Apenas 22,3% dos idosos brasileiros não apresentam doença crônica, constata Diretriz de Cardiogeriatria

“Níveis pressóricos nas idades avançadas: o que dizem as novas diretrizes” é o tema que o cardiologista e geriatra Roberto Dischinger Miranda apresentará no 41º Congresso Virtual da SOCESP – Sociedade de Cardiologia do Estado de São Paulo, no próximo dia 11 de junho. “Temos muitas novidades: mudanças com forte impacto positivo no tratamento de pessoas acima dos 60 anos”, adianta o especialista.

O envelhecimento populacional justifica o tema de trabalho. Para se ter uma ideia, em 1980, a cada 100 crianças do sexo feminino nascidas vivas, 30 completavam 80 anos; em 2013, este número passou para 55. Consequentemente, a vida média da população brasileira aumentou quase 12 anos no período. Um dos fatores responsáveis é a queda da mortalidade por conta do controle de doenças que antes eram letais.

Segundo a última edição das Diretrizes em Cardiogeriatria, de 2019, entre os idosos brasileiros, apenas 22,3% declararam não apresentar nenhuma doença crônica. Entre elas está a Hipertensão Arterial (HA).

Com o envelhecimento, ocorre o enrijecimento e perda de complacência das grandes artérias o que provoca o aumento da pressão arterial sistólica (PAS). As recém lançadas Diretrizes Brasileiras de Hipertensão Arterial apontam que cerca de 65% dos acima de 60 anos apresentam HA. Logo, o número crescente de idosos projetado para as próximas décadas acarretará um incremento substancial da prevalência da hipertensão e de suas complicações junto a este público.

Envelhecimento multifacetado

Segundo o cardiologista, em meio ao envelhecimento global, aqueles com idade mais avançada também ganham longevidade. “A população que mais cresce é a de 80 anos ou mais”, diz. “Hoje, no Brasil, um indivíduo deste grupo tem sobrevida em torno de 10 anos”.

Diante deste cenário, o capítulo Hipertensão no idoso – que integra as Diretrizes de Hipertensão Arterial e foi coordenado por Miranda – é disruptivo e traduz melhor esta comunidade, pormenorizando suas reais características ao invés de tratá-la como sendo um único perfil. “Conseguimos descrever bem quem são os idosos brasileiros, o que promoveu diferenças, inclusive, na comparação com diretrizes internacionais”.

“Trata-se de um envelhecimento de forma multifacetada”, explica. A idade cronológica para ser considerado idoso em países em desenvolvimento, como o Brasil, é de 60 anos. “Mas, tecnicamente, temos que focar no status funcional destas pessoas: a capacidade física e cognitiva e o desempenho de tarefas desde as mais simples até as mais complexas: fazer compras, pegar transporte, pedir serviços, trabalhar, etc”.

De acordo com Miranda, justamente por isso, as novas diretrizes baseiam-se na condição funcional de cada indivíduo. “Portanto, um idoso frágil – menos ativo e com mais comorbidades – e um idoso hígido – como convencionamos chamar os mais dispostos do ponto de vista físico e cognitivo – terão protocolos de tratamento diferentes para a mesma patologia, mesmo que o ano de nascimento seja igual. As novas metas de controle de pressão arterial também consideram esta característica: no caso dos idosos hígidos, o tratamento é indicado, se a PAS estiver maior ou igual a 140 (com medição em consultório), e a meta é mantê-la entre 130 e 139. Já os idosos frágeis devem receber anti-hipertensivos se PAS for maior ou igual a 160, com objetivo de estabilizá-la entre 140 e 149.

Serviço:

41º Congresso Virtual da SOCESP

Data do evento: 10 a 12 de junho 2021

Tema: Níveis pressóricos nas idades avançadas: o que dizem as novas diretrizes

Palestrante: Roberto Dischinger Miranda

Data: 11/06/2021

Horário: 20h