Pequenos negócios paranaenses se adaptam para reagir diante da pandemia, diz pesquisa do Sebrae

Levantamento apontou que 66% das empresas do estado mudaram a maneira de funcionar e 46% dos negócios estão utilizando ferramentas digitais para manter atividade

Pequenos negócios paranaenses se adaptam para reagir diante da pandemia, diz pesquisa do Sebrae
Foto de Clem Onojeghuo no Pexels

Após período crítico para manter os negócios em funcionamento, as micro e pequenas empresas paranaenses começaram a apresentar sinais de reação diante dos impactos da pandemia. Um levantamento feito pelo Sebrae, em parceria com a FGV, entre os dias 25 e 30 de junho, apontou que 66% das empresas do estado mudaram a maneira de funcionar e que 22% delas interromperam o funcionamento. Na pesquisa anterior, realizada em abril, a interrupção temporária havia afetado 61% das empresas e apenas 29% tinham realizado adequações para continuar em atividade.

Os dados fazem parte da 5ª edição da Pesquisa “O impacto da pandemia de coronavírus nos pequenos negócios”, que teve a participação de 6.470 Microempreendedores Individuais (MEI), Microempresas e Empresas de Pequeno Porte em todo o país. No Paraná, foram ouvidos 512 empresários. O novo levantamento também apontou uma redução na queda de faturamento das empresas paranaenses. Enquanto em abril a perda média era de 76,9%, em junho a média de diminuição das receitas ficou em 60%. Em todo o país, a variação foi ainda maior. As receitas das empresas brasileiras tinham diminuído, em média, 70% em abril e na pesquisa mais recente o número era de 51%.

O levantamento aponta que desde o início da pandemia, 800 mil empresas brasileiras conseguiram estancar a queda no faturamento. A proporção de pequenos negócios com redução no faturamento caiu de 89% para 84%, desde março, quando foi feita a primeira edição da pesquisa. Essa recuperação, entretanto, não é igual para todos os segmentos. Alguns setores como o agronegócio, indústria alimentícia e pet shop/veterinária apresentam maior capacidade de retomada, ao contrário de setores mais diretamente afetados, como turismo e economia criativa.

“O estancamento na queda de faturamento sinaliza um tímido movimento de recuperação. Mas ainda estamos longe de vencer a crise. E sem o destravamento do dinheiro disponível nos bancos, essa retomada será extremamente lenta ou até fatal para os pequenos negócios, pois a reabertura implica em gastos e não necessariamente em demanda de clientes”, ressalta o presidente do Sebrae, Carlos Melles.

O levantamento do Sebrae também mostrou que as empresas vêm se adaptando ao novo cenário ao intensificar a transformação digital dos negócios e as vendas online. Nos últimos dois meses, no Paraná, houve um aumento de 31% para 46% das empresas que estão utilizando ferramentas digitais para se manterem em funcionamento. Em todo o Brasil, o número passou de 37% para 44%. Nacionalmente, também houve uma redução de 39% para 23% entre as empresas que afirmam que só podem funcionar presencialmente.

De uma forma geral, a pesquisa mostra que houve uma redução na restrição de circulação de pessoas no período analisado, com queda de 63% para 54% nas medidas de quarentena (fechamento parcial) e lockdown (fechamento total). Por outro lado, observa-se que as regiões em que o nível de isolamento era menor, como Sul e Centro-Oeste, caminham agora em sentido contrário ao movimento nacional e tiveram que aumentar as medidas de isolamento. No Paraná, por exemplo, há pouco mais de um mês, 36,8% dos empresários apontaram que o estado passava por um fechamento parcial ou total. No final de junho, o número subiu para 72%.

Crédito

A 5ª edição da pesquisa do Sebrae mostra que houve, novamente, um aumento na proporção de empresas que conseguiram empréstimo, porém em um ritmo aquém do esperado (de 16% para 18%). Na contramão, o número de empresas que buscou empréstimos aumentou consideravelmente, principalmente entre as MPE. Entre a 4ª e a 5ª edição da pesquisa, o percentual de empreendedores que buscaram crédito saiu de 39% para 46%. Entre os principais motivos para a recusa dos bancos está a negativação; sendo o CPF com restrição a principal razão pela não obtenção de crédito entre os MEI e a negativação no CADIN/Serasa, no caso das ME e EPP.

Confira abaixo outros dados da pesquisa em nível de Brasil

  • O número médio de pessoas ocupadas nas empresas foi de 3,4 com redução (12% para 10%) na proporção de empresas que demitiram. O número médio de funcionários demitidos pelas empresas manteve-se em 2,5.
  • Cresceu (39% para 46%) a proporção de empresas que buscaram empréstimo. Já o crescimento da proporção de empresas que tiveram sucesso no pedido foi pequeno (16% para 18%).
  • Houve uma redução (63% para 54%) nas restrições de circulação de pessoas. No entanto, nas regiões onde essa restrição era menor no mês passado (Centro-Oeste e Sul), observa-se agora um aumento nas medidas de isolamento social.
  • Foi verificado um aumento (45% para 59%) na proporção de empresas que mudaram sua forma de funcionar, e uma redução (43% para 29%) na proporção de empresas que haviam interrompido o funcionamento temporariamente.
  • Cresceu (37% para 44%) a proporção de empresas que estão fazendo uso de ferramentas digitais para poder funcionar.
  • Caiu (39% para 23%) a proporção de empresas que afirmam que só podem operar presencialmente.