O ensino híbrido enfim é realidade

Acedriana Vogel*

A Educação, uma das áreas mais atingidas em 2020 pela pandemia, inicia um novo ano ciente de que ainda há um longo caminho a ser percorrido até que a Covid-19 esteja controlada, mas educadores e gestores já conseguem olhar para o ano letivo de 2021 confiantes e muito mais preparados do que quando iniciaram 2020. O ensino remoto, que foi sacado da prateleira às pressas para ser aplicado de forma emergencial e provisória – e porque não dizer improvisada, de início? -, permanece em nossos horizontes como alternativa para o que ainda teremos que conciliar em 2021, e nos permite enxergar um universo de novas possibilidades. É seguro afirmar que a Educação pós pandemia nunca mais será a mesma, ela mudou – e para melhor. Não é segredo para ninguém que antes da pandemia se instalar, tínhamos, dentro das próprias escolas, educadores ainda muito resistentes ao uso da tecnologia e às inovações que já se anunciavam há tempos. Agora é justo dizer que não apenas o ensino se modificou em 2020, mas também a mentalidade daqueles que, sem outra alternativa para continuarem ligados e próximos de seus alunos, se conectaram e se uniram ao que tanto temiam e resistiam.

E são as mudanças que nos obrigam a fazer diferente e melhor! Em 2021, a realidade escolar vai mudar novamente. O cenário será outro em relação a 2020: professor em sala de aula, parte dos alunos presentes na escola e outra parte em casa, também precisando da atenção e intervenção do docente. O ensino híbrido – que é diferente do EaD e do semi presencial – coloca os professores novamente diante de uma situação nova, desafiando-os a fazerem diferente mais uma vez, fazendo uso de tudo o que temos de possibilidades (e elas são muitas!). A vantagem,  desta vez, é que esses profissionais já deixaram de lado o hábito da resistência, já descobriram que podem sim se reinventar e todo o sistema educacional já passou os últimos meses debatendo, experimentando, planejando e construindo as condições para que este novo ensino seja concretizado em sua plenitude.

A pandemia permitiu a nós, educadores, a oportunidade de perceber que pode-se muito mais, que o potencial para reinvenção e inovação é enorme. Com o apoio da tecnologia, professores conseguem analisar dados e terem uma visão muito mais precisa sobre as aprendizagens dos alunos, o que permite um acompanhamento individual de cada estudante que os aproxima. O docente consegue enxergar também o que deve ser priorizado no presencial e o que pode ser aprendido de forma on-line, conectando essas duas aprendizagens. Esse é o ensino híbrido, que oferece muitas chances de personalização. É necessário apenas que o professor tenha um planejamento adequado, que vá de encontro com o que se pretende ensinar, com intencionalidade pedagógica. E para isso, afirmo que as aulas devem então ser preparadas do fim para o começo. O ponto de partida para o preparo de uma aula deve ser sempre a afirmação “ao final dessa aula, meu aluno deverá ser capaz de….”. E, a partir do que o aluno já sabe, passar a construir a aula combinando o presencial com o on-line, montando as partes dessa aula como se fosse um mosaico. Inúmeras peças que oferecem um número infinito de possibilidades, para serem montadas com um único horizonte: onde se quer chegar.

É certo que as escolas estarão diferentes. Todos: professores, colaboradores, pais e alunos também estarão. A pandemia modificou – pouco ou muito – a todos nós, mas isso não é um problema. Ao contrário, mudar é o que diferencia a natureza humana. O que precisamos é trabalhar e nos empenhar para fazer da escola um espaço vivo, colaborativo, que priorize o protagonismo do aluno, esteja ele onde estiver, e que ofereça experiências de valor e de aprendizado. Nossos alunos são nativos digitais e atuarão como protagonistas no ensino híbrido se conseguirmos engajamento. O estudante terá em mãos suas próprias ferramentas e conteúdos. O professor se assume como maestro, garantindo que a partitura planejada seja realizada. E como fazer para que 2021 nos confirme tudo isso? Podemos começar aceitando o fato de que as circunstâncias estão, sim, nos elevando a um patamar muito melhor na Educação.

 

 * Acedriana Vicente Vogel é diretora pedagógica do Sistema Positivo de Ensino.