Covid e futebol: os impactos da pandemia

Covid e futebol: os impactos da pandemia
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Os efeitos catastróficos da pandemia de covid-19, vão além do cenário esportivo, no entanto, é inegável a condição de destruição que o vírus trouxe, principalmente ao futebol. Insegurança, despesas, incertezas e falência, fazem parte da rotina quase que diária dos clubes de futebol.

PROTOCOLOS SÃO REALMENTE EFICAZES!

Existe uma grande discussão sobre a continuidade ou não da temporada 2021 no futebol brasileiro.

Após muitas discussões, e planejamento dos protocolos para a retomada da temporada 2020, muitos problemas foram vistos, principalmente por surtos da doença.

Agora que finalmente a temporada 2021 teve seu início, já temos a notícia que o Campeonato Paulista, maior estadual do país, pode ser paralisado.

Isso se deve a um pedido do Ministério Público do estado, preocupado com a nova onda de contaminação, e recordes diários do país na quantidade de mortos, devido ao covid-19.

A decisão é polêmica, uma vez que os clubes investiram muito dinheiro nesse período. Por sinal diversas casas de apostas investiram em patrocínios nos clubes oferecendo bônus de apostas em diversos casos.

Os casos são diversos, principalmente no Campeonato Brasileiro, onde muitos jogos tiveram de ser adiados, pelo fato das equipes terem surtos do vírus em seu grupo.

A FPF (Federação Paulista de Futebol), em nota, se colocou de forma contrária à paralisação de seu campeonato, e consequentemente, aos outros cenários do país. Segundo a mesma, os protocolos são extremamente rigorosos, profissionais possuem acompanhamento médico diário, além de testagem em massa.

Na primeira divisão, e nos principais campeonatos estaduais/nacionais, essa fala se faz verdadeira. Mas e nas divisões inferiores? E porque houveram tantos surtos no ano passado?

Os protocolos são eficazes sim, mas apenas se os jogadores cumprirem regras básicas nos seus horários de folga. E as notícias sobre baladas, aglomerações, e ações indevidas, foram diversas.

OS CLUBES AGUENTAM MAIS UM ANO DE PANDEMIA?

O ano de 2020 não foi fácil, mas chegou em um ponto desesperador, onde os clubes fizeram uma enorme pressão para a CBF liberar o futebol no país.

Se em atividade as coisas caminham para tempos sombrios, em recesso a falência seria quase inevitável para uma grande parcela.

Segundo matéria divulgada pelo site UOL, o Campeonato Brasileiro 2020 terminou com os clubes tendo um prejuízo de mais de 550 milhões de reais, somados.

Em 2019, os clubes brasileiros arrecadaram cerca de R$ 526 milhões em bilheteria, somando todas as competições. Tirando o fato de praticamente um ano inteiro sem um real de bilheteria, a queda na arrecadação com sócio torcedor, caiu entre 50% e 65%. Além disso, a venda de produtos, principalmente nos estádios em dias de jogos, não mais existe.

Levando em conta os boletins financeiros divulgados pela CBF, os 20 clubes da primeira divisão, arcaram com um valor de 28 milhões de reais, apenas para custear a realização das partidas.

A arrecadação dos clubes se baseia quase que exclusivamente em receitas de transmissão, e o que sobrou dos sócios e patrocínios como o do setor de apostas esportivas, cada vez mais forte. Além disso, aqueles clubes que já vinham em um caos financeiro, anteriormente à pandemia, agora estão na beira do precipício.

Segundo estudos do Itaú BBA, os clubes chegam a perder 20% de receita, sem contar a venda de jogadores que está fragilizada, uma vez que os clubes europeus também reduziram suas despesas.

Soma-se a isso tudo, a falta de patrocinadores, ou um novo acordo nos contratos, uma vez que a publicidade nos estádios, empresas que usufruem dos espaços, acabaram tendo seus cortes efetivados.

Tudo isso levando em conta os maiores clubes do país, que ganham fortunas da televisão, e muitos deles com milhões de torcedores.

Agora imaginemos como está o fluxo de caixas dos times da série B, C, D, estaduais…

Se o futebol brasileiro não morreu em 2020, vai encarar um ano de 2021 desafiador. Talvez os grandes se salvem, os grandes endividados e os médios, acabem ficando com dívidas exorbitantes, e os pequenos, fechem suas portas até um futuro próximo (esperamos).

CALENDÁRIO E DIREITOS DE TRANSMISSÃO

Que o futebol brasileiro sempre teve ares de desorganização, não é nenhuma novidade. Mas com a pandemia, aliada ao fato da queda de receitas de todos os setores da sociedade, acabam refletindo diretamente no futebol.

Os direitos de transmissão são um grande poder de barganha dos clubes, que ajustam seus negócios, para essa fatia cobrir uma boa parte das suas despesas.

O calendário e os direitos de transmissão estão atrelados. Isso porque a receita pega pela televisão, leva em conta o número de jogos transmitidos, número de assinantes de pay-per-view, etc.

Além disso, a emissora que detinha quase que todos os direitos de transmissão das ligas nacionais, enfraqueceu, teve de dividir diversas fatias, e isso foi fazendo com que houvessem readequações nos acordos e pagamentos.

Para piorar a situação, a nova onda de contágio, e a constante crescente no número de infectados e infelizmente de mortos também, acaba dando insegurança à continuidade ou não do futebol no Brasil.

Sendo assim, não há investidor que se sinta seguro para ajudar nesse momento difícil e não ver algum retorno. Se houver adiamentos, a televisão suspende seu pagamento, e isso tudo vira uma bola de neve.

Uma outra questão que se coloca. O favoritismo nos torneios permanecerá o mesmo? Em casas de apostas como a 1xbet Flamengo e Palmeiras lideravam as cotações. Mas com estes acontecimentos isso permanece?

FUTEBOL FOI O QUE RESTOU AO POVO BRASILEIRO

Pode parecer uma alienação, mas o futebol é uma das únicas válvulas de escape que ainda tem o povo do Brasil.

Lidando com restrições desde o ano passado, o futebol voltou a fazer parte da vida do brasileiro, e a audiência acaba ajudando, de certa forma, os clubes. Vide argumentos citados acima.

Nesse início de ano, muitos centros do país estão decretando Lockdown, restringindo o trabalho em serviços considerados não essenciais. O que sobra para o povo?

Sim, o futebol é importante. Talvez não seja importante para 100% da população, talvez não seja fundamental quanto outros tantos aspectos que vem antes do entretenimento.

Mas caso este ponto, não interfira nos demais, e caso seja feito da maneira mais segura possível, como parece que tem sido efetuado, ao menos na elite, que se mantenha.

Para o bem dos clubes, para o bem dos funcionários que dependem dele (e para estes, o futebol é sim um serviço essencial), mas também para o povo.

O Brasileiro respira futebol desde o seu nascimento, algo que beira a loucura. E para que neste momento não entremos em depressão, um pouco de loucura faz bem.

Espero que todos vocês estejam bem, e se mantenham seguros. Enquanto isso, vamos nos estressando/apaixonando, com o nosso futebol!

m.p.a.