Você procrastina seu papel protagonista no cuidado com a natureza?

Ana Lucia Zattar Coelho (*)

Os cuidados com o meio ambiente já deveriam fazer parte da rotina de cada cidadão. Isso porque, apesar dos problemas ligados à sustentabilidade se apresentarem de forma gigantesca e avassaladora – e causarem forte sensação de impotência na população –, cada um de nós pode contribuir para amenizar os problemas da natureza por meio de pequenas mudanças em nossos hábitos diários.

Um dos nossos grandes desafios atuais é a questão das mudanças climáticas. Consequências da crescente atividade humana, elas têm se apresentado em forma de acontecimentos inusitados como altas temperaturas em locais de clima frio (e vice-versa), ou em enchentes, secas, incêndios, tempestades, grandes ondas, dentre outros. E, segundo o relatório do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas da ONU, a temperatura do planeta Terra deve aumentar 1,5°C nas próximas duas décadas. Em uma perspectiva otimista.

Esse relatório afirma também que essa é uma mudança sem precedentes e que a atividade humana foi a grande responsável pelo acontecido. E aponta a necessidade de uma grande redução na emissão de gases que provocam o efeito estufa, narrativa que não é novidade. Os ODS (Objetivos de Desenvolvimento Sustentável) traçados também pela ONU já traziam vários apelos globais com propostas de ações para solucionar problemas de diversas naturezas e, dentre eles, está o item 13 de combate às alterações climáticas.

Ou seja, o caminho já sabemos faz tempo: quaisquer alterações nas nossas atividades que reduzam a emissão de gases contribuem para amenizar o problema. Contudo, além das recomendações mais conhecidas (redução da produção de resíduos e economia de energia e água), há seis práticas corporais que podem se tornar uma saída.

Trocar o carro pela bicicleta ou ir a pé (1). É a oportunidade de ir à padaria, ou dar um passeio pelo bairro com a opção mais saudável para o corpo e para o planeta. Incentivar mais caminhadas e pedaladas coletivas (2) também pode ajudar, pois a concentração de poluentes na atmosfera diminui e sabe-se que a poluição, além de contribuir com o aquecimento global, é um dos fatores de risco para problemas de saúde. Ou então experimentar ir de escada e evitar a utilização do elevador (3), mesmo que seja de vez em quando.

Outra prática é levar sua própria garrafinha de uso permanente (4) quando vai trabalhar ou se exercitar. Na verdade, o ideal é, sempre que possível, recusar o plástico de uso único que leva tempo para se decompor e usa combustíveis fosseis na fabricação. Reduzir o desperdício de alimentos e adotar uma dieta rica em plantas (5) fará bem não apenas à sua saúde, mas ao meio ambiente também. Por curiosidade, a comida desperdiçada corresponde a 8% das emissões globais de gás metano, de acordo com a FAO (Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura). E tem ainda a possibilidade de analisar suas próprias práticas cotidianas e monitorar sua pegada de carbono (6) para medir seu impacto na natureza a partir da quantidade de dióxido de carbono que emite. Acompanhar seu próprio índice pode ser revelador.

O aquecimento global está intimamente ligado à pegada de carbono que cada um de nós produz. Por isso devemos começar agora com mudanças em nós mesmos, nos hábitos, atitudes e escolhas. Não tem desculpa. O planeta Terra grita por socorro e tem muita coisa a ser feita, chega de ficarmos procrastinando o nosso protagonismo. Todas essas ações estão ao nosso alcance e não adianta mais fingir que o problema não é conosco, que só acontece no noticiário. Estamos todos vivenciando os eventos de desequilíbrio que batem em nossas portas e apresentam-se de alguma forma. O amanhã é agora. O amanhã já chegou!

(*) Ana Lucia Zattar Coelho é Especialista em Meio ambiente e saúde e professora da Área de Linguagens Cultural e Corporal do Centro Universitário Internacional UNINTER