Pessoas com doenças cardíacas diagnosticadas na infância têm mais chance de desfrutar de uma vida normal

Pessoas com doenças cardíacas diagnosticadas na infância têm mais chance de desfrutar de uma vida normal

Cardiopatia Congênita no Adulto é um dos temas do Congresso Virtual de Cardiologia da SOCESP, que acontece esta semana, nas plataformas virtuais

“Pacientes com cardiopatia congênita, tratados na infância, podem não necessitar de novos tratamentos e poderão levar uma vida praticamente normal.” A afirmação é da cardiologista Ieda Biscegli Jatene, uma das palestrantes do Congresso Virtual de Cardiologia da SOCESP, que termina hoje.
Segundo a especialista, os avanços no diagnóstico clínico, bem como a incorporação de novos métodos, a evolução nas técnicas cirúrgicas e o tratamento por cateterismo, além dos cuidados no pós-operatório tanto logo após o procedimento cirúrgico como ao longo da vida, permitem que 80 a 85% dos pacientes tratados na infância cheguem à idade adulta. “Nos dias atuais, o número de adolescentes e adultos com cardiopatia congênita já é superior ao número de crianças nessas condições”, disse a cardiologista.

“Devemos considerar dois agrupamentos de pacientes adultos com cardiopatias congênitas: os que nunca foram diagnosticados e aqueles que foram tratados na infância, sendo que, este segundo grupo, pode necessitar de novas terapêuticas ou porque ficaram com lesões residuais ou por necessidade de tratamentos complementares, de acordo com a programação estipulada pelo especialista, o que varia muito de patologia para patologia”, afirmou.

Principais prejuízos

Entre os principais prejuízos dos diagnósticos tardios, no caso de algumas cardiopatias específicas, está a evolução para a pressão aumentada no pulmão, a hipertensão pulmonar, que pode contraindicar o tratamento cirúrgico ideal no adulto. “Nesses casos, o transplante pode ser a única solução”, diz. “Quando a tratamento ocorre no momento mais indicado, os pacientes terão melhor qualidade de vida. Também há cardiopatias muito graves, que necessitam de procedimentos logo após o nascimento, nos primeiros dias ou meses de vida, sob o risco de essas crianças não chegarem à adolescência”, alertou Ieda Jatene.

De acordo com a cardiologista, as campanhas de mobilização de saúde pública são extremamente importantes para detecção precoce das enfermidades. “No Brasil ainda não há estatísticas, mas, nos EUA, apenas 10% dos cardiopatas chegam sem diagnóstico prévio à fase adulta”, disse.

Mas houve muita evolução. “Especialmente com o desenvolvimento do ecocardiograma fetal. Isso porque, em boa parte das vezes, o diagnóstico intraútero permite programar o tratamento logo após o nascimento e em melhores condições clínicas”.