Paraná lidera doação de órgãos, mas número pode aumentar com consentimento em vida

Por João Nicoluzzi*

O Setembro Verde nos recorda, anualmente, a importância da doação de órgãos para salvar vidas. No Paraná, 2.459 pessoas aguardam por uma doação. Felizmente, nosso estado lidera – há alguns anos – a lista dos que mais realizam o procedimento no país. E temos a satisfação de contribuir com boa parte desses transplantes no Hospital Angelina Caron (HAC), instituição líder em transplantes no Paraná.

Mas a doação de órgãos ainda é um tabu na sociedade e os números têm muito o que melhorar diante da enorme demanda por parte de pacientes que têm nesse complexo procedimento sua única chance de uma vida mais saudável e produtiva.

Ao todo, nosso estado registrou 33 doações por milhão de população (pmp) em 2021 – sendo que média do Brasil é pouco mais do que um terço disso, na faixa de 13,7 pmp. Neste ano, foram 213 doações efetivas, que resultaram em 353 transplantes de órgãos e 365 transplantes de córneas.

Os resultados são reflexo das ações para a conscientização e reflexão das famílias. Precisamos continuar sensibilizando a população para a necessidade da doação de órgãos e mostrar quantas vidas podem mudar.

2021 traz também dois marcos dignos de comemoração no Hospital Angelina Caron: há dez anos, o HAC realizava o primeiro transplante de fígado no país com dois doadores vivos adultos. E apenas duas décadas mais tarde, ultrapassamos a marca de 600 transplantes hepáticos realizados pelo nosso Serviço de Transplantes.

Esse desempenho, que reputamos vitorioso, apesar de todas as dificuldades, é resultado das ações continuadas contra a desinformação e para dissipar alguns temores que ainda envolvem a doação de órgãos, principalmente de familiares de pessoas falecidas que são potenciais doadoras.

Paraná lidera doação de órgãos, mas número pode aumentar com consentimento em vida
João Nicoluzzi é médico e responsável pelo Serviço de Transplantes do Hospital Angelina Caron.

Como ser um doador

A Secretaria de Estado da Saúde e o Sistema Estadual de Transplantes reforçam a importância da conscientização da doação de órgãos por meio da campanha Setembro Verde. Mas ao longo do ano, o trabalho de captação não para. Após a morte encefálica de um paciente, as equipes envolvidas no processo procuram os familiares e explicam sobre a possibilidade da doação dos órgãos.

Infelizmente, apesar do crescimento no número de doações, a quantidade de negativas continua alta. Por isso, a conversa com a família é fundamental para reduzir a rejeição.

Segundo dados do Ministério da Saúde, o Brasil possui o maior sistema público de transplantes do mundo. Atualmente, cerca de 96% dos procedimentos de todo o país são financiados pelo SUS. Em números absolutos, o Brasil é o 2º maior transplantador do mundo, atrás apenas dos Estados Unidos.

Qualquer pessoa pode doar órgãos. Para doadores vivos, é preciso concordância e que o procedimento não prejudique sua saúde. Pessoas em vida podem doar um dos rins, parte do fígado, do pulmão ou da medula óssea. Já para doadores falecidos, é necessário que seja constatada morte encefálica e que ocorra o consentimento da família. Esse consentimento será facilitado se em vida a pessoa já tiver declarado amplamente o seu desejo de ser um doador. Por isso, essa é uma providência que todos nós podemos adotar, em benefício da saúde e da vida do nosso próximo.

*João Nicoluzzi é médico e responsável pelo Serviço de Transplantes do Hospital Angelina Caron.

Sobre o Hospital Angelina Caron

Hospital Angelina Caron tem como missão atender plenamente os seus mais diversos públicos, de forma igualitária, humanizada e integral. Localizada ao lado de Curitiba, em Campina Grande do Sul, a instituição é um centro médico-hospitalar de referência no Sul do Brasil. Tem como pilares os mais rigorosos princípios éticos e o compromisso social, além de 38 anos de tradição para oferecer a melhor promoção em saúde e possibilitar a retomada da qualidade de vida. O HAC realiza mais de 400 mil atendimentos por ano em pacientes de todo o país, incluindo particulares e por convênios, sendo um dos maiores parceiros do SUS no Estado. Com investimentos frequentes em tecnologia e equipamentos de última geração, o hospital atua em todas as vertentes da medicina, conta com Serviço de Transplantes de Órgãos reconhecido internacionalmente e é um centro tradicional de fomento ao ensino e à pesquisa.