Cartão de crédito é maior vilão do endividamento dos brasileiros

O cartão de crédito segue sendo um dos maiores responsáveis pelo endividamento dos brasileiros. Segundo uma pesquisa realizada no início deste ano pela Associação Brasileira de Defesa do Consumidor (Proteste), 81% das pessoas consideram o mau uso do cartão como o principal responsável pelo descontrole das finanças, superando até mesmo a pandemia, que apareceu em segundo lugar, citada por 68% dos entrevistados.

Segundo o professor Leandro Silva, que é coordenador dos cursos de gestão EAD no Centro Universitário Newton Paiva, o principal fator que contribui para esse resultado é que muitos se esquecem de que se trata de um empréstimo. “Parece óbvio, mas ainda assim é comum encontrar pessoas que têm limites de crédito superiores ao próprio salário”, analisa.

Segundo ele, o grande perigo desse desequilíbrio entre gasto e receita é quando resulta em parcelamento da fatura. Isso porque as operadoras de crédito no Brasil trabalham com custo efetivo total (CET) de 452% de juros ao ano. Na prática isso significa que uma dívida de R$ 1.000 pode se transformar em uma de R$ 4.520 em um período de 12 meses.

“Diante desse cenário, o ideal é que o consumidor faça um planejamento financeiro mensal, deixando reservada a quantia necessária para pagamento integral da fatura. O parcelamento nesses casos resultaria em uma dívida muito difícil de ser quitada a longo prazo”, orienta o professor.

Outro fator que contribui muito para o endividamento é a falta de controle por parte do consumidor. Segundo uma pesquisa da Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL) com o SPC Serasa, três em cada 10 brasileiros não sabem ao certo o quanto gastam com cartão de crédito a cada mês.

Já a segunda edição do “Mapa Inadimplência e Renegociação de Dívidas no Brasil”, estudo mensal divulgado pela Serasa sobre o cenário de endividamento no país, traz boas notícias para o mercado: pelo segundo mês consecutivo houve uma queda no número de inadimplentes no Brasil. Já quando comparado ao ano anterior, houve uma diminuição de 3% no número de inadimplentes no mês de junho.

Seguindo a tendência de queda, o valor total das dívidas dos inadimplentes caiu para R$ 245,9 bi, uma média de R$ 3.934,38 por pessoa e R$ 1.163,52 por dívida. Com relação aos segmentos, as dívidas estão relacionadas principalmente com banco/cartão, varejo e utilities, este último com destaque para o aumento comparado ao último mês. Já no recorte regional, São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais permanecem como os estados onde há mais devedores, mas também são os lugares com maior concentração de dívidas negociadas no Serasa Limpa Nome, maior plataforma de renegociação de dívidas do país: ao todo, mais de R$ 3 bilhões foram concedidos em descontos nos acordos realizados em junho.

De acordo com Nathalia Dirani, gerente de marketing da Serasa, o objetivo da empresa é tornar a vida financeira dos brasileiros cada vez mais saudável e para isso é essencial entender como está o momento atual dos consumidores e do mercado. “Em junho, por exemplo, o nosso estudo apontou que as dívidas no segmento de utilities apresentaram um dos maiores crescimentos em representatividade dos últimos 12 meses. Outro dado interessante que percebemos no levantamento, é que quando analisamos os perfis dos inadimplentes no Brasil, a divisão entre gêneros é praticamente igual entre mulheres (50,1%) e homens (49,9%), mas esse número não se mantém entre aqueles que fecharam algum acordo para a negociação de dívidas em junho, quando mais mulheres pagaram suas dívidas (54%)”.

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