Reabertura da quarentena possibilita retomada de cirurgias plásticas, mas exige cuidados redobrados

Cirurgião plástico explica quais medidas devem ser tomadas para que os procedimentos estéticos invasivos ocorram com segurança durante esse momento de flexibilização do isolamento social e reabertura gradual do comércio.

Reabertura da quarentena possibilita retomada de cirurgias plásticas, mas exige cuidados redobrados
ilustração extraída do site https://advertising.lww.com/resources/lippincott-audiences-in-the-spotlight/plastic-surgeons.html

Devido a pandemia do Coronavírus, grande parte dos consultórios médicos foram fechados e, consequentemente, as cirurgias plásticas foram adiadas.  Mas agora, com a reabertura gradual do comércio e a flexibilização, a realização de algumas cirurgias plásticas já pode ser retomada. “Os procedimentos cirúrgicos são sempre realizados em hospitais específicos que possuem alas separadas para receber os pacientes que não estão infectados com o Coronavírus e que seguem todos os protocolos de higienização conforme recomendações das organizações de saúde e dos órgãos regulamentadores. Ou seja, todos os cuidados são tomados para que a cirurgia ocorra da maneira mais segura possível. Nosso objetivo e o mais importante nesse momento é manter o paciente seguro e evitar riscos desnecessários à saúde”, afirma o Dr. Paolo Rubez, membro titular da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica. Porém, de acordo com o médico, é preciso que os cuidados com os procedimentos sejam redobrados, tanto no pré quanto no pós-operatório.

Segundo o especialista, o primeiro passo é seguir fielmente com o acompanhamento médico pré-operatório, o que pode ser feito por consulta presencial ou por atendimento online. “A telemedicina é uma tendência que vem crescendo cada vez mais e que agora pode ser usada aqui no Brasil. Mas serve apenas como uma forma de orientação aos pacientes, não substituindo a consulta presencial. Caso surja alguma dúvida mais importante, não há alternativa: o atendimento deve ser feito presencialmente, o que já foi novamente liberado pelo Conselho Federal de Medicina desde que realizado com os cuidados necessários”, afirma o médico. Esse acompanhamento permite que o médico avalie a possibilidade da realização do procedimento, prosseguindo assim para o agendamento ou, em caso negativo, para o adiamento da cirurgia. “É importante que o médico seja informado de seu histórico completo de saúde, principalmente no que diz respeito a doenças crônicas como hipertensão, diabetes, doenças cardíacas ou respiratórias, já que são condições que podem agravar os quadros de COVID-19.”

Caso a cirurgia seja mantida, você deve seguir normalmente com os cuidados pré-operatórios, isto é, evitando fumar, ingerir bebidas alcóolicas ou usar qualquer medicamento com princípios ativos anticoagulantes, como Aspirina, já que esses podem favorecer sangramentos. “Mas, além dos cuidados pré-operatórios comuns, você deve se atentar às recomendações para evitar a transmissão do Coronavírus, que incluem permanecer em quarentena, utilizar máscara, higienizar as mãos frequentemente e evitar tocar o rosto. O objetivo é não contrair a COVID-19 ou qualquer outra doença infecciosa no período pré-operatório que possa colocar sua saúde em risco durante e após a realização do procedimento”, alerta o cirurgião plástico. Dependo do médico e do paciente, pode existir a necessidade da realização de cuidados e exames específicos. “Em nossa clínica, por exemplo, adotamos como protocolo a realização do Exame PCR, que detecta o novo Coronavírus, para o paciente, acompanhante e equipe médica no próprio hospital com 72 horas de antecedência do procedimento sem custos adicionais como forma de priorizar a saúde do paciente”, completa o Dr. Paolo.

Já no pós-operatório, além das recomendações gerais com relação ao Coronavírus e as orientações pós-operatórias convencionais, que incluem permanecer em repouso e evitar exposição ao sol, o paciente recém-operado também deve tomar alguns cuidados para prevenir o contágio por agentes patógenos e acelerar a recuperação e o processo de cicatrização. “Isso porque, no período pós-operatório, a imunidade do paciente fica reduzida, já que o sistema imune está com suas forças voltadas para o processo de cicatrização. Logo, o organismo fica mais suscetível à entrada de microrganismos nocivos, incluindo o novo Coronavírus”, explica o médico. “Então, o ideal é permanecer em quarentena total após o procedimento por 14 dias e manter a higienização constante da residência e de todos os objetos que entrarem na casa. Além disso, se o paciente convive com alguém que trabalha com serviços essenciais e não pode permanecer em isolamento, o recomendado é solicitar que o indivíduo, ao chegar em casa, realize a higienização necessária e apenas entre em contato com o paciente utilizando luvas e máscara de proteção.”

Outro cuidado importante é a hidratação da pele após liberação de seu médico, já que o hábito, além de ajudar no processo de cicatrização ao melhorar a espessura e a maciez da pele, também reduz as chances de formação de cicatrizes inestéticas. “Porém, ainda mais importante que a hidratação é a fotoproteção do local, que deve ser realizada diariamente com a aplicação de protetor solar com FPS 50”, destaca o médico. O Dr. Paolo Rubez explica ainda que é importante investir em uma alimentação nutritiva e balanceada, pois os nutrientes são essenciais para acelerar o processo de cicatrização e recuperar a imunidade, auxiliando na recuperação rápida do paciente. “Aposte no consumo de alimentos ricos em substância como proteínas, que ajudam no aumento da imunidade e na revascularização do tecido, Vitamina C, que acelera a regeneração tecidual, e Vitamina D, que regula diversas proteínas estruturais, como o colágeno”, afirma o especialista. Além disso, é essencial que você consuma, no mínimo, dois litros de água diariamente e diminua o consumo de açúcar e sal, que prejudicam o processo de cicatrização.

Outros hábitos que devem ser repensados no período pós-operatório para acelerar a recuperação são o tabagismo e o consumo de bebidas alcoólicas. “O cigarro, além de aumentar a produção de radicais livres, causa constrição dos vasos sanguíneos com consequente diminuição do aporte de oxigênio e nutrientes para a pele, o que dificulta a cicatrização e recuperação do paciente”, comenta o cirurgião. “Já o álcool causa um processo inflamatório na pele que retarda a cicatrização, além de favorecer a vasodilatação, aumentando os riscos de sangramento e prolongando o processo de recuperação pós-operatória.”

Porém, o mais importante é que, no pré e no pós-operatório, você se atente as recomendações de seu médico, já que a preparação e a recuperação das cirurgias plásticas podem ser diferentes dependendo de cada paciente. “Em caso de dúvidas, pergunte novamente quais são as orientações ao invés de pesquisá-las na internet, pois o ambiente digital está repleto de informações incorretas que podem colocar sua saúde física e mental em risco”, finaliza o Dr. Paolo Rubez.

FONTE: DR. PAOLO RUBEZ – Cirurgião plástico, membro titular da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica e da Sociedade Americana de Cirurgia Plástica (ASPS), Dr. Paolo Rubez é Mestre em Cirurgia Plástica pela Escola Paulista de Medicina da UNIFESP. O médico é especialista em Cirurgia de Enxaqueca pela Case Western University, com o Dr Bahman Guyuron (em Cleveland – EUA) e em Rinoplastia Estética e Reparadora, pela mesma Universidade, e pela Escola Paulista de Medicina/UNIFESP. http://drpaolorubez.com.br/