Com mais de 10 milhões de obesos no país, cirurgia bariátrica robótica se destaca como alternativa para uma recuperação mais rápida

Cirurgião curitibano explica os benefícios para os médicos e pacientes nos procedimentos realizados por meio do robô Da Vinci

Dr. Giorgio Baretta

A cirurgia robótica está revolucionando o tratamento e recuperação de pacientes em Curitiba. Desde meados de 2020, quando recebeu o robô Da Vinci, a tecnologia mais testada e validada nos países de primeiro mundo, o Pilar Hospital oferece aos pacientes e médicos todos os benefícios da cirurgia minimamente invasiva realizada por meio dessa inovadora tecnologia.

Uma das aplicações de mais destaque é para a realização de cirurgias bariátricas. O cirurgião Dr. Giorgio Baretta foi o primeiro a utilizar a nova tecnologia no Paraná. Segundo ele, a cirurgia robótica pode auxiliar tanto o cirurgião quanto o paciente quando se trata de bariátrica. “O cirurgião porque, pelo robô, temos uma visão tridimensional e não bidimensional como na laparoscópica, e isso gera um aumento gigantesco da visão do profissional dentro do abdômen, um aumento de até 20 vezes na imagem. Além disso, outro benefício é a ergonomia, pois operamos sentados, e os movimentos que fazemos no robô são mimetizados no paciente, já que o Da Vinci reproduz os sete movimentos do nosso punho, o que não temos na laparoscópica, e isso deixa a cirurgia mais precisa, menos traumática, gerando mais benefícios para o paciente, como diminuição da dor e uma alta geralmente mais precoce, além de um retorno do paciente às suas atividades mais rápido do que nas outras técnicas”, avalia.

Conforme o especialista, essa é uma evolução da tecnologia. “Saímos da cirurgia aberta para a laparoscópica e agora a robótica. Todas têm sua indicação e as suas particularidades, mas, claro, se o paciente tem a oportunidade de fazer pelo robô e o cirurgião é capacitado e o hospital oferece o Da Vinci para os procedimentos, será sempre uma ótima opção devido ao avanço dessa tecnologia, considerada o que há de mais moderno na área”, diz.

            O que o cirurgião observa, semanalmente, nas cirurgias que realiza nos pacientes no Pilar Hospital, é que grande parte tem perfil para o procedimento robótico, seja ela primária, ou a revisional, que é uma reoperação. “Tendo o paciente a indicação para a cirurgia bariátrica, o hospital tenha o robô e o cirurgião seja habilitado e capacitado na sua utilização, certamente essa será a melhor opção para o paciente, já que ele poderá, geralmente, voltar mais rapidamente para as suas atividades do dia a dia, seja trabalho, estudos ou, até mesmo, cumprir as etapas do seu tratamento”, comenta.

Dados do Brasil

Cerca de 10 milhões de brasileiros estão no nível de obesidade em que a redução de estômago é o tratamento mais adequado. Mas, segundo a Sociedade Brasileira de Cirurgia Bariátrica, no ano passado (2020), devido à pandemia e as limitações na realização de cirurgias não emergenciais, os procedimentos feitos pelo SUS, por exemplo, não chegaram a 1% desse número, caiu em 69,9% em um ano, saindo de 12.568 em 2019, para 3.772 em 2020. Em 2021, até o mês de maio, foram realizadas 484 cirurgias pelo Sistema Único de Saúde.

Na saúde suplementar, por meio de planos de saúde, foram realizadas 52.699 cirurgias em 2019 segundo a Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS). “Os mais recentes estudos realizados no mundo comprovaram que a perda de peso proporcionada pela cirurgia bariátrica reduz em 48% o risco de mortalidade por covid-19, diminui em 113% o risco de internação, em 74% o risco de UTI e em 64% o risco de intubação”, aponta o presidente da Sociedade Brasileira de Cirurgia Bariátrica e Metabólica (SBCBM), Fábio Viegas. “Cirurgia bariátrica não é cirurgia estética. Precisamos pensar que os pacientes com obesidade grave, reduzem a cada dia suas chances de vida”, diz Viegas.

No Brasil, a cirurgia bariátrica pode ser indicada quando os pacientes atendem a critérios de peso, idade e/ou doenças associadas. Estão aptos os pacientes com Índice de Massa Corporal (IMC) acima de 40 kg/m², independentemente da presença de comorbidades; IMC entre 35 e 40 kg/m² na presença de comorbidades; IMC entre 30 e 35 kg/m² na presença de comorbidades que tenham obrigatoriamente a classificação “grave” por um médico especialista na respectiva área da doença.

A idade também é fator a ser analisado. Pacientes entre 18 e 65 anos não têm restrição. Além disso, a realização de cirurgia bariátrica para essa faixa etária está autorizada segundo a nova portaria da ANS 465/2021. Acima de 65 anos, o paciente deverá passar por uma avaliação individual. Em pacientes com menos de 16 anos, o Consenso Bariátrico recomenda que a operação deve ser consentida pela família ou responsável legal e estes devem acompanhar o paciente no período de recuperação.