O vírus do herpes pode ser um fantasma que assombra silenciosamente, tanto quem é hospedeiro da doença quanto quem nunca teve contato com ela. Silencioso, ele é de muito fácil contágio e de difícil prevenção. E, uma vez infectado, manifesta-se quando os gatilhos entram em ação e aparecem as crises. Como prevenir e tratar?
Por ser de fácil contágio, a prevenção da infecção pelo vírus do herpes tipo 1 é bastante difícil. Segundo o Dr. Alexandre Fabris, médico membro titular da Sociedade Brasileira de Dermatologia, a grande maioria das pessoas na idade adulta apresenta positividade sorológica para esse vírus, o que dificulta ainda mais a prevenção do contágio, que se dá através de contato direto ou através de gotículas de saliva liberadas durante a fala de uma pessoa infectada para uma pessoa sã, muitas vezes ainda na infância. Já a prevenção de infecção do herpes tipo 2 é mais simples, através de medidas como uso de preservativos e redução do número de parceiros sexuais.
Uma vez infectado, o indivíduo deve procurar evitar situações que levam ao desencadeamento das crises. “Situações como a de exposição solar sem uso de protetor solar, estresse intenso, privação de sono e alguns alimentos ricos em arginina, como, por exemplo, nozes, pipoca, gelatina e chocolate, devem ser evitadas, pois são gatilhos importantes para o surgimento das crises”, explica o dermatologista.
Ainda que a transmissão seja maior quando o portador apresenta lesões clinicamente visíveis, estudos mostram que a transmissão do vírus de uma pessoa infectada para uma não infectada pode ocorrer mesmo quando o portador é assintomático. Segundo Dr. Alexandre, normalmente a apresentação da doença pode ser bastante severa, com lesões acometendo a pele ao redor da boca, lábios e mucosa oral. “As recorrências geralmente são mais brandas e podem apresentar alguns sintomas antes do aparecimento, os chamados pródromos, caracterizados por sensação de formigamento, pinicação e ardor local.”
Uma boa forma de prevenção é a alimentação. “Pacientes que apresentam crises de herpes de repetição devem evitar alimentos ricos em arginina e preferir alimentos ricos em lisina como, por exemplo, leite, feijões, lentilhas, carne vermelha, frango e peixes. Quando aumentamos a ingestão desse aminoácido, há redução da quantidade de arginina intracelular e, portanto, menor substrato para a replicação do vírus. Alguns estudos demonstraram que em indivíduos que apresentam crises de repetição, a suplementação de lisina reduz significativamente o número de crises de herpes, além de acelerar a cicatrização das feridas, reduzindo o tempo de cura das lesões”, completa Dr. Alexandre.
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