A lipoenxertia é uma abordagem cirúrgica popular para o rejuvenescimento, mas um novo estudo publicado no Aesthetic Surgery Journal analisa que o procedimento pode melhorar a acne em alguns pacientes.
De acordo com o estudo, médicos perceberam que alguns pacientes com acne se beneficiaram do tratamento rejuvenescedor com gordura, então os pesquisadores decidiram analisar o mecanismo de ação pelo qual essa melhora ocorre. “A lipoenxertia facial pode melhorar as lesões inflamatórias da acne e um indicativo do mecanismo de ação se deve pelo fato de a gordura ser rica em células-tronco que reduzem as respostas inflamatórias”, afirma a médica.
Segundo o cirurgião plástico Dr. Paolo Rubez, membro titular da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica e da Sociedade Americana de Cirurgia Plástica (ASPS), como a gordura é do próprio paciente, a técnica é biocompatível e não há os riscos de rejeição. “E, mesmo sabendo que cerca de 50% do material enxertado pode ser absorvido pelo organismo, a quantidade restante é repleta de células-tronco capazes de melhorar a qualidade e o aspecto da pele”, afirma o cirurgião plástico. “O primeiro passo é retirar a gordura de outra região, que pode ser dos culotes, partes internas ou externas das coxas, costas ou abdômen — sendo que esta última área é a mais comum. O procedimento é feito através de uma cânula que fará a lipoaspiração do material, levando-o para um recipiente separado. Nele, o médico eliminará partes desnecessárias para que a gordura fique limpa e pronta para ser enxertada no local desejado”, afirma o médico. Logo após, a gordura é injetada na região facial. O procedimento é feito sob anestesia local e sedação ou anestesia geral quando associado a outras cirurgias.
No estudo, fotografias digitais pré e pós-operatórias foram examinadas retrospectivamente em 229 pacientes submetidos à lipoenxertia para comparar o número de lesões inflamatórias de acne. O número de lesões inflamatórias de acne antes e depois do tratamento foi medido. Dos 229 pacientes avaliados retrospectivamente que foram submetidos à lipoenxertia, 22 tinham acne e tinham dados de acompanhamento completos; nestes pacientes, o número de lesões de acne foi significativamente menor depois do que antes do tratamento.
Segundo a Dra. Paola, apesar do estudo, essa não deve ser a primeira opção de escolha para o tratamento da acne. A médica explica que pessoas com acne inflamada leve podem se beneficiar do uso de tratamentos que contêm peróxido de benzoíla, adapaleno ou ácido salicílico. “O objetivo do tratamento da acne é minimizar futuras crises e ajudar a prevenir cicatrizes e sofrimento emocional. Isso pode ser especialmente comum entre pessoas com acne grave. Os médicos podem tratar a acne inflamada com terapias via oral ou tópicas de antibióticos, que podem ajudar a matar as bactérias da acne e acalmar a inflamação, além do uso oral de pílulas anticoncepcionais em pacientes mulheres para ajudar a equilibrar hormônios que causam crises de acne; no caso de casos mais graves, terapias de laser ou de luz, probióticos por via oral ou isotretinoína podem ser usados”, explica a médica. “O tratamento com injeção de gordura poderá ser uma opção principalmente para pacientes de acne adulta que precisam rejuvenescer e melhorar os sinais de inflamação”, finaliza a Dra. Paola.
FONTES:
*DRA. PAOLA POMERANTZEFF: Dermatologista, membro da Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD) e da Sociedade Brasileira de Cirurgia Dermatológica (SBCD), tem mais de 10 anos de atuação em Dermatologia Clínica. Graduada em Medicina pela Faculdade de Medicina Santo Amaro, a médica é especialista em Dermatologia pela Associação Médica Brasileira e pela Sociedade Brasileira de Dermatologia, e participa periodicamente de Congressos, Jornadas e Simpósios nacionais e internacionais. http://www.drapaola.me/
*DR. PAOLO RUBEZ: Cirurgião plástico, membro titular da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica, da Sociedade Americana de Cirurgia Plástica (ASPS) e da International Society of Aesthetic Plastic Surgery (ISAPS), Dr. Paolo Rubez é Mestre em Cirurgia Plástica pela Escola Paulista de Medicina da UNIFESP. O médico é especialista em Cirurgia de Enxaqueca pela Case Western University, com o Dr Bahman Guyuron (em Cleveland – EUA) e em Rinoplastia Estética e Reparadora, pela mesma Universidade, e pela Escola Paulista de Medicina/UNIFESP. http://drpaolorubez.com.br/