Obstetra e ginecologista César Patez comenta fatores que contribuem para o parto prematuro
Um dos casos de parto prematuro que mais repercutiram nas últimas semanas foi o do primeiro filho do humorista Whindersson Nunes e de Maria Lina, João Miguel, que nasceu de 22 semanas. Por diversas complicações de saúde, o bebê morreu dois dias após seu nascimento. O obstetra e ginecologista César Patez comenta o panorama atual dos partos prematuros no país.
“Nos dias de hoje, se observa que o número de partos prematuros é maior por uma série de motivos. A gravidez na adolescência é um deles. O corpo de uma adolescente ainda não está bem formado e, às vezes, não consegue levar a gestação até o fim. A gravidez de gêmeos, por causa das fertilizações in vitro, é outra razão”, aponta.
Mas ele ressalta que as chances de um bebê prematuro sobreviver também aumentaram bastante ao longo dos anos. “Graças à tecnologia e aos novos medicamentos, mais prematuros estão terminando seu desenvolvimento fora do útero com sucesso.”
O profissional conta que a ocorrência desse fenômeno pode estar associada a fatores genéticos.
“Estudos indicam que há seis genes ligados ao parto prematuro e os pesquisadores acreditam que essa descoberta pode servir como ponto de partida para tratamentos e indicações nutricionais que possam evitar esse parto”, afirma o especialista. Além da genética, alguns hábitos de saúde também contribuem para essa ocorrência.
“Entre os principais motivos estão fumo, consumo de álcool e drogas, assim como obesidade, baixo peso e estresse. Algumas complicações durante a gestação também podem ser um sinal de alerta, como infecções do trato urinário, sangramento vaginal, pressão alta e distúrbios de coagulação.”
Existem ainda alguns casos que tornam o parto prematuro mais provável, como anomalias congênitas do bebê, gestações muito próximas uma da outra e gravidez gemelar ou de múltiplos. Patez também ressalta a síndrome do ovário policístico como uma das predisposições possíveis.
“A síndrome aumenta consideravelmente o risco de complicações obstétricas, entre elas a pré-eclâmpsia, diabetes gestacional e prematuridade. Pacientes portadoras de adenomiose e endometriose, que são doenças inflamatórias, podem influenciar negativamente a ocorrência de parto prematuro, pois favorecem a ruptura de membrana amniótica precocemente”, acrescenta o especialista.
Vale lembrar que o parto prematuro é considerado um risco para o bebê, já que a criança que nasce antes da hora pode apresentar baixo peso e maior risco de ter algumas doenças.
”A imaturidade dos órgãos, como coração e pulmão, deixam o organismo do recém-nascido bem frágil, sendo necessário o uso de terapia intensiva. Para as mamães que são portadoras na gestação de pré-eclâmpsia ou outras doenças sistêmicas com desequilíbrio hemodinâmico, pode ser, preocupante também”, alerta.
Ele lista os cuidados que esses pequenos exigem no pós-parto. “O bebê só vai para casa depois que estiver igual ou próximo de um recém-nascido não prematuro, com o peso mínimo de 2kg. Mas em relação ao comportamento dos bebês, cada caso é um caso. Alguns choram mais e outros menos, mas não há relação com o fato de o bebê ter nascido de modo prematuro”, acrescenta o obstetra.
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