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Estudo recente de transmissão de anticorpos da mãe para bebê abre discussão sobre vacina em gestante

Estudo publicado no final de janeiro no Jama Pediatrics destaca que mulheres que adquiriram Covid-19 na gravidez transmitiram anticorpos aos fetos. 10 entidades latinas de Medicina de Reprodução Assistida emitem posição conjunta mostrando os benefícios da vacinação, exceto quando há comorbidades.

Estudo recente de transmissão de anticorpos da mãe para bebê abre discussão sobre vacina em gestanteNovo estudo, publicado no último dia 29 de janeiro no Jama Pediatrics, mostrou que mulheres que se infectaram com o vírus Sars-Cov-2 e desenvolveram Covid-19 foram capazes de transmitir anticorpos aos fetos, o que confere proteção contra a doença. “O estudo abre a discussão para os efeitos benéficos da vacinação para o Cobid-19 na gestação, que teria um objetivo muito semelhante ao que fazemos com a coqueluche, uma vacina que é recomendada na gravidez”, destaca o Dr. Rodrigo Rosa, especialista em reprodução humana e diretor clínico da clínica Mater Prime, em São Paulo. O estudo norte-americano foi conduzido no Hospital Pennsylvania, na Filadélfia, com 1471 parturientes. “Dessas, de 83 gestantes com histórico de infecção pelo Covid-19, 72 passaram o igG para o feto, indicando imunização vertical, principalmente se o tempo entre a infecção e o parto foi superior a 17 dias”, completa o médico. Por quanto tempo o feto estaria protegido, ainda é algo a ser pesquisado. Mesmo incluindo as pacientes com casos graves e estados críticos, nos quais se indicou cesáreas de urgências, em nenhum caso foi detectado IgM no cordão umbilical, o que confirma resultados de vários estudos prévios que apontam a pouca probabilidade de transmissão vertical do SARS-CoV-2.

Segundo o estudo, a transferência dos anticorpos via placenta ocorreu tanto de mães que tinham sido assintomáticas quanto das que tiveram uma doença leve, moderada ou severa. “Os anticorpos derivados da mãe são um elemento chave da imunidade neonatal. Compreender a dinâmica das respostas de anticorpos maternos à infecção por síndrome respiratória aguda grave do coronavírus 2 (Sars-Cov-2) durante a gravidez e subsequente transferência transplacentária de anticorpos pode informar o manejo neonatal, bem como as estratégias de vacinação materna”, conclui o estudo.

Entidades ressaltam os benefícios da vacinação

10 entidades médicas latinas de Reprodução Humana emitiram um comunicado ressaltando os benefícios da vacinação: REDLARA – Red Latinoamericana de Reproducción Asistida; SBRA – Sociedade Brasileira de Reprodução Assistida; SAMeR – Sociedad Argentina de Medicina Reproductiva; AMMR – Asociación Mexicana de Medicina de la Reproducción; PRONÚCLEO – Associação Brasileira de Embriologistas em Medicina Reprodutiva; SAEC – Sociedad Argentina de Embriología Clínica; SOCMER – Sociedad Chilena de Medicina Reproductiva; ACCER – Asociación de Centros Colombianos de Reproducción Humana; SURH – Sociedad Uruguaya de Reproducción Humana; e AVEMERE – Asociación Venezolana de Medicina Reproductiva y Embriología. Segundo o texto, a vacinação tem efetividade e não induz a risco aumentado de contrair a infecção por Covid-19. “Embora ainda não existam estudos humanos de longo prazo sobre a vacinação contra Covid-19 e gravidez, nenhuma das vacinas contém vírus Sars-Cov-2 vivo”, diz o texto.

No entanto, o texto enfatiza que no caso de indivíduos vulneráveis, que apresentam alto risco de infecção e/ou comorbidades, incluindo as grávidas, não receber a vacina supera o risco de ser vacinado, previamente ou durante a gravidez. “Por esse motivo, as entidades defendem que não há razão para atrasar as tentativas de gravidez ou tratamentos de reprodução assistida se os pacientes estão fora de grupos de risco”, explica o Dr. Rodrigo. “Decisões da utilização (ou não) das vacinas devem ser compartilhadas entre pacientes e médicos, respeitando-se os princípios éticos”, finaliza o especialista.

FONTE: *DR. RODRIGO ROSA: Ginecologista obstetra especialista em Reprodução Humana e sócio-fundador e diretor clínico da clínica Mater Prime, em São Paulo. Membro da Sociedade Brasileira de Reprodução Assistida (SBRA) e da Sociedade Brasileira de Reprodução Humana (SBRH), o médico é graduado pela Escola Paulista de Medicina – Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP/EPM). Especialista em reprodução humana, o médico é colaborador do livro “Atlas de Reprodução Humana” da Sociedade Brasileira de Reprodução Humana.

Link do estudo: https://jamanetwork.com/journals/jamapediatrics/fullarticle/2775945

Link do comunicado: https://redlara.com/images/arquivo/Vacinas-Covid.pdf

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