Overbeauty: entenda o boom de resultados exagerados causados pelos procedimentos estéticos

Realização de procedimentos por influencers e maior uso de redes sociais são alguns dos fatores que fizeram com que os procedimentos estéticos fossem banalizados, resultando em uma epidemia de aparências artificiais.

Overbeauty: entenda o boom de resultados exagerados causados pelos procedimentos estéticosO ator Zac Efron, os ex-BBB’s Sarah Andrade e Arcrebiano e o meio-campo do Palmeiras Lucas Lima. Essas são apenas algumas das celebridades que apostaram na harmonização facial para alcançar um padrão de beleza pré-estabelecido.  “Para as mulheres: sobrancelhas levantadas, maçãs do rosto marcadas, lábios grossos e queixo pontiagudo. Para os homens: mandíbula marcada e queixo quadrado. Todos com o nariz retificado e empinado. Esse é o padrão de beleza estabelecido”, explica o dermatologista Dr. Daniel Cassiano, da Clínica GRU e membro da Sociedade Brasileira de Dermatologia. A questão é que essas celebridades possuem milhares e até milhões de seguidores que são imediatamente influenciados ao verem que seus ídolos se submeteram a um procedimento estético e passam a buscar tais tratamentos sem pensarem duas vezes, gerando assim a epidemia de resultados exagerados e aparências deformadas que vemos hoje, o que vem sendo chamado de overbeauty. “Atualmente há uma banalização dos procedimentos estéticos. As pessoas são frequentemente bombardeadas nas redes sociais por profissionais de saúde e influenciadores divulgando procedimentos que vendem uma ideia de rejuvenescimento e beleza. Nesse cenário, existe a falsa impressão que todos devem fazer alguma coisa para melhorar”, explica o médico.

Mas os tratamentos estéticos e os influenciadores sempre estiveram por aí. Então, por que temos visto esse aumento recente na realização de procedimentos de forma banal? A resposta está relacionada ao momento de pandemia pelo qual estamos passando agora. Por exemplo, desde o início da quarentena provocada pelo Coronavírus, estamos muito mais conectados às redes sociais e, consequentemente, muito mais suscetíveis a sermos influenciados pelas imagens perfeitas de celebridades. “Além disso, com as mídias digitais e as selfies, as pessoas estão constantemente se avaliando e procurando ‘defeitos’ na aparência que podem ser melhorados. Elas querem se tornar mais bonitas para ficarem melhor nas fotos e postarem em suas mídias”, diz o cirurgião plástico Dr. Paolo Rubez, membro titular da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica e especialista em Rinoplastia Estética e Reparadora.

As reuniões de videoconferência, que são frequentes na rotina daqueles que passaram a trabalhar em home office, também possuem grande impacto no aumento da procura por procedimentos estéticos. “Em uma reunião, estamos falando, debatendo ou sorrindo, coisas que não costumamos fazer no espelho. E, como estamos tendo mais contato com a nossa aparência nesse momento, notamos alterações que antes passavam despercebidas, sendo normal então querermos tratá-las”, diz o cirurgião plástico Dr. Mário Farinazzo, membro da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica e Chefe do Setor de Rinologia da Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP).

O problema é que, na busca por tratar essas alterações, os pacientes, ao invés de optarem por procedimentos bem indicados, desejam apenas realizar o mesmo tratamento que viram nas redes sociais, o que resulta nos rostos deformados e exagerados que vemos hoje em dia. “A intenção de um procedimento estético não deve nunca ser deixá-lo parecido com alguém, mas sim buscar a sua melhor versão de acordo com seus traços. Esses procedimentos devem ser realizados sempre de acordo com a harmonia do rosto do paciente”, diz o Dr. Mário Farinazzo.

E a artificialidade dos resultados não é a única preocupação com o aumento da popularidade desses procedimentos. Aproveitando-se desse cenário, algumas pessoas passaram a oferecer opções mais baratas dos procedimentos, o que pode até parecer um bom negócio à primeira vista, mas também pode levar a sérias complicações. “Além de usarem produtos de baixa qualidade, excessivamente diluídos e fora da validade, muitos desses profissionais que realizam procedimentos por preços baixos não são nem mesmo qualificados, possuindo pouco ou nenhum conhecimento da anatomia facial, o que, além de poder resultar em uma aparência artificial, aumenta o risco de complicações como irritações, infecções, danos aos nervos e inflamações”, alerta a Dra. Paola Pomerantzeff, dermatologista e membro da Sociedade Brasileira de Dermatologia.

Mas estes não são argumentos para você deixar de buscar por procedimentos estéticos. Trata-se de procurar por profissionais devidamente capacitados que poderão, após uma avaliação aprofundada das suas características faciais, indicar o tratamento mais adequado para tratar seus desconfortos estéticos sem causar um resultado exagerado. Na verdade, o resultado distante do artificial é uma premissa levada muito a sério quando o assunto são procedimentos estéticos. “As técnicas evoluíram para conferir maior naturalidade aos pacientes, sempre respeitando seus traços. A ideia de uma aparência artificial após um procedimento já não é mais a tendência”, afirma o Dr. Mário. “Longe de aparentar um rosto modificado, o melhor resultado para um paciente é quando os amigos percebem que ele está na sua melhor versão, mas não associam isso necessariamente a um procedimento estético”, diz o médico.

E engana-se quem acredita que resultados naturais são sinônimo de procedimentos não invasivos. Na verdade, é muito comum que, na tentativa de alcançar um resultado que só seria atingido através da cirurgia plástica, ocorra um exagero na realização destes procedimentos, causando deformidades no rosto. “Isso acontece devido ao estigma que envolve a cirurgia plástica facial, que é vista como responsável por criar pessoas artificiais e sem naturalidade ou identidade”, explica a cirurgiã plástica Dra. Beatriz Lassance, membro titular da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica e da Isaps (International Society of Aesthetic Plastic Surgery). Segundo a médica, a cirurgia plástica é tão capaz de proporcionar resultados naturais quanto os procedimentos estéticos, assim como ambos podem causar exageros. “O segredo do resultado natural que todos buscam está na indicação correta de determinada técnica, seja a cirurgia plástica, a harmonização facial, o preenchimento ou a toxina botulínica. O médico precisa realizar um estudo pleno de toda a estética facial do paciente. Não existe mágica, existem indicações corretas e cuidados a serem tomados para obter o melhor resultado”, finaliza.

FONTES:

*DR. DANIEL CASSIANO: Dermatologista, membro da Sociedade Brasileira de Dermatologia e da Sociedade Brasileira de Cirurgia Dermatológica. Cofundador da clínica GRU Saúde, o Dr. Daniel Cassiano é formado pela Escola Paulista de Medicina da Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP) e Doutorando em medicina translacional também pela UNIFESP. Professor de Dermatologia do curso de medicina da Universidade São Camilo, o Dr. Daniel possui amplo conhecimento científico, atuando nas áreas de dermatologia clínica, cirúrgica e cosmiátrica.

*DRA. PAOLA POMERANTZEFF: Dermatologista, membro da Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD) e da Sociedade Brasileira de Cirurgia Dermatológica (SBCD), tem mais de 10 anos de atuação em Dermatologia Clínica. Graduada em Medicina pela Faculdade de Medicina Santo Amaro, a médica é especialista em Dermatologia pela Associação Médica Brasileira e pela Sociedade Brasileira de Dermatologia, e participa periodicamente de Congressos, Jornadas e Simpósios nacionais e internacionais. http://www.drapaola.me/

*DRA. BEATRIZ LASSANCE: Cirurgiã Plástica formada na Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo e residência em cirurgia plástica na Faculdade de Medicina do ABC. Trabalhou no Onze Lieve Vrouwe Gusthuis – Amsterdam -NL e é Membro titular da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica, da ISAPS (International Society of Aesthetic Plastic Surgery) e da American Society of Plastic Surgery. Além disso, é membro do American College of LifeStyle Medicine e do Colégio Brasileiro de Medicina do Estilo de Vida.

*DR. MÁRIO FARINAZZO: Cirurgião plástico, membro Titular da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica (SBCP) e Chefe do Setor de Rinologia da Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP). Formado em Medicina pela Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP), o médico é especialista em Cirurgia Geral e Cirurgia Plástica pela Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP), Professor de Trauma da Face e Rinoplastia da UNIFESP e Cirurgião Instrutor do Dallas Rinoplasthy™ e Dallas Cosmetic Surgery and Medicine™ Annual Meetings. Opera nos Hospitais Sírio, Einstein, São Luiz, Oswaldo Cruz, entre outros. www.mariofarinazzo.com.br

*DR. PAOLO RUBEZ: Cirurgião plástico, membro titular da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica, da Sociedade Americana de Cirurgia Plástica (ASPS) e da International Society of Aesthetic Plastic Surgery (ISAPS), Dr. Paolo Rubez é Mestre em Cirurgia Plástica pela Escola Paulista de Medicina da UNIFESP. O médico é especialista em Cirurgia de Enxaqueca pela Case Western University, com o Dr Bahman Guyuron (em Cleveland – EUA) e em Rinoplastia Estética e Reparadora, pela mesma Universidade, e pela Escola Paulista de Medicina/UNIFESP. http://drpaolorubez.com.br/