Sobre o mito das escolas finlandesas ft. Renato Feder

Uma escola finlandesa

O ano de 2020 foi atípico, isso todos nós sabemos. Para os profissionais da Educação foi tão desafiador quanto um contador, um advogado, um vendedor, uma diarista, um reciclador. Não sou capaz de dizer o que foi para nossos heróis da área da saúde. Pois esses, foram e são essenciais, sempre, não só em uma pandemia. Mas isso é uma outra história.

No ano de 2020 a Educação do Paraná sofreu impactos inenarráveis. A pandemia pegou todos de surpresa: estudantes, pais, responsáveis, professores, secretário e governador.

Com uma jogada de cintura, Renato Feder (Secretário da Educação), com aprovação de Ratinho Jr., conseguiu bambolear todo o ano letivo de 2020. O Secretário criou o Aula Paraná.

O Aula Paraná é um aplicativo gratuito que transmite as aulas para todo o estado do Paraná em horários pré-definidos. Isso não é o máximo? Mas, não acaba por aqui. Os estudantes que não possuem acesso à internet podem assistir às aulas pela TV. Sensacional, não é? Se você é daqueles que só olha o resultado.

E por falar em resultado, as aulas que os alunos estão assistindo nesse princípio de retorno foram gravadas no ano passado, em 2020. Ok, questão de logística, o Estado pensou além. Não, não pensou. Os professores, esses que vocês veem no app ou pela TV ainda não receberam as aulas que gravaram. Três meses depois e eles ainda não receberam pelo trabalho que foi preparado em novembro. Eu vou repetir: 3 meses depois os professores ainda não receberam por sua preparação de slides, deslocamento, gravação, estresse (porque esses que vocês assistem também tinham turmas on-line).

Enquanto isso no mundo maravilhoso do Feder, a Educação Pública do Paraná está lado a lado com a educação finlandesa. Mas não só não está, como está muito longe de se aproximar. O que temos hoje no Paraná? Escolas sucateadas, sem acesso à internet, sem professores porque o então Secretário deixou pra chamar os contratados uma semana antes do início das aulas presencias (vetadas pelo Governador). Esses professores contratados ainda não possuem acesso ao sistema do estado, chamado de LRCO, mas eles precisam fazer os encontros virtuais com os alunos, mas eles não têm acesso ao recém conhecido Classroom. Para aliviar a tensão dos estudantes e a ansiedade dos professores contratados, quero salientar os contratados porque ainda não têm contratos homologados pela SEED-PR, foi criado um acesso chamado de “professor convidado”.

A “escola finlandesa” de Feder no PR não tem nem piso bem colocado

Pois bem, existem inúmeros editais de Professores Visitantes, o que nos leva ao enunciado “convidado”, a diferença é que para aqueles o salário gira entorno de cinco dígitos, enquanto que para nossos professores convidados, o salário para 40 horas de trabalho não chega a metade disso.

A conclusão que a gente chega é que de Educação o Secretário não entende nada e, enquanto isso, sucateia o ensino público paranaense, excluindo estudantes, professores e profissionais da área educacional. Mas, pior do que isso, vai vendendo uma coisa que não existe, ou existe somente na cabeça dele e tenta, incondicionalmente, mostrar que a sua alegoria é verdadeira que infelizmente é comprada por aqueles que nunca puseram os pés em uma escola pública, seja pra estudar, buscar os filhos ou trabalhar.

De nós, cidadãos comuns, pais, mães, responsáveis, resta-nos cobrar que aqueles que realmente estão preocupados com a educação dos nossos, ou seja, os professores e profissionais da educação, sejam vistos e valorizados e no mínimo reembolsados pelo trabalho.