Após recuperação em maio, consumo em restaurantes fica praticamente estável em junho

Indicadores consolidaram 2° trimestre de recuperação, com o avanço da vacinação

restaurante
Foto de Anna Tis no Pexels

O consumo em restaurantes, bares, lanchonetes e padarias registrou queda de 27,5% em junho, é o que aponta os índices divulgados pela Fipe (Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas), em parceria com a Alelo, bandeira especializada em benefícios, incentivos e gestão de despesas corporativas. Os dados, calculados a partir da comparação com o mesmo período de 2019, mostram que, em contraponto, os supermercados continuam apresentando números compatíveis com o histórico pré-pandemia – a exemplo da variação apurada de apenas 0,3% no valor gasto.

Os Índices de Consumo em Restaurantes (ICR) mostram ainda retração de 46% na quantidade de vendas, variação idêntica à apurada no mês anterior. Somado a isso, o número de estabelecimentos comerciais que efetivaram transações em junho de 2021 foi 3,1% inferior ao observado no mesmo mês de 2019.

“Esses números representam, em termos de impacto, grande similaridade com o terceiro trimestre de 2020, quando o consumo em restaurantes registrou, em média, queda de 27,4%. Isso repercute a recuperação do consumo em relação à queda nos respectivos trimestres anteriores”, destaca Cesario Nakamura, presidente da Alelo. “Os números também expõem a esperança de meses com maior flexibilidade no futuro”, pontua.

Em relação aos Índices de Consumo em Supermercados (ICS), os dados de junho indicam que o segmento encerrou o período com queda de 14,6% na quantidade de vendas, tendo como base o mesmo período de 2019. Já o número de estabelecimentos que realizaram pelo menos uma venda registou alta de 1,9%.

Segundo os pesquisadores da Fipe, é possível concluir que, tal como no caso dos supermercados, a análise dos últimos resultados confirma uma trajetória de recuperação do segmento muito similar ao que foi observado após a primeira onda da pandemia em 2020, com a reabertura dos estabelecimentos em paralelo à manutenção da cautela da população com o consumo diante do avanço da vacinação e a incerteza com novas cepas.

Vale destacar que os Índices de Consumo em Supermercados (ICS) acompanham as transações realizadas em estabelecimentos como supermercados, quitandas, mercearias, hortifrútis, sacolões, entre outros; e os Índices de Consumo em Restaurantes (ICR) apontam a evolução do consumo de refeições prontas em estabelecimentos como restaurantes, bares, lanchonetes, padarias, além de serviços de entrega (delivery) e retirada em balcão/para viagem (pick-up). Ambos são calculados com base nas operações realizadas a partir da utilização dos cartões Alelo Alimentação e Alelo Refeição, em todo território nacional. Além disso, é importante assinalar que a escolha do ano de 2019 para o cálculo dos impactos do consumo se dá pelo fato de que esse ano foi a última referência completa de um período dentro da normalidade da atividade econômica, que ocorreu antes da pandemia.

Dados regionais

Em termos regionais, a análise dos resultados revela que o processo de reabertura e recuperação do consumo é marcado por diferenças relevantes que podem estar associadas ao nível da crise econômica e sanitária, ao calendário de vacinação, bem como a especificidades regionais relacionadas aos hábitos de consumo, como a contribuição econômica de atividades turísticas.

Adotando como parâmetro o valor gasto em restaurantes, o segmento mais fragilizado pela pandemia, é possível evidenciar um maior impacto na região Centro-Oeste (-32,1%) do Brasil. Entre as demais, a queda no valor total gasto em junho foi de: região Nordeste (-29,6%), Sul (-27,9%), Sudeste (-27,1%) e Norte (-26,2%).

Individualmente, com exceção apenas de dois estados – Acre (+5,9%) e Roraima (+0,2%) – todas as demais unidades federativas exibiram queda no consumo em restaurantes em relação ao nível apurado para o mesmo período de 2019. Os estados que tiveram os piores resultados foram: Rio de Janeiro (-37,5%), Distrito Federal (-36,9%), Bahia (-35,7%), Piauí (-34,6%), e Tocantins (-33,3%), contrapondo-se àqueles que apresentaram menor retração no consumo: Rondônia (-5,7%), Sergipe (-11,9%), Alagoas (-15%) e Pará (-16,8%). Entre outras unidades federativas, vale mencionar os impactos registrados em: São Paulo (-24,8%), Minas Gerais (-25,2%), Paraná (-30,5%), Santa Catarina (-20,9%), Rio Grande do Sul (-31,2%) e Pernambuco (-28,4%).

Metodologia dos índices

Todos os índices foram elaborados e depurados com base em critérios estatísticos para garantir a consistência e a interpretação dos resultados ao longo do tempo:

 Amostra: todos os índices são calculados a partir de dados diários de transações realizadas em estabelecimentos comerciais distribuídos por todo o território nacional, entre 1 de janeiro de 2018 e 30 de junho de 2021.

 Valores atípicos: para evitar oscilações nos índices decorrentes de eventuais entradas ou saídas de empregadores de grande porte na base de dados, observações associadas a empresas que se enquadram nesses critérios foram desconsideradas nos cálculos.

 Sazonalidade: foram adotados os seguintes procedimentos para mitigar a influência de fatores sazonais: (i) cálculo de média móvel de 7 dias (dados do dia observado e dos 6 dias anteriores a ele), eliminando assim os efeitos dos dias úteis e finais de semana sobre as séries; (ii) identificação e filtragem de fatores sazonais relacionados ao comportamento das séries em dias específicos dentro de cada mês (1º dia, 5º dia, 10º dia…), por conta do calendário de recarga e distribuição temporal do uso dos benefícios nos estabelecimentos no período.

 Inflação: os dados relativos ao consumo em valor foram deflacionados com base na variação mensal do Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), calculado e divulgado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

 Influência de outros fatores: os impactos apresentados não excluem a influência de fatores, eventos e políticas coincidentes com a pandemia sobre o comportamento e hábitos de consumo da população ao longo do período de análise. Todavia, levando-se em conta o caráter inesperado das medidas restritivas instituídas a partir de março, na maior parte das grandes cidades, bem como o padrão comportamental dos índices nos anos precedentes, é possível relacionar as variações atípicas observadas no comportamento das séries à pandemia da Covid-19.

 Frequência: todos os índices são apresentados com frequência diária para todo o período disponível da amostra, tendo por referência inicial (base 100) a média diária em janeiro de 2018. Os impactos calculados estão disponíveis para todos os dias, quinzenas e meses de 2020.

 Recorte geográfico: os impactos – apresentados como percentuais de variação dos índices em relação à média observada em 2019 – consideram os seguintes recortes: (i) média nacional (Brasil); (ii) Médias das 5 regiões (Sul, Sudeste, Centro-Oeste, Norte e Nordeste); (iii) Média dos 26 estados e Distrito Federal (27 unidades federativas).