Um a cada cinco casos de melanoma não foi diagnosticado em meio à pandemia

Um a cada cinco casos de melanoma não foi diagnosticado em meio à pandemia

Diagnóstico precoce oferece até 90% de chance de cura. Cuidados precisam começar na infância com proteção adequada à luz do sol, já que doença tem potencial letal.

Pesquisa realizada pela Global Coalition of Melanoma Patient Advocacy com 700 dermatologistas apontou que, no ano passado, 21% dos melanomas, ou um em cada cinco casos, não foi diagnosticado por conta da pandemia do novo coronavírus. Ainda de acordo com o levantamento, 33,6% das consultas ao longo de 2020 foram adiadas.

O medo da infecção pela Covid-19 tirou muita gente dos consultórios. E aí, o que pode ser um cuidado com a saúde – necessário para o momento – pode se transformar em um problema ainda maior. Como no caso do melanoma.

A doença cutânea corresponde a apenas 10% dos casos de câncer de pele, mas é o mais agressivo e potencialmente letal. Tem origem nas células que dão cor à pele, e é mais comum nos adultos. Se descoberto no início, registra 90% de chance de cura. Os cuidados precisam ser tomados já na infância: a exposição exagerada ao sol sem protetor solar adequado para a pele dos pequenos pode gerar feridas com potencial de se transformar em melanoma na vida adulta, quando a doença é mais frequente. Por isso, neste período de retomada das aulas presenciais, vale redobrar a atenção com meninos e meninas tanto na atenção aos protocolos de prevenção à Covid-19 quanto nos cuidados com o sol.

Segundo a Sociedade Brasileira de Dermatologia, entre os tipos de câncer de pele mais comuns estão o carcinoma basecular e carcinoma espinocelular, ou câncer de não melanoma. Todos apresentam percentuais altos de cura se diagnosticados e tratados de forma precoce.

Fatores de risco

Entre os fatores de risco para o melanoma estão a genética e o histórico familiar, e a exposição intensa ao sol ainda na infância. “A grande questão do melanoma é o diagnóstico precoce”, explica a doutora Ana Opolski, dermatologista do Hospital IPO. Se diagnosticado e tratado ainda no estágio inicial, as chances de cura são de 90%. “Uma pinta, uma lesão na pele ou um sinal podem ser indicativos do problema. E a doença pode surgir tanto de um local onde a pessoa já tinha um sinal quanto em um lugar onde não havia nada na pele. Aos pais, vale observar eventuais feridas, pintas ou manchas na pele dos filhos, e sempre cuidar para que estejam protegidos dos raios do sol, com protetor solar adequado ao tipo de pele deles e também à idade de cada um”, detalha.

Nos adultos, a orientação da dra. Ana é a auto checagem, para conhecer o próprio corpo, as lesões já existentes, e consequentemente descobrir eventuais lesões novas. E pessoas com pré-disposição genética, quando  o pai, a mãe ou um irmão já teve um melanoma, devem fazer acompanhamento a cada seis meses. Na consulta, que precisa ser presencial, o especialista consegue definir quais os fatores de risco de cada paciente e então estabelecer qual o tratamento adequado para cada sinal ou lesão encontrada.

O melanoma tem potencial de provocar metástase de forma rápida (espalhar para outros órgãos do corpo humano) e levar à morte. Normalmente aparece em forma de pintas ou manchas escuras, que crescem e podem mudar de cor e formato, ou ainda sangrar.

A estimativa de casos de câncer de pele melanoma e não melanoma para o Paraná em 2020, segundo o Instituto Nacional do Câncer (Inca), era de mais de 8.900, sendo mais de 4.900 em homens e 3.980 em mulheres. O total de óbitos no estado, de acordo com o Sistema de Informações sobre Mortalidade (SIM) do Ministério da Saúde, chegou a 342 em 2019.

“As lesões reconhecidas rapidamente, no início do quadro, geralmente são lesões incito,  ou superficiais; E quando descobertas nessa fase, as chances de cura são muito grandes. Quanto mais antigas são, se aprofundam, o que pode dar origem, por exemplo, à metástase. O atraso no diagnóstico aumenta as chances de um exame identificar lesões graves”, informa.