Roberta Gomes une ancestralidade e modernidade no EP “No Caminho do Samba”

Crédito: Nego Júnior

Negra e periférica como o gênero musical que usa como ferramenta de sua arte, a cantora e compositora Roberta Gomes lança o EP “No Caminho do Samba”, pelo selo Mundaréu Paulista. Disponível em todas as plataformas de streaming, o trabalho faz uma ponte entre o passado e o futuro do samba com um olhar feminino e feminista em um manifesto em prol da mulher negra em seu lugar de plenitude, soberania e independência.  

Ouça “No Caminho do Samba”: https://found.ee/robertagomes_nocaminhodosamba

No ambiente ainda machista do samba,  quase sempre a mulher só é aceita em alguns papéis: a inspiradora, a musa, a diva que dança, a que cozinha nas festas, raramente a que canta, quase nunca a que toca. Evocando o poder de grandes mulheres do passado, como sua madrinha musical Leci Brandão,  ela abre portas para o futuro do samba.

“O samba está na minha vida desde que eu nasci. Meus pais sempre fizeram rodas de samba com os amigos, meu pai tem muitos discos de samba, minha mãe cantava, e só não virou cantora profissional porque meu avô não deixou, ele dizia que não era vida pra uma mulher decente”, conta Roberta.

Seu irmão, músico e sambista, tocava nas rodas e casas noturnas de São Paulo, e levava sempre Roberta menor a tiracolo. Nessas andanças descobriu seu dom inato de cantar e escrever, e praticou sua oralidade decorando um repertório infinito de sambas tradicionais, criando a base sólida onde construiu a sua voz de compositora. Presença marcante nas rodas de samba, ela mostra sua personalidade como autora. 

Com bases gravadas ao vivo, o EP conta com uma banda de peso: percussão de Yvison Pessoa (samba de São Mateus e Ex-Quinteto Branco e Preto), mestre Fred Prince (Camisa Verde e Branco, Banda Mantiqueira, Clube do Balanço), Dino Oliveira e Vini Satangoz; violão sete cordas do expoente do samba rock e black music Walmir Borges e cavaquinhos de Cicinho. Além de participações de Daniel Morales e sua cuíca em “Na Palma da Mão”, Edy Trombone na faixa “Em qualquer bar” e arranjos de metais do Maestro Tiquinho, do Clube do Balanço e Funk Como le Gusta, na música “Esculachada”.

Este é um lançamento do Mundaréu Paulista, um novo selo que traz novas vozes negras que despontam no samba paulistano, buscando desconstruir a invisibilidade histórica desta cultura. O projeto traz um olhar de descoberta liderado pelo músico e produtor musical Marco Mattoli, do Clube do Balanço, e conta com distribuição do premiado selo YBmusic.

Ouça “No Caminho do Samba”: https://found.ee/robertagomes_nocaminhodosamba