Obesidade infantil cresce na pandemia

Saiba como os hábitos alimentares da infância impactam no agora e no futuro

Obesidade infantil cresce na pandemiaA obesidade infantil é caracterizada pela condição em que uma criança está significativamente acima do peso levando em consideração a sua idade e altura. Dados recentes da Organização Mundial da Saúde alertam que a obesidade é um dos mais graves problemas de saúde do mundo. Mais alarmante que isto, são os números divulgados que apontam que em 2025 o número de crianças obesas no planeta pode chegar a 75 milhões.

Os hábitos alimentares iniciam já aos seis meses, quando o bebê começa a Introdução Alimentar (IA). É nesta fase que a criança passa a conhecer os alimentos, não necessariamente começam a comer, mas experimentam, sentem a textura, levam até a boca e iniciam uma nova fase da vida. É a partir deste marco que alguns hábitos vão sendo moldados até chegar na fase adulta. Por isto, o acompanhamento médico, feito pelo pediatra, é muito importante, pois o aumento de peso da criança é monitorado e um dos documentos mais importantes desta fase é a caderneta da criança, já que é ali que os índices de crescimento e ganho de peso são acompanhados. “É possível prevenir a obesidade infantil com boas práticas alimentares desde a primeira infância, com o incentivo do aleitamento materno, orientações para evitar o consumo de açúcar antes dos dois anos de idade, bem como alimentos ultraprocessados”, explica Tayna Heizen, nutricionista do Colégio Stella Maris.

Durante quase um ano e meio de pandemia, notou-se um aumento ainda maior do número de crianças acima do peso. Esta é uma questão multifatorial, não só física, mas também mental. Com tanto tempo em isolamento, observou-se crianças mais ansiosas e descontando algumas de suas frustrações na comida. Escolas fechadas, aspectos ambientais e comportamentais fizeram com que elas estivessem muito mais tempo em frente ao computador, por exemplo, o que acaba implicando no sedentarismo, aumentando o consumo de alimentos ricos em açúcares e gorduras, “estes alimentos são muito calóricos e, para as crianças, o impacto é muito grande. Neste sentido, os pais precisam monitorar a alimentação de seus filhos no presente, não podemos deixar essa questão para depois”, alerta a nutricionista.

O papel dos pais na alimentação infantil

O tratamento da obesidade infantil é bastante complexo e a orientação de comer menos e gastar mais energia requer uma boa condução. Do contrário, é alto o risco de fracasso, recuperação do peso perdido e até transtornos alimentares. “Na prática, encorajamos mudanças sustentáveis no estilo de vida, com a participação ativa dos pais, que devem ser bons modelos, estimular exercícios, facilitar o acesso a alimentos saudáveis e limitar o tempo nas telinhas. Os pais desempenham um papel crucial no que diz respeito à compra e ao preparo dos alimentos, já que as preferências alimentares das crianças são influenciadas pelas escolhas e pelos hábitos alimentares dos pais”, complementa Tayna.

Os pais precisam também adotar hábitos saudáveis em casa, para que seja rotina na escola. Para Tayna, “é na escola que a criança passa a maior parte do tempo, assim podemos monitorar e incentivar o consumo de alimentos saudáveis. Em sala de aula é ensinado sobre as melhores escolhas alimentares, mas é só o começo. O comportamento saudável precisa ser mantido em casa e incentivado pelos pais. É de grande importância que os pais preparem a lancheira com muita atenção aos rótulos. Tendo isto em mente, é necessário abolir os salgadinhos ultraprocessados, refrigerantes, bebidas industrializadas e os doces. Afinal, todas as refeições importam”, finaliza.

De olho na lancheira

Para facilitar o entendimento, algumas dicas podem facilitar a montar a lancheira da criança. A principal delas é sobre desembalar menos e descascar mais. A substituição dos ultraprocessados por frutas, sucos de frutas sem açúcar, biscoitos feito à base de farinhas como soja, milho, amêndoas e côco são boas opções para iniciar este processo. Confira:

– No lugar de bolacha: cookies integrais;

– No lugar de alimentos enriquecidos com corantes e leite condensado: iogurte natural com frutas;

– Carboidrato não é vilão: capriche no sanduíche, invista em pães integrais, queijo branco com vegetais;

– Sucos de frutas são permitidos: invista nas frutas da época, faça mais perto da hora de sair de casa;

– Água também é importante: mantenha o hábito em casa, beba água junto com os seus filhos;

– Apertou o tempo para prepara o lanche? Leia o rótulo dos alimentos, priorize aqueles que são compostos por um ou dois ingredientes apenas.