do pescoço. Há poucos anos, a marca de luxo Yves Saint Laurent, por exemplo, desenvolveu pesquisas que também vinculam o uso do celular com a aceleração do envelhecimento dessa pele, e criou um creme concentrado com ação antirrugas para a região do pescoço.

No Brasil, a Biotec Dermocosméticos – responsável por distribuir matéria prima dermo e nutricosmética para farmácias de manipulação – criou uma bala e um creme Tech Neck, com função de estimular o colágeno da região e melhorar o aspecto dessas rugas. Enquanto a bala traz três poderosos ativos (Exsynutriment, Glycoxil e Incell) para atuar na síntese de colágeno e proteção da pele por via oral, o creme diminui a degradação de colágeno e tem ação preenchedora, por conta do ativo SWT-7.

A dermatologista acrescenta que a área é quase sempre esquecida, mesmo para quem tem o hábito de cuidar do rosto. “A própria característica local somada às agressões ambientais como água quente, frio, poluição, ar condicionado, sol, vento e o uso de perfumes contendo álcool e bijuterias (que podem causar hipersensibilidade local e alergias), podem provocar ainda mais ressecamento, vermelhidão e mudança da textura da região”, conta.

Prevenção — De acordo com a dermatologista, uma dica importante é, mesmo quando mexer nos dispositivos, manter a cabeça ereta, sem inclinações, e a postura alinhada: o celular deve ser erguido na direção dos olhos. Com relação aos cuidados diários, a médica indica sabonetes neutros ou loções de limpeza à base de ativos calmantes. “As loções tônicas vêm na sequência e vão preparar a pele para receber o sérum tensor que pode conter Hyaxel, ácido hialurônico de baixo peso molecular, antioxidantes, vitaminas e glicosaminoglicanas, além de substâncias que recuperem a volumetria da região como Adipofill e Sculptessence”, conta. O protetor solar deve ter FPS 30 no mínimo e ser reaplicado após quatro horas no dia a dia. “À noite, a região, após a higienização, pode receber água termal em jatos e após alguns minutos, usar vitamina C na forma de sérum, emulsão ou espuma associada a outras vitaminas como B5, E, F e alfa hidroxiácidos, alternando com nutritivos”, explica.

Tratamentos — Além da toxina botulínica, muitos tratamentos podem ser feitos na região para tratar as rugas tech neck. Uma das novidades é o Ultrassom 3D Solon, que permite ajustar exatamente a profundidade onde o aparelho vai agir e o tamanho do dano térmico. Com isso, o tratamento é menos dolorido e reduz as rugas de maneira poderosa. “Do ponto de vista clínico, o tratamento é menos dolorido e muito mais homogêneo. Ele estimula mais colágeno e traz resultados na hora. O paciente pode imediatamente voltar às atividades de rotina”, afirma o dermatologista Dr. Abdo.

Outra tecnologia para esse fim é o plasma de baixa temperatura Surgical Derm. Indicado para rugas profundas, principalmente no pescoço, Surgical Derm é um plasma endodérmico que penetra na pele através de pequenos orifícios chegando até a derme e promovendo contração. “Uma sessão do plasma traz mais resultado que 4 sessões de laser CO2, que é um procedimento extremamente dolorido. Ele é um plasma que faz a sublimação (passagem direta de uma substância do estado sólido para o estado gasoso) da pele, que não carboniza: isso é o grande diferencial. Existem outros plasmas, usados por esteticistas, que carbonizam, furam e queimam a pele. O Surgical Derm é um plasma frio que entra na pele com um orifício muito fino e se espalha na derme”, afirma o médico. Com isso, há uma grande contração da pele, que reduz de forma eficaz as rugas com resultado percebido já na primeira sessão.

FONTES:

*DR. ABDO SALOMÃO JR: Doutor em Dermatologia pela USP (Universidade de São Paulo). É sócio Efetivo da Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD), Membro da American Academy of Dermatology (AAD), Sociedade Brasileira de laser em Medicina e Cirurgia e do Colégio Ibero Latino Americano de Dermatologia. Professor universitário, Dr. Abdo Salomão Jr. ministra aulas nos principais congressos nacionais da especialidade. Além disso, já deu aulas na Austrália, Itália e Coréia do Sul. É uma referência em conhecimento de lasers e tecnologias para fins dermatológicos e estéticos. Diretor da Clínica Dermatológica Abdo Salomão Junior.

*DRA. CLAUDIA MARÇAL: É médica dermatologista, membro da Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD), da American Academy Of Dermatology (AAD) e da Sociedade Brasileira de Cirurgia Dermatológica (SBCD). É speaker Internacional da Lumenis, maior fabricante de equipamentos médicos a laser do mundo; e palestrante da Dermatologic Aesthetic Surgery International League (DASIL). Possui especialização pela AMB e Continuing Medical Education na Harvard Medical School. É proprietária do Espaço Cariz, em Campinas – SP.

paula.amoroso@holdingcomunicacoes.com.br

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